“O medo está presente no discurso da grande maioria dos pacientes”, alerta psicólogo no dia mundial do câncer

Receber um diagnóstico de Câncer ainda gera sentimentos negativos nos pacientes, que afetam o seu comportamento, modo de vida e podem resultar em questões relacionadas à saúde mental. Os impactos emocionais acontecem e a ajuda de um psicólogo é fundamental na condução do processo. Ansiedade e depressão estão entre os problemas psicológicos mais comuns entre os pacientes com câncer, mas é importante lembrar que as reações que o paciente tem diante do diagnóstico são individuais, alerta o psicólogo Douglas Oliveira, do Espaço Nelson Pires, Centro de Assistência à Saúde Mental, em Salvador. “Há pacientes que passam por todas as fases: negação, revolta, depressão, aceitação… E há os que já aceitam tudo muito bem desde o início. O medo está presente no discurso da grande maioria dos pacientes, medo de morrer, da cirurgia, da quimioterapia, dos efeitos colaterais, da perda do cabelo, de deixar os filhos. A maioria relata afastamento de pessoas próximas e decepção”, conta Douglas.

O paciente diagnosticado passa por uma série de possibilidades de perdas, que devem ser levadas em consideração: saúde, do cabelo, da autonomia, às vezes perda de um determinado lugar na família, do lugar de proativo na sociedade. Disso, explica o psicólogo, surge a angústia da incerteza de um perigo temido, que interfere não só na rotina do paciente, como no sentido das coisas.

É aí que entra a possibilidade de auxílio profissional com um psicólogo, que trata principalmente dos aspectos emocionais dos pacientes com câncer, ouvindo suas angústias, dúvidas, medos e desejos, e ajudando a enfrentar o tratamento. “O psicólogo pode realizar diversas intervenções junto ao paciente e seus familiares, como acolhimento e suporte psicológico no enfrentamento dos sentimentos que podem vivenciar durante esse processo, propiciando aumento da qualidade de vida e adequado bem-estar”, explica.

O suporte psicológico contribui diretamente para um melhor tratamento, diminuindo emoções e pensamentos negativos, sintomas de ansiedade e depressão não só do paciente, mas também dos familiares, e comportamentos de isolamento. Douglas explica que a psicologia oferece acolhimento e apoio nas dificuldades de adaptação aos efeitos biológicos, sociais e emocionais que o tratamento pode gerar, atuando como facilitador no processo de comunicação entre paciente e médico.

É possível afirmar que o acompanhamento psicológico pode auxiliar nos bons resultados do tratamento. Pesquisas mostram que o suporte psicológico durante todo o tratamento do paciente com câncer reduz significativamente o medo de recidiva da doença, ocorre a melhora na qualidade de vida e diminuição da ansiedade e angústia e redução dos sintomas depressivos.