Cotidiano

Estudante muçulmana é interrompida durante Exame de Ordem por usar véu e é reprovada

MULCUMANA - VEUUma estudante do último ano de direito foi interrompida por duas vezes por fiscais de prova enquanto fazia o Exame de Ordem aplicado no último domingo (15), em São Paulo, por estar vestindo o hijab – véu islâmico. A estudante Charlyane Silva de Souza, de 29 anos, relata que leu o edital e não encontrou qualquer informação sobre o impedimento de utilizar a peça por conta de sua religião. Ela afirma que antes de entrar na sala foi levada à coordenação do concurso onde retirou o véu para revista e então seguiu para a prova. Depois de 40 minutos do início da prova, ela foi interrompida novamente e levada à coordenação. Lá, ela foi informada de que não poderia fazer o exame usando “acessórios de chapelaria”. Ainda foi questionada se tinha algum documento que comprovasse que era muçulmana, já que qualquer pessoa poderia se “fantasiar” e fazer a prova alegando ser muçulmano. A estudante foi liberada para voltar à sala para fazer a prova, mas 30 minutos depois, o vice-presidente da Comissão Permanente de Exame da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), Rubens Decoussau Tilkian, foi ao encontro da candidata. Ele perguntou se ela se sentiria desconfortável se retirasse o véu, e a jovem respondeu que sim, “até porque eu não posso retirar meu véu em locais públicos”. Então, foi levada a uma sala isolada onde terminou a prova acompanhada de um fiscal. Ao G1, Charlyane diz que o hijab não é um simples objeto de chapelaria, por ser parte de sua vestimenta. Em nota ao portal G1, a Coordenação Nacional do Exame de Ordem afirmou que “tal norma busca impossibilitar que sejam cobertas as laterais do rosto e ouvidos dos candidatos”. “A necessidade de fiscalização não pode em hipótese alguma sobrepor a liberdade religiosa dos candidatos. Diante do ineditismo do ocorrido, sem precedente similar que tenha chegado à Coordenação Geral do Exame ao longo de suas 16 edições, a OAB estudará novos procedimentos para que constem no edital itens levando em consideração o respeito ao credo”. A estudante foi reprovada no exame e diz que as interrupções tiraram sua concentração e a fizeram perder tempo de prova. Ela espera não sofrer mais esse tipo de constrangimento no próximo exame.

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