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Deputadas governistas criticam ofensas de Vilas-Boas a chef: ‘graves’ e ‘inaceitáveis’

As deputadas federal Alice Portugal (PCdoB-BA) e estadual Olívia Santana (PCdoB), da base do governador Rui Costa (PT), condenaram, em entrevista, as ofensas feitas pelo secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, à chef do restaurante Preta, situado na Ilha dos Frades, Angeluci Figueiredo.

Em mensagem de WhatsApp, o titular da Sesab chamou a empresária de “vagabunda”. O ataque ocorreu após ele ter uma reserva no restaurante cancelada.

A dona do estabelecimento justificou que a Capitania dos Portos, “em virtude da instabilidade do tempo, das condições climáticas e das variações do vento e da navegabilidade na Baía de Todos os Santos, recomendou a restrição de navegação em todo o entorno, incluindo, claro, a Ilha dos Frades, onde funciona o restaurante”.

“De fato, é grave. Ninguém e nenhuma mulher à frente da sua atividade profissional merece ser ofendida. E uma ofensa relacionada à condição feminina. É algo que realmente nos espanta. Lamentável, o que eu li. Na condição feminina, é inaceitável. Merece a reparação, desculpas a ela e à sociedade baiana”, disse Alice, depois de ler as mensagens.

Após a repercussão do caso, Fábio Vilas-Boas foi às redes sociais se desculpar. “Ao longo da vida cometemos erros que podem atingir as pessoas. Peço, portanto, desculpas à empresária e artista da gastronomia baiana, a Chef Angeluci Figueiredo, pelos comentários inadequados no último domingo (1), em circunstâncias injustificáveis, enviados por mensagem privada. Tendo reservado um almoço especial com os familiares e amigos do exterior com a devida antecedência de 48h, uma enorme frustração momentânea me levou, tomado de emoção, a dizer o que disse. Conto com o perdão de todos que se sentiram ofendidos”, escreveu.

Presidente da Comissão de Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Olívia Santana considerou “lamentável” o episódio. “Foi importante o secretário ter pedido desculpas públicas a ela, mas é muito ruim que isso tenha acontecido”, diz.

“Realizar xingamentos porque se frustou com uma reserva que foi cancelada, considerando insclusive essa situação que estamos vivendo, de pandemia. Mesmo que fique insatisfeito, a gente não pode jamais utilizar esse tipo de linguagem em relação a uma empresária, mulher, negra, uma pessoa decente. Então, realmente o secretário pisou na bola”, declarou.

A deputada avaliou ainda que a formação cultural autoritária do Brasil “garante e legitima que homens, brancos, de classe média, ricos, se dirijam a pessoas negras, mais simples economicamente, dessa maneira”. 

“É preciso superar isso. Importante ele ter reconhecido o erro, mas fundamental que nunca mais se repita. Não só porque a situação vazou, mas porque não é pra ser. Chega desse tipo de tratamento”, finalizou.

Oposição

As ofensas do secretário estadual de Saúde também foram alvo de críticas da oposição ao governador. Líder da bancada na AL-BA, o deputado Sandro Régis (DEM) cobrou de Rui Costa um posicionamento sobre o caso.

“As agressões à empresária são graves e exigem um posicionamento do governo do estado. Não podemos admitir, em hipótese alguma, que integrantes do governo baiano tenham esse tipo de comportamento e saiam impunes”, declarou.

O parlamentar pediu ainda um pronunciamento da Comissão dos Direitos da Mulher. “A declaração do secretário, além de desrespeitosa, pode ser considerada misógina. É importante que haja um posicionamento das nossas deputadas, uma vez que foi feita uma agressão verbal contra uma mulher, e que foi acompanhada inclusive de acusações graves”, disse.

Olívia Santana afirmou que, como presidente da comissão, não foi comunicada sobre a solicitação.

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