Saúde

As vacinas em “gotinhas” para polio podem estar com os dias contados

A mudança não vai retirar das campanhas a imagem do Zé Gotinha, que desde 1986 contribui nos esforços contra a doença.

O Ministério da Saúde deve mudar a aplicação da vacina contra a poliomielite e acabar de vez com as famosas gotinhas, que passariam a ser substituídas pela vacina injetável.

De acordo com informações compartilhadas pelo Bahia Notícias, a mudança não vai retirar das campanhas a imagem do Zé Gotinha, que desde 1986 contribui nos esforços contra a doença.

O esquema vacinal das crianças menores de cinco anos consiste, desde 2016, em um esquema primário, com vacina de vírus inativado de três doses —aos dois, quatro e seis meses. Já o reforço é feito aos 15 meses e aos quatro anos de idade, com a vacina oral de vírus atenuado, a famosa vacina “da gotinha”.

O Ministério da Saúde quer fazer a mudança para evitar uma possível volta da poliomielite por meio do vírus “mutante”, que em casos raros pode ser gerado pela vacina oral.

A vacina oral da poliomielite é composta pelos vírus da pólio vivo e enfraquecido. Dessa forma, ele prolifera no intestino do vacinado sem causar doença, protegendo-o —é depois eliminado pelas fezes.
Pode ocorrer, no entanto, uma situação considerada rara. O vírus vacinal pode sofrer mutações dentro do organismo da pessoa vacinada, tornando-se capaz de causar doença em quem não está vacinado após ser eliminado pelas fezes.

Segundo Isabella Ballalai, médica pediatra e diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), essa mudança já é preconizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Com a baixa cobertura vacinal, aqueles que não estiverem vacinados podem ser infectados pelo vírus presente em fezes e adoecer por causa desse vírus “mutante”. Nada acontece, porém, com quem está vacinado. Já a vacina injetável é produzida com o vírus inativado e não tem como causar doença —seja para quem está vacinado, seja para quem não está.

Ballalai acrescenta que a OMS recomenda que países como o Brasil passem a utilizar a vacina inativada (injetável) sempre que possível. A SBIm também orienta que essa seja a vacina de preferência na administração de todas as doses.

“Essa é uma mudança que muitos países já fizeram. Existe chance de o vírus voltar para o Brasil. Evitar colocar mais vírus no ambiente, que está com cobertura vacinal baixa, traz menos risco. É uma nova situação”, explicou.

O Ministério da Saúde ainda pautará o tema na CTAI (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização).

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