Cidades

"Minha vida de candidato acabou", diz Gabrielli

SERGIO GABRIELLI - OBSERVANDOEx-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli foi um dos participantes do ato nacional que, na última sexta-feira, 13, saiu em defesa da estatal. Dois dias depois, foi a vez da população contrária ao governo de Dilma Rousseff sair às ruas contra a corrupção e o momento econômico do país – muitos participantes pediram o impeachment da presidente. O fim de semana de manifestações foi um dos assuntos comentados por Gabrielli na manhã desta segunda-feira, 16. Segundo ele, o Brasil vivenciou “dois movimentos democráticos muito importantes, que mostram a polarização política que o país está vivendo”. A declaração foi dada durante entrevista à rádio Tudo FM, quando ele – que também foi secretário de Planejamento do Estado da Bahia – afirmou que deixará a vida política. Apontados como um dos motivos para o desencadeamento dos protestos – que chegaram a pelo menos 20 cidades brasileiras, além do Distrito Federal -, os casos de corrupção na Petrobras, investigados pela Operação Lava Jato, foram discutidos pelo ex-presidente. Ele acredita que há condições de reverter a situação da empresa, a partir da publicação do balanço anual e tomando como base a sua produção.”Temos que olhar pelos fundamentos da empresa: tem condições de produzir? Tem. A Petrobras possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo, com cerca de 23 bilhões de barris. Do ponto de vista do caixa, do financiamento a curto prazo, está com alguns problemas, porque não consegue tomar dinheiro emprestado. Por isso precisa publicar o seu balanço, que deve acontecer até abril”, revelou. Aliado a este cenário, a alta do dólar – que chegou a R$ 3,28 na semana passada – também tem prejudicado as negociações da estatal. Segundo Gabrielli, a maior parte da dívida da empresa é em dólar, ao mesmo tempo em que a geração de recursos é feita em reais. Apesar dos ativos no exterior também estarem na moeda estrangeira, a empresa passa por um momento ruim com a alta dos preços de combustíveis e a depreciação do dólar, explica ele. Sobre os casos de corrupção, ele manteve o posicionamento defendido durante o depoimento à CPI da Câmara, de que foram realizados fora da empresa. “É quase impossível identificar os atos de corrupção feitos fora da empresa. Tem um ano que milhares de “horas-homem” tentam identificar isso e não conseguem. São dois mil gerentes  investigados. Há um conjunto de informações que não chega a uma conclusão final”, enfatiza.

Preços mais altos: Questionado sobre a variação de preços negociados pela Petrobras, acima da média internacional, Gabrielli explicou que, antes de associá-la à corrupção, há uma série de outros fatores que podem gerar esta desproporção. “Quando você tem um preço acima, vai investigar o porquê. Às vezes, teve especificação do produto customizado, diferente do mercado internacional, problema de  licenciamento ambiental ou variações de câmbio. Raramente vai investigar a corrupção, porque há outras variações que explicam porque o preço está diferente”, ressaltou.

Vida política; Após negar os boatos de que os ex-presidentes da Petrobras possuem salário vitalício, Gabrielli enfatizou que não vai mais se candidatar a cargos políticos. “Minha vida de candidato acabou, mas continuo militante. Estou com 65 anos e 50 de militância e sou aposentado da Ufba, com quem tive uma relação trabalhista de 36 anos e dois meses. Também não pretendo voltar à Petrobras; se houver alguma proposta, tenho que analisar, mas não tenho esta pretensão”.

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