Diz pesquisa: Brasil é corrupto, mas brasileiro não
Um estudo sobre corrupção no Brasil e entre os brasileiros fez uma revelação no mínimo contraditória: o país é corrupto, mas a sua gente não. Segundo a Pesquisa Nacional de Valores de 2017, publicada pelo jornal Folha de São Paulo, a honestidade é a qualidade que melhor caracteriza o brasileiro.
Se no campo pessoal as qualidades escolhidas foram amizade, honestidade, respeito, confiança e paciência, a cultura nacional foi definida pelos “valores” de corrupção, violência, agressividade e discriminação racial. “Não tem nenhuma correspondência entre o que cada um percebe como seu valor individual e o que ele percebe como a cultura ao seu redor”, avaliou o escritor e cientista social Eduardo Giannetti, em entrevista à Folha. “Este é um traço definidor da nossa cultura: o brasileiro é o outro”.
A percepção dos problemas no país teria subido de 51%, em 2010, ano em que o estudo foi realizado pela primeira vez, para 61%, este ano. A corrupção, que no primeiro ano era destacada por 54% dos entrevistados, em 2017 foi indicada por 72% do público ouvido.
Sobre aquilo que se deseja tanto no campo pessoal, quanto para o país, a educação ganha espaço como tema predominante. No contexto pessoal, surge como o valor de “aprender sempre”, enquanto para a nação aparece como “oportunidades de educação”. “Brasileiro fala do brasileiro na terceira pessoa, e se dissocia”, concluiu Guilherme Marback, economista e diretor da Crescimentum, na mesma reportagem.