Cidades

Traficantes disputam controle da Ilha de Itaparica, aterrorizando moradores e espantando turistas

28 homicídios já foram registrados na região em 2016.

traficantes ilha de itaparicaA área de 146 km² da Ilha de Itaparica, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), antes exclusiva de nativos e veranistas, atualmente está tomada pelo medo,  por três facções que disputam o controle do tráfico de drogas na região.

Entre as ocorrências estão execuções, roubos e ameaças em uma região formada pelos municípios de Vera Cruz — que registra 20 homicídios este ano — e Itaparica, com um saldo de oito assassinatos. Em todo ano passado, foram  30 homicídios em Vera Cruz e outros  10 em Itaparica, dos 690 registrados em toda a RMS.

Em Vera Cruz, Sulemir Lima Estrela, o Mica, ligado à facção Caveira, luta para não perder o território para o rival Adilson Santana Silva, que detém bocas de fumo de Itaparica e integra o Bonde do Maluco (BDM). Nessa guerra, Billy, da Katiara, atuante na região da praia de Tairu, em Vera Cruz, aproveita as baixas nos exércitos das outras duas facções para ampliar seu domínio.

A última morte registrada na região foi de Felipe da Silva Santana Luzia, 21 anos, no último domingo (24). Segundo a polícia, ele era um dos soldados de Mica e foi morto após abrir fogo contra PMs. Mas na disputa entre Caveira e BDM,  Joelson Silva dos Santos, 19, Caíque de Jesus Silva, 18, e seu irmão, Paulo Henrique, 14, foram executados em 11 de maio,  em Vera Cruz, região cobiçada por Adilson, apontado como o mandante das execuções.

Adílson: moradores expulsos
Uma das lideranças da BDM, Adilson Santana Silva controla o tráfico na Gameleira, Bom Despacho, além das Urbis de Baixo e de Cima, mas sua fortaleza é o bairro de Marcelino, que fica numa região de morros, atrás do mercado Bompreço de Itaparica. “O local é bem vigiado. Quando a gente passa, já tem olheiros avisando”, disse um agente do Serviço de Investigação da 19ª Delegacia (Itaparica). Segundo ele, a segurança é feita por homens armados até de metralhadoras. “Eles têm armas de grosso calibre e de longa distância”, citou.

Ele conta que em outubro de 2013, junto com outro agente, tentou prender Adilson no local. “Ele estava com mandado em aberto por tráfico e homicídio. Estávamos numa mata quando ele atirou contra nós. O colega foi atingido no rosto e socorrido pelo helicóptero da PM para Salvador”.

Um mês depois, Adilson se apresentou com um advogado na delegacia, e foi preso. Encaminhado ao Presídio Salvador, cumpriu pena até o dia 4 de dezembro de 2015, quando um juiz lhe concedeu um habeas corpus, segundo a Secretaria estadual da Administração Penitenciária (Seap).

“Quando saiu, ele comandou pessoalmente quatro execuções. Mas investigamos o envolvimento dele em pelo menos 30 homicídios, dos quais alguns já viraram inquéritos”, afirma o investigador. Os demais casos esbarram em falta de provas, principalmente testemunhais, porque “raramente alguém tem a coragem de depor contra o traficante”, completa o policial.

Adilson nasceu na Juerana, em Vera Cruz, e fez carreira no crime. Quando menino, vendia drogas na beira da estrada. Aos 14 anos, já participava de bondes – quando o grupo saía para fazer um ataque –, e um ano depois já era uma das lideranças. “Quando o chefe do bando foi morto por uma quadrilha, ele tinha 18 anos e tornou-se o patrão do Marcelino”, contou o agente.

Segundo o delegado Lúcio Ubirecê, da 19ª Delegacia, as armas usadas pela quadrilha de Adilson vêm de Salvador. “A facção deles é abastecida por criminosos da Liberdade e São Caetano, por exemplo”. A quadrilha também usa armas artesanais, oriundas de Feira de Santana. Em uma das imagens divulgadas pela polícia, o traficante aparece com uma submetralhadora improvisada. “Quem mais sofre com tudo isso é a comunidade. Algumas pessoas são expulsas e suas casas transformadas em ponto de venda de droga”, confirma o delegado. Coreio24h

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