Planalto quer deixar Temer agir e se expor como um 'traidor'
Diante da carta que Michel Temer enviou à presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira, o governo adotou a estratégia de evitar ao máximo o confronto com o vice-presidente.
Conversas com opositores de Dilma Rousseff têm gerado um clima de desconfiança sobre a lealdade de Temer. Enquanto isso, Dilma continua afirmando que mantém a confiança no vice, com o objetivo de deixar para Temer a iniciativa de um possível rompimento.
No Planalto, o silêncio de Temer em relação ao pedido de impeachment tem construído a imagem de traidor, em vez de reforçar a postura esperada de um vice leal.
Interlocutores da presidente evitam criticar diretamente o vice, mas atribuem a postura obscura a um erro de parlamentares que estão no entorno do vice. Segundo informações do IG, para os ministros mais próximos, quem está ao entorno de Temer comete um erro básico na politica que é passar a imagem de conspiração, em vez de construir a ideia de um vice que sai mais forte do processo por ter ajudado Dilma a superar a crise política.
Além disso, a previsão é de que a base aliada consiga os votos suficientes para derrotar a proposta de impeachment ainda na comissão especial criada para votar o assunto.
Nas redes sociais, Dilma contava com 15% de menções positivas antes do pedido de impeachment ser encaminhado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); depois disso, Dilma obteve uma média de 25% de menções favoráveis.
A carta de Temer, enviada nesta segunda-feira à Dilma, foi comparada, nas redes sociais, à carta que o personagem Frank Underwood, vice-presidente dos EUA na série House of Cards, envia ao presidente, no final da segunda temporada. Tido como animal político, Underwood orquestrou toda uma estratégia que conduziu à renúncia do presidente, que enfrentava um possível impeachment.
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