Cidades

Empresários da Bahia pressionam ministro e cobram do governo obras em ferrovia

FERROVIASPor essa o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, não esperava. Ele se reuniu ontem com empresários baianos para apresentar projetos do Plano de Investimentos Logísticos (PIL) na Bahia, mas acabou tendo que se explicar em relação às ausências no pacote de obras. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), seja pela ausência no PIL, pelo traçado da via ou pelo anúncio de redução no ritmo das obras físicas devido às dificuldades de caixa do governo federal, foi o principal foco das críticas. Pressionado por representantes de entidades empresariais e do governo baiano, restou a Rodrigues acenar para a possibilidade de alterar o PIL para a inclusão de projetos que estão ausentes e para a possibilidade de alterar o traçado da Fiol, a fim de integrá-la a outros projetos ferroviários em curso no Brasil, com a Ferrovia de Integração Norte-Sul e a Bioceânica. Além disso, o ministro se comprometeu a retornar à Bahia em setembro para tratar especificamente de investimentos ferroviários. Logo no início, o ministro bem que tentou agradar aos baianos. Anunciou um acordo com a concessionária Via Bahia, que administra as concessões da BR-324, entre Salvador e Feira de Santana, e a BR-116, entre Feira de Santana e a divisa com Minas Gerais. Segundo Rodrigues, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) prevendo a construção de 23 quilômetros da terceira faixa de trânsito na 324, entre Salvador e Simões Filho, será assinado até o fim do mês. “Os problemas com a Via Bahia ficaram no passado, nós repactuamos a relação para que a concessão atenda os anseios do povo da Bahia”. Duplicação – Além disso, o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes na Bahia (Dnit), Amauri Lima, anunciou que o governo vai lançar os projetos de licitação para os trechos da BR-101 que ainda não têm previsão de duplicação até o final do ano. Entre Eunápolis e Mucuri, Extremo Sul, o edital será lançado em agosto, disse. E o trecho entre Gandu e Eunápolis deve ser lançado até dezembro. Anfitrião do encontro, o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, manifestou preocupação com a ausência de projetos “importantes para a Bahia” no PIL. Além de citar a Fiol, Alban destacou a necessidade de um volume maior de investimentos nos portos, especialmente Aratu. “Deixamos de aproveitar aquilo que a natureza nos deu. Temos a segunda maior baía do mundo, com águas abrigadas e que tem uma subutilização endêmica”, avaliou, destacando a necessidade de uma convergência de esforços para o desenvolvimento do setor portuário baiano. “A agricultura brasileira tem 20% de perdas por conta de problemas logísticos. Este é um ponto que nos preocupa bastante”, ressaltou o presidente da Fieb, lembrando que a construção da Fiol e do Porto Sul são importantes para a atividade na Bahia.
Fiol – O ministro explicou que a Fiol ficou de fora do PIL porque ainda não tem nenhum trecho em condições de ser operado, o que tornaria uma eventual concessão agora desinteressante. Ele explicou que chamou as empresas responsáveis pela obra para informar que o ritmo seria reduzido por falta de recursos neste momento de ajuste fiscal. De acordo com o superintendente de Planejamento da Valec, Paulo Lano, estão previstos R$ 101 milhões para a Fiol entre julho e dezembro deste ano. “A prioridade neste momento é preservar o que já foi feito e não iniciar novas obras”, argumentou. A explicação para a parada no projeto que deve ligar a região Oeste do estado ao litoral Sul, em Ilheus, não convenceu os presentes. O presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia, João Martins, lamentou as deficiências logísticas e disse que o que estava sendo apresentado era insuficiente para atender aos anseios do setor produtivo. “Nossa competitividade no campo termina da porteira pra fora, onde começam os ônus, que estão no escoamento”, explicou. “Eu não estou convencido de que teremos algum tipo de melhoria em nossa competitividade a médio prazo com isto que está sendo colocado aqui”, criticou.
Segundo plano – Para o presidente do Centro das Indústrias da Bahia (Cieb), Reginaldo Rossi, o governo federal estaria cometendo uma injustiça com a Bahia ao não priorizar a Fiol. “A Bahia, sobretudo o setor produtivo do estado, não aceita e não pode aceitar a paralisação da Fiol. Entendemos que foi feito um projeto, tendo sido dado um start, em algum momento as coisas mudam e a Bahia é prejudicada”, disse. Rossi acredita que o estado vem sendo colocado em segundo plano. “Nas horas em que Brasília está tendo lucro, não somos chamados a dividir o lucro. É interessante. Só temos sido chamados na Bahia, e as últimas eleições provaram isso, para dividir o prejuízo”. O ministro rechaçou a possibilidade de algum preconceito em relação ao estado, mas ponderou não ter recursos no momento para manter o ritmo de obras acelerado na Fiol. “O que eu tenho de recursos no momento eu investi na Fiol. A ferrovia não está parada e não vai parar. Hoje eu tenho um volume menor de recursos, eu chamei os empresários e fiz uma adequação do que eu tenho no momento”, disse. (Correio)

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