Cidades

PSTU não vai aos ‘atos de unidade de esquerda’ em defesa de Lula

thumbnail Vera Lúcia 02 Foto Romerito Pontes Divulgação 1Vera Lúcia, pré-candidata à Presidência da República, explica em nota pública porque o PSTU não vai aos “atos de unidade de esquerda” em defesa de Lula.

Segue nota na íntegra:

Nós do PSTU condenamos duramente os tiros disparados contra um ônibus da caravana de Lula no Paraná na última semana. Exigimos a investigação e punição dos que fizeram isso. Defendemos o livre direito de manifestação, inclusive daqueles com os quais não concordamos, como Lula. Repudiamos os grupos de ultradireita que atacam manifestações, que devem sim ser reprimidos e contra os quais é necessário e direito se utilizar da autodefesa.

 

Repudiamos muito mais o assassinato de Marielle Franco e Anderson no Rio de Janeiro: motivo para uma rebelião social neste país. Suas mortes representam o aprofundamento do cativeiro social, da violência e do genocídio em que negros e pobres das periferias estão submetidos, pelas forças de repressão do “Estado de Direito”, pelas forças paramilitares das milícias e pelo tráfico. Situação essa que tem responsabilidade direta os governos Temer, Pezão, Crivella, a mídia burguesa e esse sistema capitalista.

 

Com a crise econômica capitalista, os governos e a classe dominante têm desatado uma verdadeira guerra social contra a classe trabalhadora e o povo pobre, que tem reagido com muita luta. Contra essas lutas e a revolta existente entre os debaixo, os sucessivos governos têm intensificado a repressão contra os pobres e os lutadores (nisso estão incluídos os ex-governos do PT). Tem surgido também grupos de ultradireita e figuras como Bolsonaro, que defendem mais repressão aos pobres, a volta da ditadura militar, ou excrecências como o MBL e Revoltados on line, que usam ou estimulam a agressão física contra manifestações políticas e até culturais de que eles discordem.

 

Não é verdade, porém, que estamos vivendo um processo de crescimento do fascismo no Brasil como dizem o PT e outros setores de esquerda. É uma banalização do fascismo caracterizar o processo atual como tal.

 

O fascismo é uma força paramilitar centralizada e com apoio de massas, por fora das forças normais de repressão do Estado, que atua de forma sistemática e articulada para esmagar fisicamente o proletariado e suas organizações para defender os interesses dos bancos e grandes empresas. E isso não se derrota com eleições, se derrota nas ruas. Se estivéssemos mesmo sob um avanço do fascismo a coisa necessária de se fazer seria uma frente única para derrotá-los nas ruas e fisicamente. Não se derrota fascismo com frente eleitoral de colaboração de classes ao redor de um programa capitalista como o do PT e Lula que serve – vejam – aos mesmos banqueiros e grandes empresários.

 

O PT, PSOL e PCdoB convocam atos em defesa de Lula e da democracia burguesa, com o discurso da luta contra a direita, mas seu caráter é meramente eleitoral. De conteúdo são complementares às Caravanas de Lula. Estes atos, mascarados de combate ao suposto fascismo, defendem a candidatura Lula, pavimentam o projeto de “Frente Ampla” e de apoio à candidatura do PT, ao menos no segundo turno das eleições.  Foi assim em Curitiba em que Lula dividiu o palanque com a pré-candidata do PCdoB à presidência, Manuela d’Ávila, e Guilherme Boulos pelo PSOL, e é o que está ocorrendo no Rio de Janeiro neste dia 2. Amarram assim esses partidos a um acordo estratégico em torno a um programa: o mesmo que o PT aplicou nos 14 anos em que esteve no governo e que beneficiou empreiteiros, banqueiros e grandes fazendeiros, sem resolver nada para o povo pobre.

 

O PSTU esteve na linha de frente no chamado à Greve Geral e à mais ampla unidade na luta contra as reformas trabalhista e da Previdência. Estamos dispostos a cerrar fileiras contra Temer, por direitos e por justiça a Marielle e Anderson.

 

Mas não vamos subir em palanque eleitoral com o PT, nem compor uma frente ampla com a burguesia em torno à defesa dessa democracia dos ricos e de um projeto capitalista para o país. É justamente esse projeto que o PT aplicou que, nos tempos de bonança garante migalhas aos trabalhadores, e na crise impõe seus efeitos nas costas da maioria da população com eliminação de direitos, repressão e violência. Para mudar o Brasil de verdade precisamos colocar para fora temer e sua quadrilha, mas não para repetir os 14 anos de governo do PT. O Brasil precisa de um governo socialista dos trabalhadores, para acabar com toda exploração e opressão do capitalismo e construir uma sociedade socialista.

 

São Paulo, 02 de abril de 2018

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