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Novembro Azul: o preconceito pode valer uma vida

Vivemos em uma sociedade onde as mulheres recebem orientações básicas de como cuidar do corpo desde muito cedo. A própria natureza deu uma mão para elas, pois a chegada da menstruação é um convite especial para uma primeira visita ao ginecologista. Ancoradas nos murros do “sexo frágil”, elas se debruçam por horas em conversas com a mãe, tias, amigas e professoras para tirar dúvidas e buscar auxílio quando necessário. Na contramão de todo o processo estão os homens.
Sempre donos da razão, viris, fortes e sedutores. Ir ao médico? Jamais! Sinal de fraqueza e de falta de informação, pois a maioria nunca recebeu orientação para ir ao urologista. Quando perdeu a virgindade contou para os amigos e morreu ali a conversa. A cultura masculina evita a ida dos homens ao médico, já que, nós, estamos buscando o tempo todo mostrar força e domínio nos cuidados com a saúde da esposa e dos filhos.  Ainda hoje, muitos preferem não saber se tem alguma doença, pois acham que poderão viver mais. Lei do engano.
Dados federais mostram que os homens são maioria nos atendimentos de alta complexidade médica e minoria no atendimento básico, ou seja, quando procuram ajuda já estão em uma fase muito complicada.  Dados do SUS (Sistema Único de Saúde) mostram que, de todas as internações por transtornos mentais no Brasil, pelo menos 20% são de homens vítimas do alcoolismo. A dependência do álcool, em diferentes níveis, atinge 14% da população masculina, segundo uma estimativa do governo federal. O câncer de próstata apresenta 60 mil casos por ano no país. Há 90% de chance de cura quando diagnosticado a tempo. No Brasil morrem por ano, 14 mil homens vitimas da doença, ou seja, descobriram já no último estagio quando passou para outros órgãos do corpo.
Não deixe que o preconceito tire de você a melhor fase da vida: a chegada dos netos, aproveitar a aposentadoria, conhecer novos lugares e redescobrir a vida. O exame preventivo é simples e em nenhuma hipótese feri a masculinidade, pelo contrário, o preconceito sim, mata e tira do homem a chance de ser o que ele sempre diz por aí: forte, viril e dono de si. Lembre-se! Os cuidados com a sua saúde devem ser durante o ano inteiro.
 
Dr.Modesto Jacobino* é médico urologista.

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