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Gravação telefônica aponta novos suspeitos de matar Marielle e indica Brazão como mandante

Uma conversa telefônica entre o miliciano Jorge Alberto Moreth e o vereador Marcello Sicilliano (PHS) aponta o político Domingues Brazão como mandante do atentado que resultou nas mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes. Ele teria pago R$ 500 mil pelo crime.

As informações são do portal UOL, que teve acesso a denúncia assinada pela ex-procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enquanto ainda estava à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR). Moreth, apelidado de Beto Bomba, é um dos chefes da milícia que atua em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Segundo a reportagem, na conversa com Sicilliano, ele apontou ainda três integrantes do Escritório do Crime que seriam os verdadeiros assassinos de Marielle e Anderson: Leonardo Gouveia da Silva, o Mad; Leonardo Luccas Pereira, o Leléo; e Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho.

O miliciano afirma que o trio teve o apoio do major da Polícia Militar (PM) Ronald Paulo Alves Pereira, que teria comandado o grupo de matadores de aluguel. Na denúncia ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por obstrução no Caso Marielle, Dodge arrolou o miliciano como uma das testemunhas da PGR.

Para a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), os assassinos são o PM da reserva Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, também apontados como integrantes do Escritório do Crime, braço armado da milícia de Rio das Pedras. Eles estão presos desde março e negam participação no caso.

Telefonema – Sicilliano e Moreth se falaram no último dia 8 de fevereiro, uma sexta-feira, quase um ano após a morte de Marielle. Cerca de um mês após a conversa, Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz foram presos. A gravação foi encontrada no celular de Sicilliano por agentes da Polícia Federal (PF), que apreenderam o aparelho do vereador.

Dodge considerou o arquivo de áudio como “a prova mais importante”, até o momento, do envolvimento de Brazão como “arquiteto do atentado”. A influência eleitoral de Domingos Brazão na comunidade de Rio das Pedras foi revelada em uma reportagem da Agência Pública.

Na data do telefonema, as suspeitas recaíam publicamente sobre Sicilliano e o miliciano Orlando Araújo, o Orlando Curicica. Eles foram acusados pelo testemunho do PM Rodrigo Jorge Ferreira. Ele admitiu posteriormente à PF que mentiu em seu depoimento.

Beto bomba era procurado pela Justiça desde 23 de janeiro, pois havia contra ele um mandado de prisão determinado no âmbito da Operação Intocáveis, cujo objetivo foi o de desmontar a milícia de Rio das Pedras e o Escritório do Crime.

Confira o diálogo divulgado pela UOL:

Só que o Sr. Brazão veio aqui fazer um pedido para um dos nossos aqui, que fez contato com o pessoal do Escritório do Crime, fora do Adriano, sem consentimento do Adriano. Os moleques foram lá, montaram uma cabrazinha, fizeram o trabalho de casa, tudo bonitinho, ba-ba-ba, escoltaram, esperaram, papa-pa, pa-pa-pa pum. Foram lá e tacaram fogo nela [Marielle]”, afirmou Moreth.

O diálogo continua com o miliciano a dizer quem seriam os assassinos:

Moreth: Mas você quer saber os nomes dos três moleques?

Sicilliano: Quero.

Moreth: Vou te falar aqui pra gente aqui hein, chefe, morre aqui hein?

Sicilliano: Claro.

Moreth: Mad, Macaquinho, que está foragido, e Leléo. E tinha uma guarita do… e tinha uma guarita do… tinham uma guarita de um oficial dando suporte para eles, se eles tomassem um bote no meio do caminho, que é o Ronald, que ia soltar, salvar os moleques, mas isso é a pedido do malandragem, do Sr Brazão, tudo isso saiu do Sr Brazão.

Os três criminosos citados — Mad, Macaquinho e Leléo — são matadores de aluguel do Escritório do Crime, indicam investigações da Polícia Civil do Rio. Há um ano, Leléo e Macaquinho foram denunciados pelo MP-RJ por chefiarem uma milícia no Morro do Fubá, na zona norte da capital fluminense.

[..]

Sicilliano: Mas esse tal de “Fininho” que foi o que fez a ponte com o Brazão?

Moreth: Sim. Tu não conhece o “Fininho” não cara, que trabalha pro Brazão aqui no Rio das Pedras não? (…) Ele fez esse contato, o bagulhinho foi quinhentos conto, irmão, pra matar aquela merda, quinhentos cruzeiros. Cada um levou uma pontinha, o carro saiu realmente lá de cima do Floresta [um clube na zona oeste do Rio], eles foram lá, tiraram foto, câmera, ba-ba-ba, só que o carro era um doublé e o carro já acabou, a arma já acabou. Um dos moleques já está foragido por outras coisas, eles têm pica pra caralho. De todos esses caras que morreram eles têm pica. Quem empurrou foi os três moleques a mando de Sr Brazão, simples.

Moreth: ( … ) Agora o que eu tô falando pro senhor? Qual foi a motivação eu não sei, o porquê que foi eu não sei, mas eu sei que o papo que rola, todo mundo, pensei que tu já sabia disso, pô.

Sicilliano: Não, já sabia, essa informação eu já sabia, mas o problema é que a gente tá tentando…

Moreth: Então eu te confirmo, eu te confirmo que é essa parada, foi essa parada… Agora, a motivação do Brazão, se foi por motivo torpe, ou por ganância, ou por raiva da mulher, por qualquer coisa … porque eles não acharam que ia dar essa repercussão toda, chefe!

Bahia.ba

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