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Estudo inédito mostra que risco de trombose e morte em pacientes internados por Covid-19 pode ser reduzido em 67% com uso de Xarelto® (rivaroxabana)

Conduta adotada em estudo feito no Brasil mostra que dezenas de milhares de mortes de pacientes internados por Covid-19, que apresentam risco alto de tromboembolismo na alta médica, podem ser evitadas.

São Paulo, 30 de agosto de 2021 – A associação de eventos trombóticos à internação por Covid-19 é cada vez mais estudada e compreendida. Segundo uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), 39% dos médicos entrevistados atenderam ao menos um paciente com Covid-19 que desenvolveu trombose. A partir desse número, a Science Valley Research Institute (SVRI) (www.svriglobal.com), empresa global de pesquisa e desenvolvimento, inovação e inteligência em pesquisa clínica, desenvolveu um estudo inédito que mostra que uso de Xarelto®️ (rivaroxabana) reduz em 67% o risco de tromboses e morte cardiovascular.

Os resultados da análise de dados do estudo The Michelle Trial foram apresentados no último dia 29 de agosto, no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, do inglês European Society Cardiology). A pesquisa foi realizada de forma inédita em vários centros do Brasil, contemplando a segurança e a eficácia do medicamento Xarelto®️ (rivaroxabana) de 10 mg, uma vez ao dia, no período pós internação em pacientes que foram hospitalizados por Covid-19 e com risco alto de tromboembolismo na alta.

Liderado pelo diretor médico do Centro de Estudos do Grupo Leforte e também co-fundador e presidente do Conselho de Diretores da Science Valley, Dr. Eduardo Ramacciotti, o estudo randomizado, prospectivo e controlado tem o potencial de ser um divisor de águas na tomada de decisão médica. Isso porque demonstrou uma redução relativa do risco de trombose (particularmente de sua forma mais grave, a embolia pulmonar) em pacientes internados por Covid-19 que fizeram uso profilático de Xarelto®️ (rivaroxabana) por 35 dias após alta hospitalar. Com resultados promissores, os dados comprovam que pacientes que utilizaram a droga tiveram três vezes menos risco de desenvolver trombose venosa profunda, em comparação com pacientes que não fizeram uso do medicamento. 

Durante a pesquisa, foram analisados 320 pacientes que estavam internados por Covid-19 e receberam a profilaxia padrão com enoxaparina ou heparina durante a internação. Para participar do estudo, eles precisavam ter mais de 18 anos e estar pelo menos três dias internados no hospital. Antes da alta hospitalar, o risco de desenvolver trombose nos membros inferiores e/ou embolia pulmonar foi avaliado através de um escore IMPROVE. Caso fosse detectado um risco aumentado para evento tromboembólico com baixo risco de sangramento no momento da alta hospitalar, os pacientes eram randomizados para receber Xarelto®️ (rivaroxabana) ou não fazer uso do anticoagulante.

O Dr. Ramacciotti explica que, por ser uma doença respiratória causada pelo vírus SARS-CoV-2, a Covid-19 leva a um risco aumentado de tromboembolismo venoso (TEV) em pessoas que tiveram a doença – especialmente as que apresentaram um quadro mais grave durante a internação. “O que acontece é que, mesmo com esse risco aumentado, não existem novas diretrizes incorporadas aos tratamentos atuais e nem evidências do melhor regime de dosagem ou consenso sobre o papel da profilaxia estendida para TEV. O estudo avalia justamente, para esses casos, se o Xarelto®️ seria uma opção eficaz e segura”, afirma. “Os médicos já sabem que a Covid-19 causa alterações no organismo, como processo inflamatório e coagulopatia. Agora é preciso buscar o melhor tratamento para essa população de pacientes”, complementa.

Os pacientes que participaram do estudo tinham em média 57 anos, tiveram uma média de 16 dias hospitalizados e 54,1% passaram pela UTI. Isso significa que cerca de metade dos pacientes analisados tinha um quadro clínico mais grave e com maiores chances de desenvolver trombose de membros inferiores, incluindo embolia pulmonar. Todos eles foram acompanhados até o dia 35 do estudo, quando então eram submetidos à uma ultrassonografia com Doppler dos membros inferiores e à angiotomografia pulmonar. O risco de sangramento maior também foi avaliado, pois é a complicação mais frequente com o uso de anticoagulantes.

O estudo mostrou também que que o uso de Xarelto®️ (rivaroxabana) como profilaxia estendida não provocou um aumento do sangramento nessa população criteriosamente selecionada. “Acreditamos que o resultado promissor que obtivemos com o estudo pode ser considerado o primeiro passo para uma melhor tomada de decisão clínica, a fim de diminuir os casos de trombose em pacientes que se recuperaram da Covid-19 e já tiveram alta hospitalar. É importante que os médicos fiquem atentos aos sinais, características e quadro clínico do paciente, encarando-os de forma individualizada, visto que os resultados positivos são referentes a características específicas do paciente, com ressalvas no risco de sangramento, medicações concomitantes e clearance de creatinina menor que 30, por exemplo”, diz o Dr. Ramacciotti.

O cirurgião vascular reforça que, como qualquer outro medicamento, o uso de Xarelto®️ (rivaroxabana) deve ser feito mediante prescrição médica, dentro do que está aprovado em bula no Brasil. “Vale ressaltar que não está claro ainda se as anormalidades da coagulação ocorrem devido ao efeito direto do SARS-CoV-2 ou indiretamente pelo aumento de fatores inflamatórios, lesão dos vasos sanguíneos, ou por uma combinação de mecanismos. Atualmente, há uma indicação clara de tromboprofilaxia farmacológica intra-hospitalar para cada paciente com Covid-19 após a avaliação do risco de sangramento”, explica. “O que o estudo Michelle trouxe foi identificar o paciente que pode se beneficiar da profilaxia após a alta hospitalar com a dose e o tempo certo de profilaxia reduzindo assim, de forma significativa, os eventos tromboembólicos e as complicações pós internação por Covid-19”, finaliza.

Mais sobre o Dr. Eduardo Ramacciotti

MD, PhD, Cirurgião Vascular e Endovascular.

Pesquisador de doenças cardiovasculares e Ensaios Clínicos Globais.

Eduardo Ramacciotti é Professor Titular de Cirurgia Vascular e Endovascular da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). É professor visitante do Loyola University Medical Center (Chicago, EUA), afiliado aos Departamentos de Patologia e Farmacologia. Tem amplo conhecimento na área cardiovascular, com foco em trombose, hemostasia, doenças das artérias periféricas e desenvolvimento de medicamentos. Ramacciotti é pesquisador clínico e mentor de alunos de pós-graduação e programas de Ph.D. Sua formação inclui os títulos de MD, MPH e Ph.D. (em trombose), com dois programas de bolsa (pós-doutorado), incluindo pesquisa básica e clínica na Universidade de Michigan e no Centro Médico da Universidade de Loyola (Chicago, EUA). A sólida experiência em publicações inclui 95 principais artigos publicados, quatro livros (sumários executivos), além de convidado recorrente para palestras em reuniões médicas internacionais. Em 2017, o Dr. Ramacciotti recebeu o prêmio Outstanding Achievement Award do Global Trombosis Forum (GTF) ligado ao North American Thrombosis Forum (NATF) por suas contribuições em educação e pesquisa em embolia pulmonar e doença arterial periférica. Sua carreira foi marcada pelo cargo de diretor médico global da Bristol Myers Co R&D, em Nova York, de 2010 a 2014, onde assumiu a direção da pesquisa clínica da fase básica à fase tardia (da “bancada à cabeceira”) nas áreas cardiovasculares, incluindo o anticoagulante oral apixaban.

Mais sobre a Science Valley

Fundada em 2018, na cidade de Santo André, e com escritórios em São Paulo (Brasil) e Miami (Estados Unidos), a Science Valley Research Institute (SVRI) – www.svriglobal.com – se torna o primeiro Instituto de Pesquisa Internacional Multicêntrico do mundo, com uma gestão integrada de todas as pontas da pesquisa clínica. Atualmente, a empresa opera 10 Centros de Pesquisa qualificados, em dois estados brasileiros (São Paulo e Paraná), sendo responsável por gerenciar todas as cinco fases dos processos de desenvolvimento, contando principalmente com ensaios clínicos (estudos pré-clínicos e clínicos de fases 1 a 4) e apoiar toda a indústria de saúde (patrocinadores/sponsors, médicos, instituições e pesquisadores) no desenvolvimento de insumos farmacêuticos, matérias primas, medicamentos, vacinas, tratamentos, procedimentos cirúrgicos, estudos de custo afetividade e dispositivos/ equipamentos para a saúde humana.

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