Saúde

Eletroconvulsoterapia é tratamento eficaz e indolor para transtornos mentais graves

Dr Luiz Fernando PedrosoUm tratamento eficaz, que tem contribuído na redução do sofrimento de milhões de pacientes ao longo dos anos, em todo o mundo. Assim se pode definir a eletroconvulsoterapia (ECT), popularmente conhecida como tratamento de eletrochoque. Apesar de sua importância, o método ainda sofre com o estigma de punição associado a ele, embora seja totalmente indolor.

Conforme dados divulgados pelo Instituto de Psiquiatria Avançada e Neuromodulação (IPAN), a Eleltroconvulsoterapia (ECT) é um dos tratamentos indicados para alguns tipos de depressão e outros transtornos, com índices de eficácia que chegam a 90%. Estudos demonstram sua superioridade em relação a tratamentos com medicamentos, que apresentam eficácia entre 60% e 70%. Nos casos de episódios depressivos primários, ou seja, onde há ausência de transtornos mentais comórbidos e ausência de doenças físicas, a taxa de remissão é estimada entre 80% e 90%.

Apesar dos estigmas, a Eletroconvulsoterapia (ECT) é considerada um procedimento seguro e eficaz, sendo utilizado no mundo inteiro para o tratamento de depressão e outros transtornos mentais.

“O tratamento é utilizado principalmente para tratar casos graves de depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia, e é indicado após avaliação do psiquiatra, comumente em casos em que se necessita de uma melhora rápida e consistente (nos quadros de catatonia ou risco de suicídio) e em pacientes que não responderam a medicações ou tiveram reações adversas”, explica o psiquiatra e diretor clínico da Holiste Psiquiatria, Luiz Fernando Pedroso.

O processo promove uma reorganização do cérebro através da liberação e reequilíbrio dos principais neurotransmissores relacionados aos transtornos mentais, incluindo a serotonina, a noradrenalina, a dopamina e o glutamato.

Para o diretor clínico da Holiste, apesar do método ser praticado pelos principais hospitais e clínicas psiquiátricas do mundo, a falta de um conhecimento mais aprofundado sobre o assunto fez com que a ECT fosse, por muito tempo, incompreendida e equivocadamente associada às torturas com choque elétrico realizadas pela ditadura militar no Brasil.

“Nestes quase 20 anos realizando o tratamento de ECT, testemunhamos a melhora de muitos pacientes que chegavam desacreditados de uma possível recuperação, pois o tratamento medicamentoso já não surtia qualquer efeito. A eletroconvulsoterapia devolveu, para muitos destes pacientes, a possibilidade de levar uma vida normal, através da contenção das crises e seus sintomas”, pontua.

O tratamento

Para se submeter à ECT é necessário que, além da indicação do psiquiatra, o paciente passe por uma avaliação clínica do seu estado geral, com a realização de exames de sangue, avaliação cardiológica, consulta pré-anestésica e outros procedimentos que, a depender do caso, podem ser solicitados pelos médicos.

Os aparelhos de ECT modernos trabalham com pulsos breves e carga controlada, tudo programado através de um computador. A aplicação é realizada com o paciente anestesiado, num ambiente com monitoração cardiorrespiratória constante. Além do psiquiatra, um anestesista e um profissional de enfermagem acompanham todo o procedimento, que é totalmente indolor. Após alguns minutos da aplicação, o paciente já tem total condição de voltar para casa.

Apesar disso, os aparelhos antigos também são eficazes no tratamento dos transtornos mentais. Os avanços tecnológicos dos equipamentos atuais tornaram a prática ainda mais segura, prática e confortável para o paciente, mas é um erro acreditar que as maquinas antigas são ineficientes ou instrumentos de tortura.

“É impensável que profissionais da saúde ainda acreditem que o eletrochoque pode ser utilizado para torturar pacientes, é simplesmente absurdo. No momento em que a eletricidade passa pelo cérebro da pessoa ela fica inconsciente e não tem qualquer sensação do procedimento, só recuperando a consciência minutos depois. Por isso quem ataca o eletrochoque o faz por pura ideologia, sem embasamento científico algum”, afirma Pedroso.

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