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Estudante de direito da UFBA fala sobre Intercâmbio na Europa durante pandemia de coronavírus

Soteropolitano está na Irlanda em meio a pandemia de Covid-19.

Na manhã desta quinta-feira (26), a redação Mídia Bahia conversou pelo aplicativo WhatsApp com o soteropolitano Caio Negrão, estudante de direito da Universidade Federal da Bahia – UFBA, o jovem está na Irlanda, desde o dia 23 de janeiro de 2020, a intenção era ficar no exterior por seis meses, para melhorar a fluência do inglês.

Negrão comentou sobre o pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), no continente europeu, do medo em contrair a doença e da forma de funcionamento do sistema de saúde.

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Como é que está sendo para você estar na Europa nesse momento onde se registra no continente o dobro do número de casos registrado na China?

“Então Leandro, em primeiro lugar, posso te dizer que é um grande risco estar aqui na Europa, porque aqui é um novo epicentro dessa pandemia que a OMS [Organização Mundial da Saúde] disse, assim, como o número de casos está aumentado de uma maneira muito mais veloz que outros países. Aqui a gente tá vivendo o constante medo de ser próxima pessoa, toda hora sai aqui no jornal alguém que morreu por causa do coronavírus, pessoas que foram infectadas, atualização do número de casos, acontece por exemplo o governo ligar para conhecidos meus e perguntar, porque eles tiveram contato com alguém que contraiu o coronavírus e ai a gente acaba vivendo dessa forma, muito preocupado e correndo risco mesmo de ser a próxima pessoa a receber uma ligação do governo, ser a próxima pessoa que possa acabar contraindo essa doença, então é um grande risco, mas ao mesmo tempo há um pouco de esperança pois aqui as pessoas são muitos conscientes. Logo quando começou essa crise do coronavírus, antes de começar a fechar os comércios, as pessoas por si só, já estavam mantendo a política do afastamento, mantendo distância de dois metros, eu lembro que uma vez eu fui ao mercado, e acabei me aproximando um pouco de uma pessoa, porque ia pegar um item na prateleira, e ai automaticamente ela se afastou de mim, porque ela já estava considerando possibilidade de eu ter o vírus, mesmo sem me conhecer e tal, então aqui as pessoas acabam respeitando muito mais essas regrinhas de saúde mesmo, de manter distância, de usa luva, usar máscara, álcool gel, então ainda que seja um grande risco, a gente acaba tendo um pouco mais de segurança e de fé mesmo que vai dar tudo certo, pelo cuidado que as pessoas tem, pelo zelo, consigo mesmo e consequentemente com o próximo.”

Quanto as medidas de restrição, como o governo se comportou em relação ao comércio e a população.

“No primeiro momento, quanto começou a ter os casos de coronavírus na China, o governo começou alertar a população, do risco, que era o coronavírus, a gente começou a ver panfletos em todos os estabelecimentos, comerciais, repartições públicas, ônibus começaram a dar avisos a população, mas como não tinha nenhuma caso confirmado na Europa a gente meio que não se preocupou muito, mas quando teve o primeiro caso confirmado, ai acendeu um alerta para as pessoas e para o governo, foi quando comecei a reparar as pessoas andando nas ruas com álcool gel na mão, com máscara, luva, só que no primeiro caso suspeito de corona aqui na Irlanda, país que estou, as pessoas pararam de circular mesmo, começaram a evitar, começaram a ficar em casa, isso mostra uma consciência muito forte da população, mas ainda assim estabelecimentos estavam aberto, a partir do momento que teve o caso confirmado, o governo teve uma atuação que achei que foi cirúrgica, dois dias depois, eles fecharam escolas, bares e restaurantes, estabelecimentos que aglomeram mais pessoas, isso aconteceu salvo engano em 15 de março, e anunciaram fechamento por pelo menos duas semanas, quando foi ontem eles anunciaram a extensão do fechamento e aumentaram o rol de estabelecimentos a ser fechados…” Ouça o áudio e a integra da resposta.

Como é o sistema público de saúde?

“Para a gente que é brasileiro o sistema de saúde da Irlanda é muito curioso, é muito diferente, para um país de primeiro mundo, a gente acha que tudo aqui é melhor, incluindo a saúde, mas quando a gente sai, a gente percebe que, ele é um pouco diferente, uma coisa que não faz sentido, ué como assim? Um pais de primeiro mundo não tem um sistema de saúde, desse jeito, é a coisa que mais acontece, a coisa mais comum, ao contrário do Brasil, a saúde pública da Irlanda é paga, tem pouquíssimas ofertas de serviço de saúde que são gratuitos, pouquíssimos mesmo, normalmente na área obstétrica, voltados para cuidado do bebê, o resto você paga tudo, os mesmo problemas que você tem no Brasil, você tem aqui, se você optar pela saúde pública, normalmente quem opta por isso é quem não ter condições, é quem ganha pouco, etc. você vai ficar meses esperando para ser atendido, mesmo pagando, meses para receber o resultado de um exame, você precisa de algum serviço que não é ofertado pelo sistema público e acaba não tendo como fazer, e muita gente acaba optando por pagar mais caro e ir no sistema privado que é bem melhor, mais eficiente, tem uma gama de serviços ofertados e de melhor qualidade, só que é muito mais caro, tem até um estudo que eu visualizei que fala que os maiores gastos do irlandês, do europeu como um todo, é com saúde, aqui na Europa é comum o sistema de saúde pago, coisas simples como uma dor de cabeça, você vai num clinico geral, para ele lhe fazer o encaminhamento para o especialista em alguma área, sai por pelo menos € 100…” ouça a resposta completa no áudio.

A Irlanda tem 1,564 confirmados de Covid-19, 5 pessoas foram curadas e 9 faleceram no país, o continente europeu contabiliza 60% dos novos casos no mundo, o balanço mais recente indicou 15,500 mortes, a maioria na Itália (8.165) e Espanha (4.089) e 268.191 contaminações confirmadas.

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