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Papa Francisco termina viagem à América do Sul com visita a favela paraguaia e missa ao ar livre

PAPA FRANCISCO - FAVELA PARAGUAYO papa Francisco colocou em prática sua insistência de que os pobres do mundo não podem ser deixados à margem da sociedade, ao visitar uma favela susceptível de inundação na periferia de Assunção no domingo para oferecer aos moradores uma palavra de encorajamento no último dia de sua turnê por três países sul-americanos.

Segundo a “Associated Press”, Francisco recebeu aplausos quando abriu seu discurso dizendo que ele não poderia ter deixado o Paraguai sem visitar o bairro Bañado Norte, “sem estar em SUA terra”, disse ele dirigindo-se aos habitantes do local.

AUTORIDADES NÃO AJUDAM

Muitos moradores de Bañado Norte são posseiros em terras municipais que vieram de áreas rurais na parte nordeste do país, onde terras agrícolas têm sido cada vez mais compradas por brasileiros e empresas multinacionais. Os moradores argumentam que deveriam receber os títulos de suas terras, porque eles têm trabalhado para torná-las habitáveis com pouca ajuda da cidade.

“Nós construímos nossos bairros passo a passo, fizemos com que se tornassem habitáveis, apesar das dificuldades do terreno, das cheias do rio e apesar das autoridades públicas que ou nos ignoravam ou nos eram hostis”, disse ao Papa a residente Maria Garcia.

Durante sua turnê de uma semana à América do Sul, Francisco se referiu frequentemente à situação dos sem-terra pobres da região, incentivando-os a trabalhar em conjunto.

No domingo, ele disse que queria visitar Bañado Norte, um bairro de barracos de madeira e metal, às margens do rio Paraguai, para incentivar sua fé apesar das dificuldades com que se deparam. Além da falta de serviços, as fortes chuvas transbordam regularmente as margens do Rio Paraguai e transformam as estradas de terra de Bañado Norte em poças de lama intransitáveis.

Francisco disse que queria “ver seus rostos, seus filhos, seus idosos, e ouvir sobre suas experiências e tudo por que vocês passaram para estar aqui, para ter uma vida digna e um teto sobre suas cabeças, para aguentar o mau tempo e a inundação destas últimas semanas”.

GRITOS, TOQUES E FOTOS

Alguns dos cerca de 100.000 habitantes gritaram quando Francisco passou, chegando a tocar sua batina branca e tirar uma foto dele com seus celulares.

“Agora posso morrer em paz”, disse Francisca de Chamorra, uma viúva de 82 anos de idade, que se mudou para a favela em 1952. “É um milagre que um papa tenha chegado a este lugar enlameado”.

Francisco passou a maior parte da semana passada — e, antes disso, muito de seu pontificado — falando sobre as injustiças do sistema capitalista global que ele diz idolatrar o dinheiro em detrimento das pessoas, exigindo em vez disso um novo modelo econômico, em que os recursos da Terra sejam distribuídos igualmente entre todos.

“Colocar o pão na mesa, colocando um teto sobre as cabeças dos filhos de uma pessoa, dando-lhes saúde e educação — são passos essenciais para a dignidade humana, e os homens e mulheres de negócios, políticos e economistas devem sentir-se desafiados a este respeito”, disse Francisco a um grupo de líderes empresariais, políticos, líderes sindicais e outros grupos da sociedade civil na noite de sábado. “Peço-lhes para não ceder a um modelo econômico que é idólatra, que precisa sacrificar vidas humanas no altar do dinheiro e do lucro”.

Depois da turnê em Bañado Norte, Francisco celebra uma missa ao ar livre em um campo tropical fora de Assunção e reúne-se com jovens antes de retornar a Roma.

O globo

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