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Mulher que perdeu bebê ao ser baleada em operação da PM passa por nova cirurgia e está em coma

A jovem Jussileni Santana Juriti, de 26 anos, que foi baleada em uma operação da Polícia Militar no bairro de São Tomé de Paripe, em Salvador, passou por uma nova cirurgia. Nesta sexta (21), a Polícia Civil informou que PMs envolvidos na ação e testemunhas já foram ouvidos.

Segundo o marido da Jussileni, Ângelo Esquivel, a jovem está em coma induzido, para se recuperar dos ferimentos. Ela está internada no Hospital do Subúrbio há quatro dias. Apesar de grave, o estado de saúde dela é estável. O corpo do bebê, nomeado Alan, foi sepultado pela família na quinta-feira (20).

A polícia não deu detalhes sobre o que os policiais falaram em depoimento. O caso aconteceu na segunda-feira (17). Quando foi baleada, Jussileni estava grávida de sete meses do terceiro filho do casal. Ela levou três tiros, um deles na barriga e perdeu o bebê com a gravidade dos ferimentos.

No momento em que foi baleada, Jussileni estava na porta de casa brincando com os outros filhos e conversando com a vizinha. O filho mais novo do casal, de dois anos, estava no colo da vítima quando ela foi baleada e ficou sujo com o sangue dela após os tiros. A criança não teve ferimentos.

O esposo de Jussileni falou sobre o trauma que a situação pode causar na criança, que presenciou a mãe ser baleada na porta de casa.

“Eu não desejo para ninguém o que eu estou sentindo, o que eu estou passando. Eu só quero punição para esses policiais. Nós sabemos que não vai trazer a vida do meu filho [bebê que estava na barriga] de volta, mas eles devem pagar pelo que eles fizeram. Policiais despreparados. Eles viram que na rua tinha mãe de família, tinham crianças”.

“Quando minha esposa foi baleada, meu filho de 2 anos estava com ela. Se melou todo de sangue. Esse menino já vai crescer com isso na mente”.

Na quarta-feira (19), Ângelo pediu justiça pela situação e contou que a esposa perdeu um dos rins e também teve o intestino grosso afetado.

“Dos quatro disparos que os policiais atiraram, três atingiram ela. Um no braço, um na barriga e um na costela. Esse da barriga foi fatal para o bebê. Os médicos ainda tentaram reanimar, mas não conseguiram. O outro disparo efetuado nela, ela perdeu um de seus rins, afetou uma parte do intestino grosso dela”.

“Eu sou um pai de família pedindo justiça. Assim como foi com a minha esposa, com meu filho, eu não desejo isso para ninguém. Mas, se não chamar atenção das autoridades, das medidas cabíveis para serem tomadas, eles [policiais] vão continuar nas ruas, fazendo maiores besteiras ainda”.

‘Meu neto foi embora’

A mãe de Jussileni, Eliane Santana, também pediu justiça pelo caso. Abalada com a situação, ela questionou às autoridades quem vai responder pela morte do neto e pelo estado da filha.

“Meu neto foi embora, minha filha está hospitalizada e quem vai responder por isso? Quem vai pagar por isso?”.

Moradora da comunidade do Mariango, onde a ação policial aconteceu, Eliane disse que nunca pensou que fosse passar por um momento desses na vida.

“Nunca pensei que eu fosse passar por um momento desse, de perder um neto, de minha filha estar toda destruída por dentro, vítima de bala, vítima de ações de policiais”, comentou a mãe da vítima.

PM alega troca de tiros

Na terça-feira (18), dia seguinte à ação, Por meio de nota, a PM informou que uma equipe da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) estivaram na Rua Adilson Ferreira, quando se deparou com suspeitos armados, que teriam disparado contra os policiais.

A PM narrou ainda que houve um revide e que, durante a fuga, os suspeitos invadiram residências. Durante essa troca de tiros, a gestante foi baleada. A PM informou também que ela foi socorrida pelos próprios policiais para o hospital.

A Polícia Militar detalhou também que uma pistola foi encontrada no fundo de um dos imóveis, e que o caso é apurado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde a ocorrência foi registrada e a arma apresentada.

A PM não informou se o caso foi registrado também na Corregedoria Geral da corporação, mas disse que, a partir do resultado da perícia na arma encontrada, adotará as medidas cabíveis.

Moradores do bairro de São Tomé de Paripe protestam na manhã de terça-feira (18), na BA-528, conhecida como Estrada do Derba. De acordo com eles, os policiais já entraram na rua atirando, e não havia confusão no local.

“Minha esposa estava na porta de casa, quando chegaram os policiais despreparados atirando. Balearam minha esposa. Ela foi afetada com três disparos, perdeu o filho e nós estamos aqui cobrando, porque nós não íamos fazer manifestação se fosse por um criminoso. Nós estamos aqui por uma cidadã de bem, uma mulher grávida, gestante, e esses policiais despreparados cometeram esse ato”, disse Ângelo.

“Nós queremos justiça, uma resposta da Secretaria [de Segurança] Pública, o afastamento desses policiais. Eu como pai, estou sentindo a dor. Como é que pode, policiais despreparados invadirem uma rua atirando, e tirarem a vida de uma criança no ventre de sua mãe?”, questionou o marido da vítima. G1

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