Cidades

'Não acho correta a adoção por homossexuais', diz Eduardo Cunha no Roda Viva

EDUARDO CUNHA - CAMARAO presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que, se fosse hoje a convenção do PMDB para manter o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), ela provavelmente desfaria a parceria originada no segundo mandato do ex-presidente Lula. Perguntado durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (17), se hoje o partido votaria pela manutenção da aliança, respondeu: “Acho que não, não pela presidenta, mas pelo PMDB; a política tem circunstâncias”. Segundo Cunha, é evidente que houve um enfrentamento entre os dois partidos e que isso deixou sequelas. Para Cunha, seu partido, antes maior aliado do PT e hoje em atrito com o governo, não aceita o “presidencialismo de cooptação”, que ele alega ter sido imposto pelo governo Dilma. O presidente da Câmara disse que o PMDB não quer “carguinhos”, mas quer ser partícipe do governo. “Governar não é só dando cargo, é compartilhando soluções a serem adotadas”, afirmou. Cunha afirmou que todos sabem da necessidade do ajuste fiscal, bastando ter algum entendimento da economia, mas reclamou que, nos últimos anos, a presidente não chamou o PMDB à mesa de decisões e que, agora, tenta impor o ônus dos erros de seu governo ao PMDB, quando transfere ao Congresso a responsabilidade de aprovar as medidas.
 
Cunha comparou a situação recente por qual passou o Paraguai, com afastamento de Fernando Lugo, no que foi considerado um golpe pelo Brasil, com a de Dilma Rousseff. “Não posso achar que o Brasil virou uma ‘republiqueta’ e que podemos tirar o presidente democraticamente eleito. O Brasil não pode fazer como o Paraguai, que tirou o Lugo do dia pra noite porque ele perdeu apoio, vai ser um impeachment atrás do outro se isso acontecer.” O presidente da Câmara disse ainda ser a favor do parlamentarismo como sistema de governo, mas que falar nisso agora soaria golpista, então que preferiria plantar uma semente deste debate para o futuro. Questionado sobre a operação Lava Jato e sobre a sua fala de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teria escolhido a quem investigar, Cunha disse não ser uma alegação política, mas técnica. “O procurador usou dois pesos e duas medidas”, afirmou Cunha, ao argumentar novamente que, a seu ver, o inquérito contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS) não deveria ter sido arquivado e que não deveria ter sido aberta investigação contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). O presidente da Câmara também voltou a ressaltar que o envolvimento de seu nome não foi corroborado pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.
 
O presidente da Câmara ainda demonstrou desconforto em ser associado à recriação da comissão especial na Casa para avaliação do Estatuto da Família – polêmico projeto que determina como núcleo familiar apenas aquele composto por homem e mulher e que veda a adoção para casais homossexuais. Cunha disse não ter lido o projeto e afirmou ter reaberto a comissão para avaliá-lo, dentro de um processo regimental. Ele alegou que é o processo normal para quando um parlamentar solicita a retomada da análise de um projeto – retomá-lo do ponto onde havia parado. Pressionado pelos entrevistadores, Cunha admitiu considerar errado que casais homossexuais possam adotar uma criança e não respondeu se sua posição seria um retrocesso para a sociedade brasileira. “Sou contra, acho que não é a melhor maneira de você educar. Sou a favor de uma educação mais ‘igualitária’, não acho correta a adoção por homossexuais.” Cunha alegou que defender pautas conservadoras não significa ser um político conservador. O peemedebista argumentou que “ninguém está indo contra os direitos”, mas que a minoria não pode “impor sua pauta” sobre a maioria. Ele reafirmou ainda sua posição contrária ao aborto e disse que deveriam ser presos os médicos que realizam esse tipo de cirurgia, em seu ver um crime hediondo.(BN)

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios