Muquém de São Francisco: nova eleição na cidade é marcada por ilegalidades
Domingo, dia de campanha em Piragiba, zona rural de Muquém de São Francisco, cidadezinha de pouco mais de 10 mil habitantes encravada nas planícies empoeiradas do Oeste baiano. É fim de manhã quando chega um ônibus escolar financiado pelo governo federal unicamente para transporte de alunos da rede pública. Mas, longe dos olhos da lei, Muquém vive um faroeste das urnas, em que vale tudo para comandar a prefeitura pelos próximos quatro anos. Mesmo que seja usar em eventos eleitorais veículos exclusivos para estudantes.
Para entender a escalada que transformou a cidade em terra de ninguém, é preciso voltar ao fim de 2012, quando a Justiça cancelou as eleições para prefeito. Como em quase todos os pequenos municípios do Brasil, o bolo do poder em Muquém é dividido em duas fatias. De um lado, estava Marcio Mariano (PP), apoiado pelo então prefeito Zé Nicolau, reeleito pelo PMDB em 2008. Do outro, Vandim, que também disputou as eleições naquele ano pelo PV. Mas, por falta de uma certidão judicial, Mariano teve a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral.
Por efeito em cadeia, foram considerados nulos os votos dados a candidato do PP – 3.601, apenas 233 a mais que o rival do PT. Contudo, o percentual invalidado pela Justiça superou 50% da votação total. Índice que, pela lei, exige a realização de eleições suplementares, marcadas para 7 de abril, junto com 16 outras cidades brasileiras.
É nesse ponto que começa a montagem de um esquema de utilização da máquina pública com finalidade de vencer o duelo travado entre o 11 e o 13, como se denominam os grupos envolvidos na disputa, em referência ao número dos partidos nas urnas.
Penúltimo no ranking dos nove vereadores eleitos em outubro passado, com 295 votos, Osmar Gaspar (PT), aliado de Vandim, conseguiu apoio para se tornar presidente da Câmara Municipal. Com a cidade sem prefeito, Gaspar herdou o cargo por 90 dias, período necessário para finalizar a eleição suplementar, na qual os mesmos candidatos de de 2012 se lançaram às urnas, em um tipo de segundo tempo. Só que, dessa vez, é o time do 13 que manda no campo do jogo, com regras feitas ao arrepio da lei. (Correio)