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Surto de ‘vírus comedor de ânus’ no Japão é bactéria

Doença provocada por bactéria tem sido tratada de forma chula na web

A divulgação de que no Japão um ‘vírus comedor de ânus’ tem infectado pessoas, causando 30% das mortes dos que se contaminam, têm gerado um onda de preocupações em quem recebe a informação. O assunto tem dominado discussões na web, não se sabe ao certo, como a história começou, mas se tornou viral.

Mas será se de fato existe mesmo um ‘vírus comedor de ânus’? E será mesmo que essa doença está assolando o Japão? Isso é o que vamos descobrir ao longo deste antigo.

Temor de uma nova pandemia

Desde que surgiu o SARS-CoV-2 na China, ocasionando a Covid-19, que se espalhou pelo mundo inteiro, recebendo status de pandemia e gerando milhões de mortos, as pessoas entendem que doenças causadas por vírus, são perigosas e possuem potencial destruidor, tanto de vida como em economias de super potências.

Toda vez que aparece informação na Internet de um nova doença, as pessoas logo temem uma nova pandemia.

Após a Covid, as autoridades em saúde adotaram novos protocolos que são atualizados com frequência e que buscam justamente, evitar que uma nova emergência em saúde pública a nível global.

Não é novidade para ninguém que o mundo vive a eminência de uma nova crise sanitária global, é só uma questão de tempo até que apareça uma nova enfermidade, mas com certeza não será pelo “vírus comedor de ânus, que pelo visto até aqui, pode sequer existir.

vírus comedor de ânus
Síndrome do choque tóxico estreptocócico, é causada por uma bactéria. Sites e redes socais que a nomearam de ‘vírus comedor de ânus’) (Imagem: NIAID/CC-BY-2.0) Foto: Canaltech

‘Vírus comedor de ânus’ não é vírus é bactéria

O tal ‘vírus comedor de ânus’, que tem sido amplamente divulgado e com um tom de alarmismo nas redes sociais, na verdade é uma doença provocada por bactéria e uma velha conhecida dos cientistas.

O surto da doença em solo japonês é provocado pela chamada síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS), que é uma infecção bacteriana do tipo estreptocócico do grupo A. Essas bactérias tem capacidade de destruir os tecidos conjuntivos, necrosando a área. A bactéria libera toxinas, após infecção bacteriana por S. pyogenes ou S. aureus.

síndrome do choque tóxico estreptocócico
Em três meses, Japão confirmou mais de 500 casos de síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS) em 2024 — Foto: Reprodução

Surto de (STSS) em Tóquio

No ano passado Tóquio registrou uma taxa de mortalidade de 30% dos contaminados pela síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS), cientistas dizem ser que essa taxa é considerada alta, ao longo do 2023 foram 941 confirmações.

O pais tem registros da doença desde 1992, o pico de casos associados a Streptococcus pyogenes, ocorreu em 2019, quando foram registradas 894 infecções.

Como a doença é transmitida

Autoridades em saúde dizem que a transmissão da síndrome do choque tóxico estreptocócico ocorre por:

  • Gotículas respiratórias
  • Contato direto com feridas de pessoas infectadas

Até semanas atrás o Japão havia confirmado 517 casos de síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS), em 2024, e segundo a autoridade em saúde japonesa, é preocupante que ela esteja se espalhando rapidamente.

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A bactéria considerada “carnívora” e nomeada por populares “vírus comedor de ânus”, pode se proliferar pelo ânus, boca, narinas ou genitais. Em alguns casos ela pode ser assintomática, ou sintomas leves.

Sintomas

Em casos mais graves de síndrome do choque tóxico estreptocócico (STSS), afirma-se que as pessoas contaminadas apresentam os seguintes sintomas:

  • Febre alta;
  • Dor de garganta e inflamada;
  • Olhos vermelhos;
  • Diarreia;
  • Dores musculares;
  • Delírios;
  • Erupção cutânea que parece queimadura de sol que cobre todo o corpo;
  • Pele escamada;
  • Líquido se acumula nos tecidos ;
  • Inchaço;
  • Sangue não coagula.

Médicos dizem que a bactéria Staphylococcus aureus e Estreptococos do grupo A causam infecção comum de garganta que geralmente é tratada com Benzetacil, infecções de pele e febre reumática. Essa informação foi confirmada pelo médico infectologista Vinicius Borges, criador do perfil Doutor Maravilha.

Diante de um aumento de casos, por causas ainda não confirmadas, o Japão suspeita que uma variante chamada M1UK, esteja por trás das infecções. Recentemente a M1UK foi considerada altamente transmissível entre as bactérias estreptococos do grupo A.

Medidas de prevenção

É recomendado que seja evitado o contato com pessoas contaminadas.

Medidas de prevenção, adotadas no aparecimento da Covid-19, são fundamentais para controle da bactéria, lavar as mãos com frequência e usar máscara são as maiores exigências.

Vírus e bactérias possuem muitas diferenças.

Conteúdos sem fundamento preocupam

Desde que a informação de um suposto ‘vírus comedor de ânus’ se popularizou na internet, vários portais de notícias passaram a copiar o conteúdo e replicar, sem qualquer tipo de preocupação com as consequências que isso pode causar.

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O fato de citar o “ânus” tornou o assunto instigante, motivo de “brincadeiras” descabidas. O uso do termo chulo, estigmatiza um assunto sério.

O surto de (STSS) que se prolifera pelo ânus e outros orifícios é disseminado de forma pejorativa e preconceituosa. Isso pode fazer que com que pessoas contaminadas tenham diagnóstico tardio ou sequer busquem ajuda médica.

Todo conteúdo que envolve saúde pública precisa no mínimo que tenha a versão um médico especialista na área, ou que se tenha informação de autoridades em saúde, que no caso da STSS poderia ser o Japão, ou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

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