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Alerta: aumenta casos de sífilis no Brasil

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BBC/SCIENCE PHOTO LIBRARY

“Atendo no ambulatório CTR Orestes Diniz (Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecto-Parasitárias Orestes Diniz), um serviço ambulatorial do Hospital das Clínicas e da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, têm muitos pacientes com sífilis decorrente de transmissão vertical, ou seja, que passa de mãe para filho no período de gestação/gravidez”. Este depoimento é da médica Maria Gorete dos Santos Nogueira, pediatra, que atua em infectologia pediátrica, referência em assistência à saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte nos temas transmissão vertical, sífilis e sífilis congênita. Ela lembra que a sífilis é uma doença sexualmente transmissível e que, hoje em dia, a falta do uso de preservativos nas relações sexuais, inclusive no sexo oral, faz com que a doença seja disseminada. Se a mulher é infectada antes ou durante a gravidez e não receber o tratamento correto, as sequelas para o bebê são graves, frequentemente levando a abortamentos e óbitos após o nascimento. Só na capital mineira, entre 2017 e 2018, foram mais de 300 novos casos registrados de sífilis congênita (em bebês); mais de 600 gestantes contraíram a doença nesse mesmo período em Belo Horizonte e cerca de 3500 casos de sífilis adquiridos foram registrados na cidade.

A Drª Maria Gorete alerta que é uma doença silenciosa, tem sintomas no início, como feridas, principalmente nas regiões genitais e na boca (no caso do sexo oral), depois de um período de “aparente cura”, surgem as lesões de pele, que lembram também a vermelhidão da dengue, dentre outras, e desaparecem. Só que a pessoa continua infectada e, se não fizer o tratamento correto, que é oferecido em qualquer centro de saúde gratuitamente, novos sintomas podem aparecer muitos anos depois, bem mais agressivos, e podem provocar cegueira, doenças cardíacas e afetar o cérebro. Enquanto a pessoa infectada evolui com a infecção dessa forma, ela transmite a infecção sempre que tem uma relação sexual desprotegida, ou seja, sem uso de preservativos sexuais (camisinhas).

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“O foco na prevenção e eliminação da Sífilis Congênita tem despertado mais a atenção para a infecção na população em geral”, relata a Drª Maria Gorete e complementa dizendo que “é preciso tratar e abordar a infecção em qualquer fase em que ela se encontra e em pessoas em qualquer fase da vida”. Para isso tem sido amplamente disponibilizado, por parte do Ministério da Saúde, a testagem rápida realizada nas unidades de saúde, além dos exames de laboratório, capazes de diagnosticar a presença da infecção, mesmo em suas fases assintomáticas. Para ela, o MEDTROP-PARASITO 2019 é uma oportunidade para divulgar e discutir ações sobre a sífilis e suas complicações junto à comunidade acadêmica e aos profissionais de saúde que estarão mais capacitados para diagnosticar a doença, por isso a Drª Maria Gorete será uma das palestrantes do congresso para falar sobre sífilis.

 

Registros – De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em novembro de 2018, o número total de casos notificados no Brasil foi de 119.800, ano base 2017. No Brasil, a população mais afetada pela sífilis são as mulheres, principalmente as negras e jovens, na faixa etária de 20 a 29 anos.

Somente esse grupo representa 14,4% de todos os casos de sífilis adquirida e em gestantes notificados. Entre gestantes, ocorreram 49013 casos e o número de casos cresceu de 10,8 casos por 1 mil nascidos vivos em 2016 para 17,2 casos a cada 1 mil nascidos vivos em 2017. Já a sífilis congênita passou de 21.183 casos em 2016, para 24.666 em 2017 com uma taxa de 7,4 casos para cada mil nascidos vivos. Ocorreram 1205 abortamentos e nascidos mortos e 206 óbitos por sífilis congênita (em bebês) em 2017.

No mundo, mais de 12 milhões de pessoas têm sífilis, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e é considerada um problema de saúde pública.

 

Doença – A sífilis é uma doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível, causada pela bactéria Treponema Pallidum. Pode também ser transmitida verticalmente, ou seja, da mãe para o feto, por transfusão de sangue ou por contato direto com sangue contaminado.

 

Congresso –  O MEDTROP-PARASITO 2019 é a realização simultânea do 55º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, do XXVI Congresso Brasileiro de Parasitologia, da 34a Reunião de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e da 22ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses e do CHAGASLEISH 2019. O tema do congresso “Convergência e inclusão: em busca de soluções sustentáveis para o diagnóstico, tratamento e controle das doenças tropicais” abre perspectivas para a integração da ciência, educação e tecnologia buscando, na interdisciplinaridade, benefícios para a saúde, para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. De 27 a 31 de julho, na UFMG, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Fonte: – Maria Gorete dos Santos Nogueira, pediatra, que atua em infectologia pediátrica, referência em assistência à saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte nos temas transmissão vertical, sífilis e sífilis congênita.

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