Cotidiano

Onda de violência em SP é reação a combate ao crime, diz polícia

O comandante da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo, coronel César Augusto Morelli, disse na tarde desta quarta-feira (31) que “há muita novela” sobre a ordem de chefes de facção criminosa para vingar, com a morte de policiais, o assassinato de criminosos.

A afirmação ocorre um dia após o governadro Geraldo Alckmin admitir que houve ordem de bandidos para executar policiais e a PM encontrar em Paraisópolis, na Zona Sul, uma lista com nomes de cerca de 40 policiais marcados para morrer. Desde o início do ano, ao menos 86 PMs foram executados no estado.

Segundo o coronel Morelli, as polícias Civil e Militar trabalham com a hipótese de que a onda de assassinatos de policiais em São Paulo, que há meses assusta moradores da capital paulista, seja reação dos criminosos ao combate do crime, principalmente o tráfico de drogas. “Houve retaliações porque o crime está sendo subjugado pela lei”, afirmou.

Segundo o oficial, as quadrilhas responsáveis por essas mortes, incluindo a facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios, não são tão organizadas como aparentam. “Não é uma máfia italiana. […] Para ser organizado tem que ter envolvimento de político, de policiais, de repórteres”, ressaltou.

Também presente na coletiva, o diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Jorge Carrasco, acrescentou que, em alguns casos, criminosos tiram vantagem da situação para se vingar de desafetos. “Muitas pessoas estão aproveitando a situação.”

Apesar de o governo e a polícia afirmarem que a situação está sob controle, o coronel Morelli disse que os policiais devem ficar atentos. “Tem que ficar esperto […], tem que ficar ligeiro.”

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Armas e drogas apreendidas durante operação
em favelas (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

Operação
Na entrevista, Carrasco afirmou que 23 casos de policiais civis mortos neste ano já foram solucionados. Além disso, ele acrescentou que em uma ação ocorrida nesta quarta na favela São Remo, na Zona Oeste, foi preso Antonio Pereira Soares, de 32 anos.

Conhecido como Tonhão, o homem é suspeito de ter participado da morte do policial militar das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) André Peres de Carvalho, de 40 anos, no fim de setembro. Segundo a polícia, Tonhão foi o responsável por indicar aos assassinos onde o PM morava.

Na terça, outro suspeito de integrar o grupo que matou Carvalho também foi preso. Filizanio dos Santos Pacheco, o Fefê, de 23 anos, foi detido em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Ainda de acordo com a Polícia Civil, ele é o responsável por clonar os carros usados pelos assassinos. O G1 não obteve o contato dos defensores dos suspeitos presos.

Combate ao tráfico
Além da apreensão da lista com os nomes dos jurados de morte e a apreensão de armas e drogas ocorridas em Paraisópolis, as ações de combate ao tráfico e de busca por assassinos de policiais acarretaram na apreensão de drogas e armas em outras duas favelas: São Remo e Funerária.

Na São Remo, a polícia prendeu Tonhão e outros dois suspeitos: um homem com dois tijolos de maconha e outro com uma arma e drogas. Além disso, foi localizada uma refinaria de drogas e apreendidos 90 kg de entorpecentes, sendo a maioria maconha e algumas porções de cocaína. Na favela da Funerária, os policiais prenderam quatro suspeitos e apreenderam três carros e 726 kg de maconha.

Lista do crime
A Polícia Militar de São Paulo encontrou uma lista, feita por criminosos de uma facção, com nomes de policiais militares e policiais civis marcados para morrer. O documento foi apreendido dentro de uma mala juntamente com dois irmãos adolescentes no início da noite de terça-feira (30) durante a Operação Saturação em Paraisópolis.

Também foi localizado o balanço da movimentação financeira do tráfico de drogas na região. O material deverá ser levado para a Polícia Civil, que investiga a onda de violência que assola o estado. Os menores detidos com a lista estavam tentando sair da comunidade.

Desde segunda-feira (29), Paraisópolis foi ocupada por tempo indeterminado após o serviço de inteligência das forças de segurança do estado ter informações de que partiram dali as ordens de bandidos para matarem os agentes da lei.

Aproximadamente 40 nomes de policiais militares e outros dois de policiais civis estão na lista, escrita à mão pelos criminosos para ser repassada a outros integrantes da facção que age dentro e fora dos presídios paulistas. A ordem é matar dois policiais para cada criminoso morto. O motivo seriam execuções praticadas por PMs contra os criminosos.

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