Política

"Julgamentos do TSE e TCU são políticos", afirma Lídice

LIDICE - FORMALContrariando o posicionamento do PSB nacional de romper com o governo da presidente Dilma, a senadora Lídice da Mata, dirigente da sigla na Bahia, defendeu a permanência da chefe do Executivo federal no cargo e afirmou que não há embasamentos jurídicos para um pedido de impeachment. Dilma teve suas contas rejeitas à unanimidade pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e voltou a responder no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), numa ação de impugnação do seu mandato e o do seu vice, Michel Temer (PMDB), por possível abuso de poder político e econômico na eleição de 2014.
 
“Essas discussões ocorridas nos últimos dias entre a AGU [Advocacia Geral da União] e o Tribunal [de Contas da União] fizeram com que houvesse certo sentimento de corpo no TCU, que se manifestou nessa direção. Assim como a ação contra Gilmar Mendes levou um posicionamento no TSE também de manifestação de defesa de alguém que participa do corpo do Tribunal Superior Eleitoral, que leva a uma votação dos demais [membros].
Todos os dois julgamentos foram políticos. São dois tribunais políticos, que estão fazendo julgamentos políticos e que nós esperamos que, no contexto da política, ela [Dilma] também consiga resolver e superar essas dificuldades”, defendeu Lídice, em entrevista à Tribuna, ao apontar que as contas reprovadas pela corte de contas são referentes ao exercício de 2014. “O impeachment se justificaria por alguma infração ou erro cometido durante o mandato atual da presidente Dilma. Estamos falando das contas do mandato passado da presidente. E essas coisas precisam ficar claras para que não se manifestem posicionamentos que não correspondem ao que a Constituição determina”, opinou a senadora.
 
Lídice disse ainda que a reforma administrativa feita pelo Planalto “sinaliza um esforço” da líder nacional para tentar superar o atual momento que o país vive. “No Congresso, no entanto, na Câmara em específico, ela [Dilma] ainda não superou todas as dificuldades. As duas últimas reuniões do Congresso, com a sabotagem no quórum da Câmara, demonstra que é preciso haver negociações. Não é possível que o PMDB tenha sete ministérios e seja a principal bancada a estar ausente das duas sessões”, criticou.
Sobre a ida do ex-governador Jaques Wagner para a Casa Civil da Presidência, Lídice afirmou que o novo ministro deverá ter carta branca para atuar e saber fazer o que sabe: negociar. “Ele não pode fazer aquilo que, num contexto de equipe de governo, que inclui a própria presidente, não possa se viabilizar. O cargo é de coordenação do governo, do ponto de vista administrativo, mas não tenho dúvida que ele terá carta branca, até por que não creio que ele aceitasse se não fosse na condição de poder dar toda a sua capacidade de negociar para ficar à disposição do governo”, disse.
 
Para Lídice, é preciso ter “otimismo” para continuar na política e acreditar na possibilidade de construção de um cenário de superação da atual crise econômica, política e moral que o país enfrenta. “O presidencialismo é a razão das crises permanentes. A sua forma de organização leva a crises graves. Já tivemos uma primeira, com Collor, mas foi diferente porque Collor não tinha uma base social, Collor não tinha apoio no Congresso numa base sustentada em seu próprio partido, mas o PT tem enquanto partido para dar uma base política e social à sua presidente, e tem ga-nhos a mostrar ao Brasil nos seus 12 anos de governo. Além daquilo que todos não se cansam de repetir, inclusive seus adversários, que a presidente é uma mulher honrada”, defendeu. Questionada se acredita que a presidente Dilma irá cair, Lídice foi enfática: “Espero que não!”.

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