Dalponte enfrenta séria crise, diz sindicalista
Em entrevista ao repórter Antonio Carlos, um dos diretores do SINTRACAL (Sindicato de Indústrias e Calçados do Nordeste), o sindicalista Antonio Carlos falou a respeito da situação da Dalponte. Com relação à venda da marca da Dalponte, o sindicalista relatou que se tratava da venda de algumas patentes, ou seja, a venda de modelos dos calçados que foram leiloados, porém sem sucesso, pois os salários continuaram atrasados e 180 funcionários foram demitidos em 2012, ressaltou.
“Quando você está sendo demitido pela Dalponte, não está homologando no sindicado pelo seguinte fato, que tem que ser feito na DRT (Delegacia Regional do Trabalho), pelo fato da Dal Ponte está em recuperação judicial, e se isso for homologado no sindicato, que segurança o funcionário vai receber!”, narrou. Por isso, as homologações estão sendo feitas na DRT. As parcelas foram divididas em 10 vezes, e os ex funcionários estão com 6 parcelas sem receber, referentes aos acordos de rescisão, FGTS, que por sua vez, não foram depositados desde 2008, esclareceu o sindicalista.
Faz dois meses que os funcionários estão sem receber o salário, e a DalPonte conta atualmente com 550 funcionários, contou.
Segundo o sindicalista, os dirigentes informaram ao sindicato, que a Dalponte possui um pedido de quase dois milhões de pares de calçados, e se esse pedido for fechado a fábrica terá como pagar uma folha de pagamento, comprar a matéria prima e pagar o outro salário, disse.
Em resumo sobre a situação da Dalponte, o sindicalista esclareceu que desde a chegada da fábrica ao município em 2002 ou 2003 até 2008, a mesma cumpria com pagamentos e férias de forma correta, no entanto, em meados de 2008 todos ficaram sabendo, que a empresa possuía uma dívida no valor de cinqüenta milhões de reais com os fornecedores; e na transição de 2008 para 2009 a empresa entrou na “famosa recuperação judicial”; adquiriu um prazo de oito anos para pagar este valor e um prazo de dois anos para começar a pagar as parcelas da recuperação judicial, e em 2011, a Dalponte não conseguiu efetuar o pagamento , mas ganhou do governo um prazo de dois anos para fazê-lo, afirmou.
No final de 2011 essa situação começou a refletir nos funcionários, e desde então, a empresa convocou o sindicato para fazer um acordo junto aos funcionários, que até o momento todos os acordos eram feito em assembléia, com o consentimento dos funcionários, relatou. Desde o mês de dezembro que os salários começaram a atrasar, e no mês de março, extrapolou o limite, estava atrasando quinze dias, por isso, resolveram fazer uma paralisação de advertência, por um dia, comentou o sindicalista.
“Através da paralisação, a gente conseguiu articular uma reunião com a FIEB (Federação de Industria do Estado da Bahia) em Salvador; foi uma reunião com o Sindicato Patronal, o Sintracal e a Dalponte”, narrou. Na reunião ficou acordado que o salário de fevereiro seria pago no dia 22 de março, o que não aconteceu, o de salário de março a ser pago no dia 15 de abril e o salário de abril no dia 05 de maio, para que a partir de então a situação se normalize, ressaltou. Em decorrência desta situação, o sindicalista lamenta, pois quem está sofrendo é o trabalhador, pois tem mães e pais que não estão conseguindo colocar o pão na casa.
O sindicalista afirmou que o sindicato fez denuncia ao Ministério Publico, já recorreu ao Ministério do Trabalho e disse estar fazendo o possível que esteja ao alcance do sindicato para que esta situação se resolva. De acordo com o mesmo, haverá uma reunião no Ministério do Trabalho na próxima segunda com os dirigentes da Dalponte, logo, “só resta aguardar o posicionamento da justiça”, concluiu.
Sidna Rodrigues