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Veja a trajetória de Edmar Brito, o pastor assassino de Vitória da Conquista

pastor edimarO que fazem três homens sentados em volta de uma mesa de bar no bairro Guarani, na noite de terça-feira (19), em Vitória da Conquista? Mais uma noite de bebedeira? Não só isso: eles são ‘evangélicos’ acertando os detalhes finais de um crime brutal de repercussão nacional. Na mesa, o pastor Edmar Silva Brito, 37, o ex-pastor Fábio de Jesus Santos, 34, e o amigo e vigilante ilegal, Adriano Silva dos Santos, de 36 anos.
Junto, o trio tinha a missão de “dar um susto” no casal de pastores desafetos, Carlos Eduardo de Souza, 50, e Marcilene Oliveira Sampaio Souza, 38. Mas a vingança, originada no fato de o casal ter rompido com a igreja de Edmar, há mais de cinco anos, e constituído outra congregação, foi muito mais além, atingindo a prima de Marcilene, Ana Cristina Santos Sampaio, 36. “Edmar disse que tinha mudado de ideia e ia matar as duas para não deixar testemunhas”, revelou Adriano, que trabalhava armado como vigilante sem ter licença para porte de arma.
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As duas mulheres foram emboscadas e mortas a pedradas. O pastor Carlos Eduardo, apesar de brutalmente espancado, conseguiu fugir. Mas, quais os outros motivos – além do rompimento e divisão da igreja – que levaram Edmar a orquestrar tamanha brutalidade? Ana Cristina, prima da pastora, era casada, mãe de dois filhos e vivia em São Paulo, vindo para a Bahia visitar familiares e participar de um casamento. Marcilene e Carlos Eduardo não tinham filhos.
Dívida
Em 2010, quando a economia de Vitória da Conquista já se destacava na Estado, com o setor de serviços em plena expansão, o pastor Edmar liderava mais de 200 fieis e via sua igreja caminhar a passos rápidos. A cada final de culto, os fieis deixavam mais de R$ 6.500 nos cofres da igreja. “Era dinheiro de oferta, dízimos e outras arrecadações. Tudo era contado com o acompanhamento do pastor”, revelou um dissidente da igreja.
Três reuniões por semana, 12 cultos por mês e R$ 78.000 em caixa. A conta era simples. Descontadas as despesas permanentes, restavam ainda R$ 72.000 para a igreja. “Os pastores Eduardo e Marcilene eram auxiliares do pastor Edmar, mas eles passaram a discordar das posturas, principalmente denúncias de adultério dele (Edmar)”, revelou um fiel, sob anonimato. O passado adúltero de Edmar, em Itapetinga, sua cidade-natal, sempre conspirou contra ele.
“Era comum flagrar o pastor Edmar com as irmãs de igreja mais jovens e até com uma pastora. Não era segredo para ninguém o envolvimento dele com as mulheres”, revela um ex-vizinho, residente no Bairro Morumbi, em Itapetinga. As brigas entre o pastor e o casal chegaram ao limite. Em todas, o binômio “adultério-dinheiro” ditava o rumo das discussões – geralmente agressivas por parte de Edmar. Mas Edmar não prosperou somente por conta dos seus esforços. Houve um tempo de vacas magras na igreja dele. E quem foi a ‘salvação’? O casal vítima do crime, de quem Edmar recebeu emprestado R$ 3.000, segundo conta Wagner de Oliveira, 35, ex-membro da Igreja Profetizando Vida, criada por Marcilene e Carlos Eduardo, após deixar a igreja de Edmar.
Calote
Só que o tempo passava e Edmar não pagava… o pastor Carlos Eduardo resolveu cobrar o dinheiro, mas não teve sucesso. Começava aí a primeira ruptura, agravada quando Edmar quebrou o para-brisa do carro de Carlos Eduardo. “Aos poucos, a máscara dele foi caindo, principalmente quando começou a mexer com mulheres casadas”, emenda Wagner. “Todo mundo foi vendo quem Edmar era de verdade. As pessoas foram saindo [da igreja dele]. O casal resolveu abrir outra congregação e muita gente resolveu acompanhar. E a igreja foi prosperando”, declarou ao jornal “Correio”.
Wagner diz acreditar que o pastor foragido premeditou o crime. “Pouco tempo atrás, Edmar sentou em um trailer e comentou ‘esse ministério dela tá pra acabar’. O pessoal achou que ele tava (sic) falando que ia falir, algo assim. Mas talvez ele já tava premeditando o crime”, avalia. Com o ódio incrustrado no coração há cinco anos, e nesse mesmo período pregando a palavra de Deus e promovendo palestras, Edmar finalmente convenceu Fábio a se juntar ao vigilante e finalizar seu plano diabólico. “Eu só fiquei no carro de Edmar, segurando o pastor Eduardo. Não participei das mortes”, defende-se Fábio, um declarado apaixonado por motos possantes e carros.
“Edmar nos falou que só queria dar um susto”. Se dizendo arrependido, mas assumindo a cumplicidade, arrematou: “Agora é pagar as consequências”. O vigilante Adriano, por sua vez, acompanhou Edmar com as mulheres rendidas, sob a mira de um revólver, até o matagal. “O revólver é meu. Comprei de um caminhoneiro”, assumiu. A arma só foi usada para subjugar as vítimas. Não houve disparo. Ele e o vigilante estão presos. Edimar, continua foragido, mas deve se apresentar na próxima semana, em companhia do advogado. Fontes asseguram que ele está numa fazenda de amigos, na zona rural de Potiraguá, região de Itapetinga. Ele deve alegar inocência e apontar o vigilante como responsável direto pelas mortes. Fábio, o comparsa, será poupado pelo pastor assassino. Celino Souza | Jornalista | [email protected]

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