Cidades

Em crise de imagem, PT usa eleição para plano de 'reconstrução'

PT - ESTRELINHASSem poder contar com financiamentos empresariais e em meio à maior crise de imagem de sua história, o PT decidiu adotar nas eleições municipais do ano que vem uma estratégia semelhante à que era usada nos anos 1980, nas origens do partido.

A ideia é lançar o maior número possível de candidatos a prefeito, mesmo com poucas chances de vitória, para ocupar os espaços no debate político, principalmente no rádio e na TV, para fazer a defesa do partido. Se nos anos 1980 as candidaturas foram usadas na estratégia de construção do PT e difusão de suas bandeiras, agora fazem parte do esforço de reconstrução da sigla, abalada por intermináveis denúncias de corrupção envolvendo seus principais líderes e pelas crises econômica e política que marcam o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Em documentos oficiais, o PT ainda fala em “manter a trajetória de crescimento”, mas em conversas reservadas integrantes do partido admitem que, em função da crise, a legenda deve, pela primeira vez em sua história, sair de uma eleição municipal menor do que entrou. “As eleições não são um fim em si mesmo”, diz a resolução eleitoral aprovada quinta-feira pelo Diretório Nacional do PT. O documento marca o início formal do debate eleitoral e define a estratégia para 2016. “Vamos ter como centro do debate a defesa do PT. Isso vai nos levar a um número grande de candidaturas para que os espaços políticos sejam ocupados, principalmente onde há rádio e TV”, disse o presidente do PT, Rui Falcão.

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Segundo ele, a ideia é lançar o “maior número possível” de candidatos desde que não atropelem alianças já consolidadas com partidos da base. O foco principal é a eleição geral de 2018. A estratégia vai no sentido contrário à adotada nos últimos pleitos, quando o PT adotou uma postura mais pragmática, privilegiando as cidades onde o partido tinha chances reais de vitória e, nas demais, fez coligações com aliados. Alguns pré-candidatos já reclamam da orientação.

Muitos deles querem esconder o PT e Dilma e focar suas campanhas nas questões locais para se preservar do desgaste do governo e da rejeição ao partido. O antipetismo já é visto como um dos maiores entraves para os candidatos do partido em 2016. Por isso, vários prefeitos estão deixando a legenda para concorrer por outras siglas. Dos 632 prefeitos eleitos pelo PT em 2012, 69 saíram. Isso levou o próprio Lula a abordar o assunto na quinta-feira. “Quem quiser sair que saia.

Este partido tem porta de entrada e porta de saída”. Outra semelhança da estratégia traçada para 2016 em relação aos primórdios do petismo é a falta de dinheiro. O partido aboliu as contribuições empresariais em suas campanhas. “Nada melhor do que usar o verbo e gastar muita sola de sapato”, disse Falcão em comunicado à militância petista. Neste cenário, a reeleição de Fernando Haddad em São Paulo ganhou ainda mais importância. “Se ganharmos São Paulo ganhamos a eleição”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião do Conselho Político do PT, em setembro.

O prefeito enfrenta os piores índices de popularidade desde sua eleição e já consultou aliados sobre a possibilidade de deixar o partido. Segundo o presidente do PT paulistano, Paulo Fiorilo, a nova estratégia vai exigir esforço. “Aquela militância dos anos 80 ficou muito distante do PT”, admitiu. “Mas por outro lado o PT, com seus 37 diretórios zonais, tem mais capilaridade para fazer o diálogo com a população, algo necessário em uma campanha com pouco dinheiro”, completou. O PT também ainda não sabe o que fazer com Dilma. “Ainda não discutimos isso. Temos que saber se ainda vem algum recurso federal, com o que podemos contar”, disse Fiorilo.

Estadão

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