Cotidiano

Rogéria, aos 73 anos: 'Na minha época travesti batia nos homofóbicos'

ROGERIARogéria viveu, com palavras da própria, uma das principais noites de sua carreira na terça-feira, 6, quando, aos 73 anos, foi homenageada e se apresentou no Teatro Rival, no Rio de Janeiro. Ela subiu ao palco do tradicional espaço cultural da Cinelândia, região central da cidade, e, usando um vestido que deixou suas pernas de fora, mostrou que continua sendo uma das eternas vedetes do Brasil, sendo ovacionada pelo público. Antes da apresentação, a atriz, com toda a alegria que é sua marca registrada, recebeu o EGO em seu camarim e falou sobre algo que enfrentou e continua muito atual no Brasil: o preconceito, especialmente a homofobia.”É muito difícil lidar com o preconceito, enfrentei a minha vida toda e enfrento até hoje.

Assisto pela televisão o que minhas colegas transexuais, meus amigos gays, que me representam, passam por aí. É uma violência muito triste. Costumo dizer que na minha época travesti batia nos homofóbicos. Sempre que vinha um mais abusado a gente chamava todos os travestis e partia pra cima. Eu gritava: ‘Deixa o último pra mim’, e quebrei muita unha na cara de preconceituosos.

Acontece que hoje os tais ‘skinheads’ andam com facas, com madeiras, e até com lâmpadas né? Ficou mais difícil a luta”, falou Rogéria, que faz questão de reforçar: “Eu luto junto com as minhas amigas transexuais. Meu p… está aqui pendurado, mas eu defendo que cada um faça o que quiser com seu corpo.” Rogéria festeja, apesar do preconceito, que conseguiu alcançar um novo status no Brasil e que é respeitada por onde passa.”Eu não tenho o que reclamar. As pessoas me chamam até de ‘senhora’, sendo que eu continuo sendo o Astolfo, e eu acho divertido e ao mesmo tempo respeitoso.

Depois dos meus anos de carreira eu sou muito respeitada e principalmente amada, especialmente pelas mulheres”, diza atriz, que chegou até a arrancar lágrimas de seus fãs durante a apresentação no Teatro Rival. Quando questionada sobre o que é preciso para que uma ‘nova Rogéria’ surja, a atriz diz que o país está mais ‘careta’. “Uma nova Rogéria talvez sofreria até mais preconceito do que eu sofri. Se alguém quiser seguir o caminho de Rogéria precisa ter muita, mas muita vontade, e amor pela arte. Defender mesmo a sua arte e focar nisso.

O Brasil está muito mais careta do que na minha juventude, e olha que era a época pós-ditadura, né? Eu só fui respeitada porque mostrei meu talento”, afirma a atriz.

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