Cidades

PMs são presos por trocar detido por galinha

GALINHAOs 12 policiais militares presos na operação ‘Novos Rumos’ receberam dinheiro, queijos e até galinhas para liberar suspeitos de cometer crimes e permitir o tráfico de drogas na região metropolitana de Natal. As descobertas foram feitas por meio de interceptações telefônicas e escutas instaladas dentro de um carro do 9º Batalhão da Polícia Militar. O conteúdo está transcrito no pedido de decretação de prisões preventivas, indisponibilidade de bens e afastamento de sigilo de dados fiscais feito Ministério Público à Justiça potiguar. O G1 teve acesso aos documentos, que tiveram o sigilo levantado nesta quarta-feira pela 11ª Vara Criminal. Um diálogo travado dentro do carro 294 do 9º Batalhão da Polícia Militar é usado pelo MP para ilustrar a série de crimes praticada pelos PMs. Na conversa, os policiais afirmam que “honestidade não vale nada” e questionam por quê eles deveriam ser honestos “se os políticos não são”.

O mesmo carro, segundo o Ministério Público, foi usado para cometer os crimes de associação criminosa, tortura, corrupção passiva, receptação, furto, roubo e prevaricação entre 2014 e 2015. O MP começou a investigar os policiais militares após denúncias de corrupção passiva, no qual os suspeitos estariam recebendo dinheiro para permitir o funcionamento de casas de jogos ilegais. Além disso, os doze PMs também estariam oferecerem serviços de segurança privada em estabelecimentos comerciais valendo-se de recursos que deveriam ser empregados na prestação do serviço público de segurança, como armas e carros da corporação. Para fundamentar o pedido de prisão preventiva, quebra do sigilo financeiro, sequestro dos bens imóveis e apreensão de bens móveis dos policiais investigados, os promotores alegaram que todos possuem um “alto grau de periculosidade, o que impõe temor em toda a sociedade” – visto que utilizam a farda da Polícia Militar para cometerem os mais diversos crimes – e que também “demonstram ter uma rede de contatos que terminam por favorecê-los tanto no meio policial quanto entre os criminosos”.

Galinhas, queijos e iPhones – No dia 5 de maio deste ano, em uma abordagem de rotina, os PMs encontram munição no carro de um homem não identificado em Parnamirim, na Grande Natal. Ao em vez de prender o homem, os policiais aceitaram duas galinhas e R$ 60 para liberar o suspeito do crime. Em seguida, dois PMs conversam. “Queres vender a tua? Para eu colocar lá no quintal para comer o mato”, questiona um deles. O outro recusa a oferta: “Não! Vou ficar com ela! Vem Dias das Mães aí!” Em outra abordagem, os PMs encontraram uma pistola no carro de um vendedor de queijos em Parnamirim. Para liberar o suspeito do crime, R$ 1.200 e queijos que estavam no carro foram aceitos como pagamento. Além do pagamento, os PMs ficaram com a pistola apreendida e comercializaram a arma com outro policial. Dois PMs conversaram sobre o caso depois. “Ei! Quer comprar um queijinho?”, pergunta um deles. “Roubaram queijo boy?”, rebate o outro PM. “Peguemos uma pistola ali”, conclui o primeiro policial. Da mesma forma os policiais militares foram flagrados em interceptações telefônicas tentando comercializar cinco iPhones apreendidos na casa de um suspeito de roubo.”Homi, tu vai pegar isso é? Depois rastrear essas merdas, aí você tá fudido!”, questiona uma pessoa que conversa com o policial. Os PMs roubaram os celulares e mais R$ 2 mil do suspeito do crime, segundo o MP. As conversas transcritas pelo Ministério Público mostram novos casos de furto e roubo cometidos pelos policiais. Um deles o furto de um perfume de dentro do carro de um homem abordados pelos PMs. Em outra ocasião, um notebook roubado foi levado pelos PMs de um suspeito de roubo.

Operação Citronela – A ‘Operação Citronela’ foi realizada no dia 25 de setembro com o objetivo de combate a crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão e duas pessoas foram presas. Uma delas foi Joel Rodrigues da Silva, que possui condenação criminal por tráfico de entorpecentes, tendo constituído ao longo do tempo um vasto patrimônio distribuído em nome de terceiros e gerenciado de modo a ocultar a origem ilegal dos recursos. “Ao longo da investigação ficou comprovado que o grupo é responsável pela gestão de um elevado patrimônio, avaliado em mais de R$ 1 milhão, composto por automóveis de luxo, apartamentos, terrenos em condomínios de praias e em outros locais de alta valorização imobiliária, uma empresa de construção civil, dois salões de beleza e cafeteria em área nobre da capital”, afirmou o MP. Por fim, foi determinada a indisponibilidade dos bens dos investigados e das empresas utilizadas para lavagem de dinheiro. Também foram apreendidas armas, drogas e considerável quantidade de dinheiro.

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