Política

De olho em 2018, Aécio inicia em Salvador série de visitas ao Nordeste

AECIO NEVES EM SSA - 2015Numa estratégia para aumentar sua popularidade no Nordeste, tradicional reduto do PT, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) desembarcou ontem em Salvador de olho no eleitorado da Bahia, o maior da região e quarto mais numeroso do país. Para isso, contou com o apoio de seu principal cabo eleitoral no estado, o prefeito ACM Neto (DEM). A primeira etapa da visita do tucano foi dedicada à agenda partidária. No Hotel Fiesta, foi a estrela de um seminário voltado a discutir a segurança pública no Nordeste, organizado pelo PSDB. Mas o tema do evento ficou em segundo plano, diante de duras críticas feitas pelos políticos da oposição ao governo Dilma Rousseff (PT), com ênfase na baixa popularidade da presidente.

Como contraponto ao mau momento enfrentado pelos adversários petistas, Aécio festejou a boa avaliação obtida pelo prefeito em sucessivas pesquisas de opinião. Para o presidenciável tucano, Neto é o maior exemplo de “governo de oposição”. Nos seus discursos, ressaltou a sua aproximação com o democrata, a quem garantiu que, se só pudesse apoiar um candidato a prefeito, em todo o país, o democrata seria o escolhido. “A correção de tudo que está acontecendo de errado hoje (no país) passa pela liderança do senador Aécio Neves”, retribuiu o prefeito, diante de uma plateia de mais de 300 pessoas. “Estou entrando no Nordeste pela porta da frente, pela Bahia, pelas mãos de ACM Neto e com apoio dos meus amigos do PSDB. O Nordeste será a nossa grande prioridade”, declarou o senador.

Corpo a corpo – A outra parte da agenda foi dedicada ao contato direto com a população. O local para a caminhada da comitiva da oposição foi escolhido estrategicamente: a nova orla de Itapuã, obra que se tornou uma das vitrines do prefeito. Sempre acompanhado por ACM Neto, Aécio andou nas ruas do bairro, ouviu gritos de “Fora Dilma” e surfou na popularidade do democrata, que concentrou o assédio. No bairro, Aécio conversou com moradores e almoçou em um restaurante da orla. No cardápio, acarajé de entrada e comida baiana como prato principal. Em seguida, o tucano foi apresentado por Neto a baianas e a líderes comunitários, posou para foto junto à estátua de Dorival Caymmi e lamentou, em tom de brincadeira, não ter um calção para mergulhar no mar eternizado nas letras do compositor. “A estrutura feita aqui eu não vi em nenhuma outra orla litorânea do país, nem mesmo no Rio. O que está sendo feito em Salvador vai ser exportado pelo Brasil”, elogiou Aécio ciente de que Neto pode ajudá-lo a virar o jogo no estado. Ano passado, o tucano conseguiu 32,72% dos votos em Salvador no segundo turno, quando perdeu para a presidente Dilma Rousseff. Na Bahia, obteve ainda menos: 29,84% dos votos, ainda segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

União – Embora o evento tenha sido organizado pelo PSDB, líderes de vários partidos da oposição apareceram para reforçar o aspecto de unidade do grupo liderado pelo prefeito de Salvador. Além dos deputados tucanos Antonio Imbassahy, João Gualberto, Jutahy Júnior, Augusto Castro e Adolfo Vianna, estiveram presentes cardeais do DEM e do PMDB, como os deputados José Carlos Aleluia e Lucio Vieira Lima. ‘As provas contra Eduardo Cunha são contundentes’, afirma tucano. Questionado sobre o processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador mineiro Aécio Neves afirmou, durante evento do PSDB em Salvador, que são contundentes as provas contra o político.

O deputado peemedebista é investigado por suspeita de receber dinheiro de corrupção em contas secretas na Suíça. “A partir do momento em que surgem as denúncias, nossa bancada tem que votar com as provas, e as provas são extremamente graves contra Cunha. Ele tem o direito de se defender”, afirmou. Aécio ressaltou que não foi o PSDB quem colocou Cunha no comando da Câmara, mas que o apoio ao seu mandato ocorreu desde que o peemedebista, “à luz do dia”, deu espaço para o trabalho da oposição na Casa. “A partir do momento em que ele venceu, nos ofereceu alguns espaços para que exercêssemos nossas funções”, afirmou. Segundo Aécio, os deputados tucanos votarão para cassar ou não Cunha “de acordo com as provas”, tanto no Conselho de Ética, quanto no plenário.

O tucano também comentou a indicação do deputado Fausto Pinatto (PRB-SP) para a relatoria do processo contra Cunha: “Esperamos que ele venha a agir com a independência que tem dito”. O senador evitou falar nos acordos da oposição com Cunha em torno do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, embora tenha endurecido as críticas ao governo e afirmado que o país só terá melhorias no quadro econômico quando o governo ganhar credibilidade com a população, o que desacredita que aconteça. “No dia 24 de setembro de 2014, aquela que hoje é presidente da República afirmou, em Feira de Santana, que o ajuste fiscal que propúnhamos era desnecessário, prejudicial e eleitoreiro. Hoje, nós vemos o que aconteceu”, alfinetou. O senador aproveitou para se solidarizar com as vítimas da tragédia das barragens que romperam em Minas Gerais. Ele reforçou a necessidade de investigações, inclusive para identificar novos riscos, mas pediu para que a questão não seja politizada, sobre as responsabilidades pelo desastre.

Correio

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