Política

Em clima de festa, Temer recebe deputados e discute apoio no Congresso

MICHEL TEMMER - ROSTO

A cinco dias da votação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer, recebeu uma romaria de deputados de diversos partidos nesta terça-feira. Parlamentares que estiveram no local narraram ao site de VEJA um clima de festa entre os presentes, com direito a fila de carros na entrada, rodas de conversa entre os congressistas e a discussão de planos para um eventual governo do peemedebista. “Hoje, o Palácio do Planalto virou o Jaburu”, resumiu o deputado Sandro Alex (PSD-PR).

As portas do Jaburu estiveram abertas no mesmo dia em que partidos como PP e o PRB anunciaram apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, tornando a situação da petista cada vez mais delicada. O processo por crime de responsabilidade será votado neste domingo no plenário da Câmara dos Deputados.

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Foram ao encontro de Temer deputados de mais de dez partidos, entre eles PMDB, PR, PSD, DEM, PSC, PSDB, PSB, PP e Solidariedade, totalizando, conforme estimativas dos presentes, cerca de 70 pessoas. O entra e sai começou logo no início da manhã e aconteceu ao longo de todo o dia.

O mesmo roteiro é esperado para esta quarta-feira. “É uma demonstração de apoio e de expectativa de poder. Há todo um processo de aproximação: começa conhecendo e vai manejando até o casamento”, narrou um congressista.

Aos deputados, Temer se apresenta de forma cordial e receptiva – características raramente percebidas na presidente Dilma Rousseff. De dentro do seu escritório, ele afirmou a um parlamentar que vai respeitar o Congresso Nacional em um eventual governo, prometendo, inclusive, comparecer ao Parlamento para dialogar com seus aliados – outra medida longe de ser costume de Dilma.

No “beija-mão”, o vice-presidente da República também reforçou que vai precisar do Congresso para tirar o país da paralisia e ponderou que uma solução aos problemas nacionais não virá de forma rápida. “O Michel estava na dele. Agora, começa a trabalhar e a fazer política. Ele sabe que vai ter de fazer uma salvação nacional e chamar todos os partidos para ter governabilidade”, resume um peemedebista.

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Conforme o relato, a ideia de bater à porta do Jaburu se dá por iniciativa dos próprios deputados. Em anonimato, um aliado de Temer contou à reportagem que levou nesta tarde um grupo de dez parlamentares evangélicos que queriam conhecer o vice-presidente. Todos eles devem votar pelo impeachment de Dilma. “Passamos dos 350 votos hoje”, afirma o deputado.

PMDB – Uma das principais reuniões no Jaburu se deu no início da noite desta terça-feira. Foram ao encontro de Michel Temer deputados do PMDB indecisos ou com tendência a ajudar Dilma Rousseff a escapar do impeachment, entre eles José Priante (PMDB-PA), Fábio Reis (PMDB-SE) e Alberto Filho (PMDB-MA). Considerado a última trincheira de Dilma na bancada, o líder Leonardo Picciani (RJ) conduziu a reunião.

“Estamos construindo um caminho para o Picciani. Ele ainda está um pouco indisposto com a situação porque o encaminhamento será favorável ao impeachment”, disse o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). “Um passo a cada dia. Nós todos apoiamos o Picciani, se ele tomar a posição e votar conosco, se fortalece dentro da bancada.”

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Ficou agendada para a próxima quinta-feira reunião para definir a posição da bancada durante a votação do impeachment. Conforme peemedebistas presentes no encontro, Picciani disse de maneira reservada ao vice que ele e os ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência & Tecnologia), que vão pedir exoneração e reassumir o mandato de deputado, votarão contra o processo. Ele, no entanto, deve defender da tribuna da Câmara a posição da maioria sobre o impeachment.

Aos correligionários, Temer repetiu a tese de que mandou por engano o áudio em que antecipa o discurso que faria em uma eventual aprovação do processo de impeachment em plenário. Ele disse ter sido instado por um colega a preparar um pronunciamento e, ao enviar para ele um desenho de discurso, acabou encaminhando a um grupo errado, o que levou ao vazamento da gravação. “Respondi que o erro foi uma providência divina”, contou um deputado, fazendo menção à romaria na casa do vice um dia após o episódio.

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