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Major trans atacada nas redes afirma que continuará servindo o Exército

A major Renata Gracin, transexual hostilizada em redes sociais na semana passada, acredita que irá continuar nos quadros do Exército Brasileiro como uma militar do segmento feminino. A instituição, que ainda não confirma a permanência, afirma que conduz o caso com atenção e respeito.

Ao Sonar, Renata disse neste sábado que recebeu a oportunidade de manter funções administrativas nas Forças Armadas, mesmo após a transição de gênero. Hoje, não há previsão de que mulheres, trans ou não, possam integrar a Infantaria do Exército. Fico muito feliz por abrir portas para muita gente — desde 2018, há uma autorização para que elas trabalhem nas áreas de material bélico e intendência, das sete especializações possíveis.

— Me foi dada a opção de prosseguir na carreira como militar do segmento feminino e pretendo cumprir funções administrativas inerentes ao posto de major — afirmou Renata, que considera comum os militares com mais tempo de carreira, como ela, assumirem funções mais amenas da caserna.

Em nota (leia a íntegra no fim da matéria), o Exército informou que “o processo de mudança de gênero do Major Seixas ainda não foi formalmente apresentado à Administração Militar” e que o caso será avaliado “em face do ordenamento vigente, com toda a atenção e o respeito que exige”.

A história da transição da major começou há três anos, quando as questões dela com a identidade masculina fizeram com que ela buscasse ajuda médica. Renata conta que teve apoio psiquiátrico e psicológico dentro do Exército e, depois, passou dois anos em licença médica enquanto se recuperava de um quadro depressivo. A decisão de assumir a verdadeira identidade de gênero, feminina, aconteceu em 2018, enquanto ela participava da Parada LGBT de São Paulo.

— Comecei a tomar hormônios para a transição e fiz diversas cirurgias plásticas este ano para adequar o corpo e a mente. Na juventude, não tinha as mesmas informações de hoje — lembra a major, que ainda está finalizando o processo de mudança e se adaptando à nova realidade, que inclui corpo, voz e pronomes femininos.

Embora não saiba de onde partiram os ataques que recebeu virtualmente, Renata acredita que eles possam ter vindo de colegas lotados no próprio quartel em que ela trabalha, possivelmente surpreendidos com seu novo visual. Antes das ofensas, a militar já vinha tratando o tema com naturalidade e, além de ter visitado o local de trabalho já com a identidade feminina, enviou à unidade os documentos alterados com seu novo nome e foto para dar início ao processo de registro da mudança. Na balança, porém, Renata também se sentiu acolhida pela classe:

— Recebi mensagens de inúmeros militares e muitos deles eu conheci durante minha carreira no Exército. Meus superiores, quando foram informados, sempre buscaram me apoiar — declara a major, finalizando: — As mensagens positivas me deram muita força.

Leia a nota do Exército na íntegra:

“O Centro de Comunicação Social do Exército informa que o processo de mudança de gênero do Major Seixas ainda não foi formalmente apresentado à Administração Militar.

A Força Terrestre cumpre rigorosamente os preceitos legais, observando o que estabelece a Constituição Federal. Nesse contexto, a situação jurídica e os aspectos administrativos serão avaliados em face do ordenamento vigente, com toda a atenção e o respeito que o caso exige”.

João Paulo Saconi e Maiá Menezes

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