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É normal fazer cocô durante o parto?

Sim, a maioria das mulheres fazem. Entenda

O nascimento é um evento natural e fisiológico e, por isso, fazer cocô no trabalho de parto é completamente natural. Embora o assunto ainda seja tabu, médicos, parteiras, doulas e outros profissionais de saúde reforçam que existem vários motivos importantes para que isso aconteça, mas nenhum para que a mulher se envergonhe da situação.
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Fazer cocô no parto é normal

Para o obstetra Alberto Guimarães, da rede Parto sem Medo, antes de falar do cocô no parto é essencial desmitificar o tabu que existe em torno da evacuação. Uma das formas de conseguir isso, de acordo com ele, é tratando o assunto com a naturalidade devida. “Nos cursos de gestante eu falo que nesta hora não precisa prender nada. Digo que, se tiver alguém na sala que não faça cocô, então deve me avisar, para que eu tire uma foto e fique famoso por ter conhecido a única pessoa do mundo que não faz cocô”, brinca, em uma tentativa de fazer com que as mães encarem esse fato sem encanação.
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Por que isso acontece? Acontece com toda mulher?

Segundo o médico, a condição é completamente natural e a imensa maioria das mulheres passará por essa situação – e, é claro, existe um motivo para que ela aconteça. “O intestino fica atrás do canal vaginal. Quando o bebê está passando, ele empurra toda essa região. É por isso que enquanto a cabeça passa, a mulher sente uma sensação como se estivesse evacuando”, explica.
Muitas vezes o corpo começa a se preparar com antecedência para esse momento. Um dos sintomas que indicam que o trabalho de parto vai começar é exatamente a vontade de ir ao banheiro, acontecimento que, posteriormente, pode evitar a evacuação no nascimento ou reduzir a quantidade de cocô expelido. “Quando o trabalho de parto começa, o corpo libera uma série de hormônios que podem afetar o intestino, dando uma vontade bem grande de fazer cocô. A sensação é semelhante ao desconforto que aparece durante a menstruação”, exemplifica o médico.

Parar de comer antes do parto para não fazer cocô: há riscos?

Muitas grávidas, com medo de passar por essa situação, perguntam aos médicos se é necessário, perto da data prevista para o parto, mudar os hábitos alimentares. A resposta é não. Durante o trabalho de parto, a mulher vai precisar de muita energia para enfrentar as contrações e, por isso, ela deve estar bem alimentada e, mais do que nunca, tranquila e desapegada da possibilidade de fazer cocô ou não. “Fezes, urina, pum, gritos e suor. É tudo normal. Nenhuma mulher deve desviar o foco de trazer o bebê ao mundo por isso”, tranquiliza o obstetra.

Dá para segurar a vontade de fazer cocô no parto?

E na hora do parto, se der vontade de fazer cocô, a orientação do médico é não segurar. Isto porque, além de atrapalhar a desenvoltura psicológica e emocional da mãe, isso ainda pode afetar diretamente o nascimento. “O parto é entrega. Se a mulher sente qualquer sensação semelhante à de evacuar e trava, ela está também travando o canal vaginal e dificultando a saída do bebê”. Alberto ainda acrescenta que, neste caso, ele pode ser impedido de nascer no momento mais favorável, dentro do seu tempo e com boas condições vitais.

Lavagem intestinal no parto: pode fazer?

Embora não seja mais prática comum em hospitais, até alguns anos atrás, o enema antes do parto, que consiste na aplicação de medicamentos via retal para lavagem intestinal, era procedimento de rotina. Segundo o obstetra, a prática apresenta dois problemas.
O primeiro está relacionado ao constrangimento ao qual a mulher é exposta. “O hospital já não é um ambiente acolhedor. Agora você imagina uma gestante com dores ter que deitar de lado e dobrar as pernas para que um desconhecido aplique no seu ânus um medicamento. É muito desconfortável”, comenta o especialista.
Mas, a prática também pode se tornar ineficiente porque, para limpar o intestino, ela deixa as fezes líquidas, aumentando as chances dos resquícios serem eliminados durante as contrações. “Em geral, depois do procedimento a mulher evacua um pouco. Mas, na hora do parto, ao invés de as fezes saírem moldadas, facilitando a higienização e minimizando o constrangimento, ela sai líquida, correndo o risco de vazar para todo o lado, fazendo ainda mais sujeira e, consequente, mesmo sendo absolutamente natural, torna o momento tenso”, ressalta o médico.
No entanto, durante o nascimento as escolhas da parturiente devem ser respeitadas. É por isso que Alberto reforça que, se mesmo depois de toda as orientações e apresentações de riscos a paciente quiser a realização de um anema, sua vontade deve ser respeitada.

Cocô no parto contamina o bebê?

Outro medo que pode atingir as mães é em relação à contaminação do bebê pelas fezes. De acordo com o obstetra, na maioria dos casos o bebê sequer entra em contato com o cocô. Isto porque o ânus e o canal vaginal são lugares diferentes e, a depender da posição em que a gestante está, ao evacuar, rapidamente a equipe de acompanhamento faz a higiene.
Mas, mesmo tenha contato, não há nenhum problema. “As bactérias eventualmente nocivas das fezes da mulher já estimularam a produção de anticorpos que já foram, ainda na gestação, passados para o bebê. A gente comenta que depois que sair do útero, o bebê vai precisar se contaminar. Então, melhor que seja com aquilo para o qual ele já tem anticorpos”, explica o especialista.

O que vai acontecer se eu fizer cocô no parto: reação da equipe

Já a preocupação com os médicos, caso exista, Alberto diz que deve ser imediatamente minada porque, além de ser natural e comum a todo agente de saúde, o foco deles naquele momento é outro: a assistência à mãe e ao bebê. “Eu brinco e digo para a paciente que, caso ela evacue, eu me comprometo a resgatar só o bebê. Ela só vai ter que criar o filho, o cocô não”, conta.
Mas, caso algum dos profissionais aja de forma a constranger a parturiente, o obstetra diz que a atitude deve ser repreendida. “Todo ser humano faz xixi, cocô, solta pum. Todo mundo deveria achar isso normal. Os profissionais de saúde ainda mais. Nós estamos ali para acompanhar e possibilitar a melhor experiência possível para aquela pessoa. O foco é no bebê e na mulher”, reforça.
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Medo de fazer cocô no trabalho de parto

Mas, ainda assim, mesmo sabendo que é natural, muitas vezes é preciso falar sobre a situação. Por isso, é importante, caso a mulher deseje, tocar no assunto quantas vezes forem necessárias com o médico, com a família e com a doula, caso tenha optado por esse tipo de acompanhamento. “Esse assunto não deve ser desencorajador. Nós temos muitas coisas para superar que, de fato, atrapalham um parto. Essa não deve ser mais uma possibilidade”, frisa Alberto. Fonte: Bolsa de Mulher

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