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‘Tô morrendo de vergonha. Se continuar do jeito que tá, pior vai ficar’, diz Tiririca sobre a política do país

TIRIRICA RADIO SOCIEDADE FSO deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca (PR-SP), 52 anos, esteve na manhã deste sábado (28), no programa Acorda Cidade, onde foi entrevistado ao vivo pelo radialista Dilton Coutinho, no estúdio da Rádio Sociedade de Feira.

Em um bate-papo descontraído, o terceiro deputado mais votado da história do país (atrás apenas de Enéas Carneiro e Celso Russomanno) falou sobre política, sua vida e o show que fará hoje no Armazém Privilege. Faltando um ano para finalizar o segundo mandato, Tiririca disse que consegue desvincular o deputado do humorista, mas que não será candidato na próxima eleição.

O deputado contou que no primeiro mandato se candidatou por brincadeira, mas quando ele viu a quantidade de votos que teve, mais de um milhão, viu que deveria olhar a situação de forma diferente e candidatou-se de novo sendo eleito com mais de um milhão de votos outra vez.

Não faz pronunciamentos

Questionado sobre por que não fazia pronunciamentos, ele disse que sente-se envergonhado com o cenário político brasileiro e que não discursava porque não queria mentir.

“Tô morrendo de vergonha com o que está acontecendo com a política do país. Eu sou um homem do povo. No primeiro mandato eu entrei de brincadeira para divulgar meu trabalho e meu personagem, mas quando eu vi a quantidade de votos, vi que não era brincadeira. Teve muito voto de protesto, mas tinha muitos amigos, muita gente que acreditou em mim. Muita gente ficou falando o tempo todo que era voto de protesto e eu me candidatei de novo e pararam de falar que foi por este motivo. Eu sou ator, para ser humorista precisa ser ator e mentir. Mas na câmara eu não iria fazer pronunciamento para mentir, para enganar o povo, se fosse assim eu subiria de cinco em cinco minutos para falar lá”, declarou durante entrevista ao Acorda Cidade.

Os raros momentos que falou através dos microfones da Câmara foram durante os poucos segundos que tinha para votar contra ou a favor da abertura do impeachment de Dilma Rousseff e das denúncias sobre o presidente Michel Temer. “Senhor presidente, pelo meu país, meu voto é sim”, disse, em tom sério e firme ao ser chamado por Eduardo Cunha  (PMDB-RJ) para declarar seu voto – o 197º a favor da abertura do  impeachment. Foi um dos momentos mais esperados durante a votação.

Tiririca também votou a favor da investigação da denúncia contra o presidente Michel, nas duas sessões. “Eu segui a voz do povo”, disse.

Tiririca disse ao Acorda Cidade que é respeitado na câmara e nunca foi chamado pra participar de algum esquema de voto. Ele destacou também que criou vários projetos para contemplar artistas circenses, entre eles a inclusão da atividade de circo na Lei Roaunet, mas nenhum deles foi aprovado pelo Senado ainda. Este está em tramitação após ser aprovado na Câmara dos deputados.

Na justificativa do projeto, o deputado Tiririca afirma que são enormes as dificuldades de sobrevivência encontradas pelos circos no Brasil, especialmente os pequenos e familiares, dentre elas o alto custo para manutenção dos circos.

“Nenhum dos meus projetos foram aprovados pelo Senado. É muito difícil aprovar um projeto na câmara. Você tem uma cabeça, outro tem uma cabeça diferente, e aquele outro tem outra cabeça, e eu sigo a minha cabeça e se você não entrar na cabeça do outro, a coisa não rende. A galera me respeita nunca me ofereceram propina. Eles têm medo por eu estar na mídia. Nunca chegaram em mim”, disse.

Nunca faltou sessão

O cearense de Itapipoca destacou sua frequência assídua na câmara federal e que apesar dos trabalhos legislativos não deixou de fazer shows de humor em várias cidades do país nos finais de semana. Tiririca pretende manter a carreira artística e declarou que deixará sua vaga na Câmara dos Deputados Federais para outro candidato enfatizando que o cenário político precisa ser renovado.

“Eu gosto de desafio, estou entre os sete deputados mais assíduos na Câmara. Eu nunca faltei. Não estou fazendo nada além da minha obrigação. Vou deixar a vaga para outra pessoa. Não é minha praia. Não brinco lá. Ali é uma coisa séria, tem muita gente boa. Essas corrupções sempre ocorreram, mas agora é que estão sendo propagadas. Temos que ter renovação. A galera jovem que gosta da política tem que entrar de cabeça. E se continuar do jeito que tá, pior que tá, vai ficar”, afirmou.

AndreaTrindade e Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

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