Cotidiano

Vacina da Jhonson: Baianos de 18 a 60 anos poderão ser voluntários em testes

A Bahia receberá a quarta vacina em potencial contra o novo coronavírus, desta vez desenvolvida pela Janssen, unidade farmacêutica belga da multinacional Johnson & Johnson, que deve começar a ser testada já no mês que vem.

Para que a nova candidata a escudo contra o vírus causador da covid-19 entre nessa fase experimental depende apenas da aprovação do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão vinculado ao Ministério da Saúde responsável que avalia pesquisas científicas.

A potencial imunização já foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que encaminha o começo da realização dos testes. De acordo com a Janssen, apenas pessoas de 18 a 60 anos poderão participar dos testes.

Além da Bahia, os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Norte também receberão amostras da vacina em fase experimental para aplicação em voluntários. Ao todo, 7 mil brasileiros receberão a vacina.

Por meio de nota, a Anvisa declarou que os dados considerados para a autorização incluíram estudos não clínicos com a vacina e dados não clínicos e clínicos acumulados de outras vacinas que utilizam a mesma plataforma.

A Janssen disse que ainda não pode informar qual será a central de pesquisa que coordenará os testes na Bahia pois isto ainda não está definido, mas declarou que a aprovação é a resposta de um trabalho comprometido com o combate à covid-19.

“Esse processo é resultado de iniciativas que vêm sendo conduzidas pela companhia no Brasil e em outros países para o avanço do programa de desenvolvimento clínico de sua vacina candidata. A Janssen mantém conversas com governos locais e organizações globais, com o intuito de garantir que os países selecionados estejam preparados e tenham as autorizações regulatórias necessárias para avançar com a realização dos estudos no momento oportuno”, afirma a empresa, por meio de nota.

Procurada pelo Correio para falar sobre o laboratório que conduzirá a aplicação da ‘vacina da Johnson’ em território baiano e como será o processo de seleção dos voluntários para os testes, a Anvisa não respondeu até o fechamento desta matéria.

Sobre os voluntários que poderão participar, a empresa salientou que a fase 3 será conduzida globalmente com até 60 mil voluntários saudáveis, todos com idades entre 18 e 60 anos.

Os selecionados passarão por um ensaio clínico, que é um estudo de fase 3, randomizado e controlado por placebo, para avaliar a eficácia e a segurança de Ad26.COV2.S na prevenção do vírus em adultos. Cada participante receberá uma dose única da vacina ou placebo.

Testagem em macacos

Nas fases 1 e 2 de testagem, que foi realizada na Bélgica e nos Estados Unidos, as doses imunizantes foram administradas em macacos do tipo rhesus.

Durante a experiência, ficou comprovada que, com apenas uma dose da vacina, os macacos conseguiram desenvolver, em seu sistema imunológico, uma resposta considerável ao novo coronavírus. O resultado destes testes foram divulgados no dia 30 de julho pela revista científica Naturale.

Ainda segundo informações da Anvisa, o fármaco administrado nos primatas e que será aplicado em baianos na fase 3 é baseado em vetor de adenovírus sorotipo 26 – o Ad26, que é um tipo de vírus da gripe comum – impediu também infecções pulmonares do Sars-CoV-2, vírus da pandemia que assola o Brasil desde março.

Três vacinas em fase de testagem

No momento, três vacinas já estão em fase de aplicação de testes em voluntários soteropolitanos. Uma vacina é desenvolvida pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, em parceria com a biofarmacêutica AstraZeneca, que está sendo testada com a condução do Hospital São Rafael, que pertence ao Instituto D’Or, responsável pelo estudo na capital baiana.

As outras duas são produtos das empresas norte-americana Pfizer e a alemã BioNTech, sendo que a Pfizer é administrada pelo Centro de Pesquisa Clínica das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid).

A vacina de Oxford começou o trabalho de testes em agosto e já vacinou mais de 800 voluntários da capital baiana, que receberão a segunda dose após 4 ou 6 semanas da primeira aplicação.

A que é gerenciada pela Osid, no momento, só está sendo aplicada em pacientes e profissionais de saúde da organização e foi aplicada em cerca de 100 pessoas até a última sexta-feira (14).

Ex-diretor do departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, o infectologista baiano Júlio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), explica que a Bahia tem recebido essa série de vacinas para testagem por ser um estado de tradição em pesquisa de doenças infecciosas como dengue, chikungunya e zyka, com centros de estudos consolidados e pesquisadores renomados.

“Num momento como esse, existem diversas empresas querendo testar vacinas contra a covid-19 e a Bahia é um estado potencial por ter pesquisadores qualificados que podem auxiliar laboratórios públicos e privados”, esclarece.

Vacina chinesa em negociação

Enquanto a vacina belga desembarca em território baiano, o governo tem tratado e negociado com embaixadas chinesas e russas para a obtenção das vacinas na fase três, quando, após os testes, se tem informações suficientes para atestar a eficácia no combate ao vírus.

Procurado pelo Correio para falar sobre o processo de negociação com as embaixadas citadas, o Governo do Estado não respondeu até o fechamento da reportagem.

Correio

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