Cotidiano

Promotor diz que amizade do prefeito com governador atrapalha Jaguaquara, ao criticar segurança

Prefeito rebate promotor e diz que Prefeitura banca segurança pública em Jaguaquara

promotor de jaguaquara
Foto: Blog Marcos Frahm

O discurso do promotor de Justiça, Lúcio Meira Mendes, na sessão da Câmara de Jaguaquara no noite desta quarta-feira (5), que debateu segurança pública, chamou a atenção pelas duras críticas direcionadas aos representantes políticos do Município, com alfinetadas ao governador Rui Costa, ao seu vice João Leão e ao deputado federal Cacá Leão, votados na cidade há anos.

 

O prefeito Giuliano Martinelli, que acompanhava sentado o discurso do promotor, foi um dos principais alvos das críticas. O maior constrangimento ocorreu quando o promotor se referiu ao prefeito como amigo do governador e, apesar desses laços estreitos, os benefícios não chegam a Jaguaquara, inclusive no que se refere a área de segurança pública.

 

Ao elogiar o trabalho da Cipe Central na região, e dizer que reconhece que a unidade instalada em Jequié é atuante, disse que sem o apoio político nada funciona e classificou o comandante da Cipe, Major Fábio Rodrigo, de amigo do governador, ao dizer que ”se tem um amigo do governador é o senhor, porque o prefeito passou vinte minutos numa rádio dizendo que era o melhor amigo do governador, ele e Lealdade [empresário da cidade e líder do PT local], mas não consegue trazer benefícios”, disse o promotor.

 

E as críticas continuaram. ”Essa amizade de vossa excelência com o governador tem servido só para atrapalhar Jaguaquara. Eu acho que o governador pensa assim: se eu não estiver enganado: ora, ali já está dominado, cheio de amigos e não precisa levar mais nada. Vamos levar para Maracás, para Jequié, para Amargosa”, e deixou o prefeito em uma tremenda saia justa. O vice-governador, João Leão, também não escapou das críticas. Leão, padrinho político do prefeito, votado em Jaguaquara desde quando exercia mandatos de deputado, e o seu filho, deputado federal Cacá Leão, foram alvos de apupos, sendo citados nominalmente. Cacá obteve nas urnas, mais de 9 mil votos nas eleições de 2014 com o apoio do prefeito, que foi reeleito para comandar o Executivo em 2016.

 

Para o representante do MP, pela votação expressiva que Leão e Cacá obtiveram no Município, não tiveram força para garantir a instalação da Cipe em Jaguaquara, pois a mesma foi instalada em Jequié. ”Tecnicamente falando, o município mais adequado para a instalação da Cipe era Jaguaquara”, justifica. ”Mas a decisão foi política”, inclusive citou que a primeira-dama do Estado, Aline Peixoto, é jequieense e intercedeu pela sua terra natal, Jequié. O promotor demonstrou descontentamento com a instalação de uma Companhia Independente da PM em Maracás, cidade de porte menor, fazendo comparativo de que, apenas em 2016, foram registrados 300 inquéritos em Jaguaquara e que Maracás não passou de 70.

 

Classificou a instalação como um absurdo e que para a instalação a PM teve que tomar cidades que integravam a região a 3ª Cia da PM de Jaguaquara, como Itiruçu, Lajedo do Tabocal e Lafaiete Coutinho. ”Foram esses municípios retirados de Jaguaquara para compor Maracás e a distorção ficar mais ridícula”. Disse ainda que o prefeito deveria ser inimigo do governador, porque a amizade com Rui só tem trazido prejuízo para a cidade.

 

Lúcio, em dado momento do seu afogueado discurso, relembrou o incêndio provocado por detentos na Delegacia de polícia de Jaguaquara, fato ocorrido em 2009 e que desde à época do episódio até hoje, a unidade prisional apresenta sérios problemas estruturais, sem nenhuma providência do Estado e que existem portas na Delegacia que estão em condições piores do que a cancela da fazenda do prefeito.

Com a palavra Guiliano 

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Foto: Blog Marcos Frahm

Depois de mais de duas horas de intensa abordagem sobre o tema: ”Segurança Pública”, onde ouviu discursos com críticas a classe política e duros comentários do promotor de Justiça, Lúcio Meira Mendes, de que sua amizade com o governador não trás benefícios para Jaguaquara, o prefeito da cidade, Giuliano Martinelli, por sua vez, ao fazer uso da tribuna, reagiu. Em tom de insatisfação, e rebateu o representante do MP.

 

Vereadores da base aliada e membros do alto escalão municipal, presentes no plenário, até torciam para que, em seu discurso, Martinelli procurasse arrefecer o ambiente, mas o chefe do Executivo, reeleito em 2016, para seu segundo mandato, respondeu no mais tradicional toma lá, da cá. Giuliano disse que, se for fazer comparação com gestores de Estado, entre o atual e os que já passaram pelo governo, Jaguaquara não tem amigo nem inimigo. Citou o hospital estadual que foi municipalizado pelo então governador Paulo Souto, do grupo de ACM Neto, e hoje a população paga o preço. Segundo ele, a municipalização ocorreu numa época em que Jaguaquara tinha um prefeito que, era amigo do então governador Paulo Souto e que a decisão trouxe prejuízos ao Município.

 

”Quando se fala em amizade de prefeito com governador, Jaguaquara é órfão ou inimiga de todos os governadores. Num passado não muito distante, o prefeito da época era amigo do governador e de um grupo de oposição a Rui Costa, que era Paulo Souto, apadrinhado de ACM Neto e municipalizaram um hospital que era estadual, trazendo despesas para o município. Uma triste lembrança”, relatou. E continuou: ”Embora eu seja amigo do vice-governador eu fiz a minha parte” justificou, ao revelar que participou de audiências com o secretário de Segurança, com o comandante geral da PM e com o vice Leão e que se o reforço na segurança não chega não é culpa do município e que a segurança é de competência do Estado.

 

”A caneta é do governador e não do prefeito”, rebateu, afirmando que ofícios pedindo que a Companhia Independente foram entregues por ele as autoridades políticas do Estado e que se for pra se tornar inimigo de Rui para que a Cipe se instale na cidade ele se tornaria, mas que já garantiu apoio da Prefeitura para um Posto Avançado da Cipe na cidade. Que os problemas são reflexos da crise que afeta a Bahia e o Brasil, pois esteve recentemente em Brasília e nos ministérios a reposta que recebeu foi que a União não tem recursos.

 

O prefeito, ao destacar a questão da segurança, rebateu ao promotor que teria falado anteriormente que a Delegacia de Polícia está em situação precária em relação à estrutura física e que pegou fogo em 2009, mas que até hoje o estado não tomou providências. ”Se a Delegacia pegou fogo, foi o secretário de infraestrutura do nosso município quem ajudou a recuperar; se o batalhão precisou de alguma intervenção, foi à prefeitura quem ajudou. A delegacia funciona com o delegado e dois agentes, mas oito contratados pela Prefeitura estão lá”.

 

Disse ser admirador do trabalho da PM e da Cipe e lamentou o número reduzido de policiais militares em Jaguaquara e que 90% dos inquéritos registrados na cidade e destacados no discurso do promotor são frutos das ações policiais da Cipe, que as viaturas da PM circulam, mas o apoio para o combustível é do Município. Concluiu dizendo que a Cipe foi instalada em Jequié não por questão política, mas por um estudo técnico pela localização e que os seus pedidos continuarão chegando à mesa do seu amigo vice-governador e do governador, mas que gostaria de contar com a ajuda dos respectivos representantes do Poder Judiciário e MP para que elaborassem ofícios também cobrando demandas para Jaguaquara. As informações são do Blog Marcos Frahm

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