Cotidiano

Esquerda baiana reage após professora ser acusada de doutrinar comunismo

Após a grande repercussão da intimação contra uma professora de filosofia do Colégio Estadual Thales de Azevedo, na capital baiana Salvador, diversos políticos de esquerda se manifestaram. A docente foi intimada pela polícia para prestar esclarecimentos após um aluna registrar ocorrência alegando que ela ensinava “conteúdo esquerdista” em sala de aula.

Entre os assuntos abordados, estariam questões de gênero, racismo, assédio, machismo e diversidade. A professora, que pediu para não ser identificada, contudo, está sendo acusada por grupos bolsonaristas de doutrinar o comunismo em sala de aula.

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) afirmou que a “liberdade de cátedra assegura a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”. “Garante o pluralismo de ideias e concepções no ensino. Os professores e professoras não podem perder a autonomia pedagógica. Isso é um absurdo!”, afirmou a parlamentar comunista.

A deputada federal Lídice da Mata (PSB) também repudiou veementemente o fato. “Fui surpreendida com essa notícia absurda de que uma aluna teria denunciado uma professora por conteúdo esquerdista. Isso é inadmissível e é contra a Constituição Federal. É contra a liberdade de o professor defender suas opiniões em sala de aula e, principalmente, passar os conteúdos de suas matérias. É isso que eles querem fazer no Brasil: uma divisão e uma atitude de um Estado policialesco e de censura”, ressaltou Lídice. “Nós dizemos não a essa atitude! E dizemos sim à liberdade, à democracia no Brasil e, por isso, Fora Bolsonaro e sua gente com a escola dita ‘sem partido’, que é uma escola ideológica, com partido de extrema direita”, emendou.

Líder da oposição na Câmara de Salvador, a vereadora Marta Rodrigues (PT) foi outra que repudiou o caso. A edil, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e de Defesa da Democracia do legislativo municipal, informou que irá reunir o colegiado para discutir o fato, considerado por ela como “absurdo” e “inaceitável”. 

“Essa circunstância fere gravemente a liberdade de expressão e o direito de cátedra, princípios garantidos na Constituição Federal. É um absurdo que estejamos vivendo essa situação no Brasil e principalmente em Salvador e na Bahia, onde sempre pautamos a democracia e a liberdade de ensino como primordiais. Como dizia o educador Anísio Teixeira a escola deve ser a máquina de fazer democracia”, criticou.

O caso está sendo acompanhado pela APLB-Sindicato, que garantiu todo o apoio jurídico e psicológico a professora. Na manhã desta sexta-feira (19), alunos do Thales de Azevedo fizeram uma manifestação em apoio à educadora. Segundo eles, em nenhum momento a professora tentou impor qualquer temática que não fizesse parte do plano pedagógico. A Polícia Civil afirmou que está acompanhando o caso.

Bnews

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