Esportes

Por causa de fama de gay, jogador diz ter sido recusado por 50 clubes

Atualmente no Santa Cruz, o volante Elyeser revelou ter tido dificuldade em acertar com clubes por causa da fama de gay. Em entrevista ao ge.globo, o atleta contou ter ficado sem jogar por cerca de oito meses, por causa de vídeos gravados em 2017, quando atuava pelo Goiás, e que viralizaram no ano passado.

“Fiquei oito meses sem jogar por causa disso. Cheguei a pensar em jogar de graça, que iria parar de jogar. Toda vez que meu nome aparece em uma negociação alguém lembra desse vídeo. E aí solta um: “Ah, não vamos trazer o Elyeser porque vai chegar a um determinado momento de clássico os torcedores rivais, se ganharem da gente, vão pegar esse vídeo…”. Eu cheguei a escutar isso de presidente, de diretor. Então não era pelo lado técnico, era esse o empecilho”, afirmou.

Os vídeos de cinco anos atrás foram feitos por Elyeser cantando músicas da cantora Marília Mendonça de forma descontraída em sua casa durante férias. Inicialmente, ele compartilhou num grupo de WhatsApp que tinha com os companheiros do Esmeraldino. No entanto, em fevereiro de 2021 ele foi anunciado pelo Paysandu. Dois meses depois, os arquivos surgiram nas redes sociais e em maio, o atleta foi afastado do elenco passando a treinar sozinho. Quatro semanas depois, o Papão da Curuzu rescindiu o contrato e ele foi dispensado. O volante disputou apenas 11 jogo, começando a maioria deles no banco de reservas.

“Por causa de um vídeo. E não vem ao caso se é uma brincadeira, se não é uma brincadeira. O fato é que, pelo vídeo que ele fez, praticamente todas as portas se fecharam no futebol. Eles (os dirigentes) não queriam analisar o jogador Elyeser. Isso foi o que mais me chocou. Eles não analisavam, não viam os números dele. Diziam apenas que não contratariam homossexual”, disse o empresário do jogador, Diogo Pinheiro.

Diogo passou a agenciar Elyeser em dezembro de 2021. O volante já estava sem clube há sete meses. Os dois contam que procuraram mais de 50 agremiações.

“Eu perdi a conta de quantos times, mais de 50. Da Série B foram 17, mesma coisa na Série C, mais alguns clubes da Série D fecharam as portas para ele. Inclusive alguns clubes que só jogavam o Estadual. Em praticamente todos a resposta foi a mesma. Essa parte dele fora de campo não viabilizaria a contratação”, lembrou o Diogo.

Segundo Elyeser, ele tinha negociações bem encaminhadas com um clube da Série B, mas o acordo acabou sendo melado quando um novo vídeo surgiu.

“Aí o presidente do clube me falou: “Esquece”. Imagina, todos os clubes fechando a porta, e eu sabendo que tenho qualidade, sabendo que posso ajudar muitos times. Acho que tem muita gente que não está mostrando seu talento por causa de preconceito. Isso tem que parar. Tem espaço para todos”, contou o atleta. “A gente já tinha o acordo salarial. Tudo o que faz parte da negociação já tinha, inclusive, até uma apresentação programada. E aí, quando o presidente desse clube se inteirou do vídeo, ele desistiu da contratação e falou com essas palavras: “Infelizmente, vou ter que cancelar, porque não posso contratar veado para o meu time. Se eu perder um clássico, a torcida me mata”, completou o empresário.

Elyeser foi contratado pelo Santa Cruz em janeiro deste ano. O volante ainda disse que o ex-técnico da equipe, Leston Júnior, foi quem bancou sua permanência no elenco após torcedores do Náutico usarem os vídeos para provocar. O atleta disputou até o momento 17 jogos, sendo nove como titular.

O Santa Cruz segue na disputa da Série D do Campeonato Brasileiro. O time pernambucano visita o Tocantinópolis no próximo domingo (14), às 16h, pelo jogo de volta das oitavas de final. O primeiro encontro terminou em 0 a 0 e quem vencer desta vez avança de fase, enquanto uma nova igualdade leva a decisão para os pênaltis.

BN

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