Cidades

Rio vai usar dinheiro de esquema Cabral para pagar 13º a aposentados

SERGIO CABRAL SORRINDOCom mais de três meses de atraso, 142 mil aposentados e pensionistas do Estado do Rio devem receber o 13.º salário de 2016 na próxima terça-feira, 21. No mesmo dia, ocorrerá um ato simbólico de combate à corrupção na Justiça Federal. Os pagamentos serão feitos com os cerca de R$ 250 milhões recuperados pela força-tarefa do Rio do esquema que seria chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Outros R$ 20 milhões ficarão reservados.

O desembolso será destinado aos inativos do Poder Executivo que recebem até R$ 3,2 mil, considerados os mais atingidos pela grave crise financeira que atinge o Estado. Os demais 106 mil aposentados e pensionistas, que ganham mais, não entrarão no acerto. A folha de pagamento do 13.º salário dos inativos é de R$ 1,3 bilhão.

 

“Será uma antecipação de reparação futura, mas o Estado se comprometerá a devolver o dinheiro caso ao fim do processo se conclua que o valor já pago foi excessivo”, disse uma fonte próxima das negociações.

A destinação para os inativos do dinheiro de corrupção resgatado na Operação Eficiência – desdobramento da Calicute, que prendeu Cabral em novembro – foi uma das exigências feitas pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e pela Justiça Federal para a liberação antes do fim do processo.

As negociações foram feitas entre a Procuradoria-Geral do Estado e o MPF, com a interveniência da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, que tem como titular o juiz Marcelo Bretas. O magistrado deu aval à operação.

União. Além do Rio, a União também foi prejudicada pelo esquema de corrupção. Esse foi um dos motivos para que não se entregasse neste momento os R$ 270 milhões devolvidos pelos irmãos Marcelo e Renato Chebar, operadores de Cabral que fecharam acordos de delação. A ideia foi reservar os outros R$ 20 milhões.

Ao fim do processo, a Justiça vai definir em quanto o Estado e a União devem ser reparados. Além dos R$ 270 milhões, outros recursos estão sendo recuperados.

O esquema de Cabral cobrava propina em obras públicas como a construção do Arco Metropolitano, o PAC das Favelas e a reforma do Maracanã, feitas com recursos federal e estadual. Na época, o hoje governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) era vice-governador e secretário de Obras de Cabral. Não há, contudo, até agora, nada nas investigações do Rio que o comprometa, reconhecem procuradores.

O bem-estar dos aposentados foi uma das principais bandeiras eleitorais de Cabral quando iniciou a carreira política, no início dos anos 90. Na época, ele se dizia “defensor da terceira idade”.

Estadão

 

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