Saúde

Estresse aumenta risco de desenvolver olho seco, mostra estudo

Doença atinge de 10 a 30% da população.

São Paulo, 28 de agosto de 2020 – Como está o seu nível de estresse nessa quarentena? Saiba que altos níveis de tensão podem contribuir para desenvolver a Síndrome do Olho Seco. Essa foi a conclusão de um estudo publicado recentemente no periódico Eye & Contact Lens.

O olho seco é uma doença oftalmológica muito comum, que atinge de 10% a 30% da população em todo o mundo. Segundo a oftalmologista Dra. Tatiana Nahas, Chefe do Serviço de Plástica Ocular da Santa Casa de São Paulo, trata-se de uma condição multifatorial que afeta o filme lacrimal e causa inflamação na superfície ocular.

“A doença causa prejuízos na produção ou na qualidade da lágrima. Como consequência, há ressecamento da superfície do olho, da córnea e da conjuntiva. Entre os sintomas mais comuns estão a secura ocular, dor, desconforto, visão embaçada, sensação de corpo estranho, coceira e fotofobia”, afirma Dra. Tatiana. 

É uma condição que prejudica a qualidade de vida dos pacientes e incomoda bastante, além de ser potencialmente prejudicial para a córnea.

Estresse pode desencadear o olho seco
Sabe-se que o estresse afeta muito o sistema imunológico, levando a quadros de inflamação crônica. E foi exatamente essa uma das hipóteses levantadas pelos pesquisadores.

Segundo o estudo, o estresse aumenta a produção das citocinas, moléculas que participam da regulação do sistema imunológico, acelerando o processo inflamatório para combater infecções.

Porém, alguns tipos de citocinas podem levar a um estado inflamatório sistêmico. Essa característica de algumas citocinas pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento de várias doenças, incluindo a síndrome do olho seco.

Opinião da especialista
“É interessante sabermos que além dos fatores de risco bem estabelecidos, como o uso prolongado das telas, uso de lentes de contato, doenças sistêmicas que afetam o filme lacrimal, entre outros, o estresse também está relacionado à síndrome, como apontou essa pesquisa”, comenta Dra. Tatiana.

“A maioria da população está com o nível de estresse aumentado devido à pandemia. É importante explicar que a síndrome do olho seco, em sua primeira fase, responde aos estímulos ambientais em pessoas suscetíveis a desenvolver o problema. Por isso, sabendo quais são os fatores de risco, podemos reduzir nossa exposição a eles”, ressalta a oftalmologista.

Além do estresse, nesses cinco meses de confinamento, foi comum o uso prolongado das telas.

“A tecnologia foi essencial para o enfrentamento do isolamento social. Porém, o uso prolongado é prejudicial para a visão. Quando estamos diante da televisão, do tablet, do computador ou do celular, piscamos menos. E isso prejudica o filme lacrimal”, explica Dra. Tatiana.

O tratamento consiste no uso de lubrificantes, além de ser necessário reduzir a exposição aos fatores de risco.
 
Já a prevenção passa pela mudança de hábitos, como reduzir a exposição as telas e gerenciar o estresse. “Como muitas pessoas precisam do computador ou do celular para trabalhar, a recomendação é procurar piscar mais e fazer intervalos a cada 50 minutos”, comenta a médica.

A pausa também pode ajudar a prevenir o desenvolvimento ou o agravamento da miopia. “O uso das telas depende da visão de perto. E dentro de casa também usamos mais a visão de perto do que a de longe. Por isso, é importante a pausa, que deve servir para olharmos para o horizonte, dando um descanso para a visão de perto”, exemplifica Dra. Tatiana.

Por fim, pacientes com a síndrome do olho seco precisam ser acompanhados de forma regular por um oftalmologista, porque a doença pode evoluir e causar lesões na córnea.  

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