Cotidiano

PFL baiano recebeu propina em compra de máquina para refinaria, diz Delcídio

Extinto PFL teria recebido dinheiro da corrupção.

democratasEm sua delação premiada, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) revelou que o PFL baiano, hoje Democratas, recebeu propina de um acordo que havia sido previamente estipulado entre nove e dez milhões de dólares (equivalente a quase R$ 40 milhões hoje) em propina na aquisição de máquinas da Alstom. No entanto, o parlamentar não soube confirmar o valor exato pago aos pefelistas na época. A operação foi realizada na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o então governador da Bahia, César Borges, na época PFL, aliado do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (ACM).
O Bocão News teve acesso ao depoimento do senador petista, que foi diretor de Gás e Energia entre 2000 e 2001. O parlamentar destaca, entre as compras junto à Alstom, a máquina GT24 que foi para a refinaria Landulpho Alves, sendo que o equipamento era de especial interesse do PFL da Bahia. Delcídio relatou que o contrato da Termo Bahia (OAS/Alstom) foi assinado, às pressas, na véspera de sua posse na Petrobras, por razões envolvendo interesses específicos de políticos baianos, que tinha como seu principal representante o então ministro de Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, um dos aliados mais importantes do ex-senador ACM.
Delcídio do Amaral conta que no governo de Fernando Henrique Cardoso foi implementado um programa que visava o racionamento de energia, denominado de Programa Prioritário de Termoelétricas (PPT), que foi criado para gerar 800mw. O programa foi encerrado assim que alcançou o limite. Para implantação do programa, a referida máquina GT24 foi adquirida para atender as necessidades da Refinaria Landulfo Alves, em São Francisco do Conde, no Recôncavo baiano. O equipamento apresentou uma “série de defeitos” e foi adquirido um dia antes de assumir a diretoria na estatal. O petista afirma ainda aquisição foi feita pela presidência da Petrobras e que o PFL baiano tinha interesse nessa compra. O dirigente da estatal na época era Henri Reichstul.
Conforme Delcídio, o “projeto foi todo articulado pela OAS que também é baiana e tinha laços fortes com o governo da Bahia”. “Todos os sinais eram claros de que havia ocorrido pagamento de propina na aquisição dessa usina”. O então diretor da OAS, Carlos Laranjeira, confirmou para Delcídio que existia interesse do PFL na aquisição das máquinas, e que, segundo ele, de 9 a 10 milhões de dólares foram separados para propina. Apesar de indicar o valor com recursos ilegais, Delcídio disse não saber o percentual desse valor que foi repassado ao PFL, mas acredita que “grande parte desse montante foi para o mencionado partido”.
Ainda em sua delação, o congressista diz que o ex-diretor de Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, participou dessa contratação porque era o gerente da área. “Como o declarante era de fora, praticamente teve que herdar um corpo técnico advindo de outras diretorias da Petrobras, casos de Landim, Graça e Cerveró”, mencionou. O ex-líder do governo no Senado diz acreditar ainda que pessoas da Petrobras teriam recebido propina da compra da máquina para a refinaria baiana junto à Alstom.
Ainda segundo Delcídio, o projeto de aquisição da máquina GT24 teria nascido no Ministério de Minas e Energia, comandada na época por Rodolfo Tourinho, falecido em maio de 2015, então aliado de ACM. Conforme ele, na contratação da GT24 o ministério agiu em “consonância” com a Petrobras e que o próprio ministro negociou os recursos com o BIRD. Delcídio disse que estranhou o fato do ministro ter se empenhando tanto pelo projeto. Segundo ele, não “era usual” e por isso andou com uma “velocidade incomum”. De acordo com Delcídio do Amaral, o então vice-presidente da Alstom, José Reis, participou da contratação da GT4. O petista não soube dizer, no entanto, o nível da participação do representante.
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Democratas
Presidente do Democratas na Bahia atualmente, o deputado federal José Carlos Aleluia disse que não há temeridade no partido com a delação do senador petista e ressalta que os beneficiados devem ser identificados. “Ele [Delcídio] tem que dizer o nome de quem recebeu no PFL. Pode ser que até já tenha sido expulso do partido. Agora, o partido não pode se defender sem saber onde isso ocorreu. Conheço Delcídio há muitos anos e nunca tratamos de acordo nenhum”, se defendeu.
“O César Borges é um homem honesto e foi retirado do Ministério dos Transportes porque não roubou e aceitou que roubassem. Rodolfo Tourinho é outro homem de bem. Não há temeridade quanto a isso”, minimizou.
A reportagem tentou localizar o ex-governador César Borges, mas não obteve êxito. Bocão News.
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