Geral

Cresce o número de denúncias de assédios sexual e moral no trabalho

ASSEDIO SEXUALImagine-se numa floresta diante da ameaça de ser atacado (a) por um leão. Certamente sua reação será a de correr do perigo, ficar estático ou, em última e improvável atitude, lutar com o bichano. Agora, caia na real e pense sendo envolvido (a) numa abordagem de assédio sexual, ou moral. Qual seria a sua saída para essa situação? O episódio envolvendo o promotor de Justiça baiano Almiro Sena, 48, com crime de assédio sexual, trouxe à ribalta a questão também do assédio moral. Ambas as situações revelam um crescimento no estado do número de vítimas que procuram a Justiça para denunciar tais práticas. Em se tratando de assedio moral, o Juiz Agenor Calazans, titular da 25ª Vara do Trabalho de Salvador, revela que este “é mais frequente e ocorre de diversos modos e mais no ambiente de trabalho. Mas as vítimas estão perdendo o receio de denunciar, como acontecia antes, por pudor ou constrangimento, e estão procurando a Justiça”, diz.Conforme o Juiz Agenor Calazans, o assedio moral se manifesta “estimulado pela correria, através de excesso de cobrança de serviço, rigor no tratamento com a pessoa, falta de cortesia, principalmente nas empresas de porte médio, devido à competitividade e geralmente parte do chefe ou de um gerente”. Segundo o magistrado, o assédio sexual “é uma faceta do assédio moral, que por sua vez é mais abrangente e geralmente o assediador é assexuado”.  Ele confirma ser o assédio moral ainda não tipificado como crime, mas quem abre um processo na Justiça contra uma empresa por esse motivo, “obtém reparação, até rescisão de contrato, os direitos, além de uma indenização se provar ser vítima”. A empresa causadora do assédio moral pode pagar uma multa pesada, se comprovada  a acusação por parte do assediado na Justiça. Contudo, Agenor Calazans assegura que “a indenização não pode ser muito baixa porque funciona com caráter pedagógico, desestimulador. Mas também não pode ser muito alta, para não parecer uma premiação. Não pode ensejar enriquecimento sem causa”, concluiu.

Vítimas: Qualquer pessoa que for vítima de assédio moral ou sexual, neste caso com o agravante da violência, pode desencadear um estresse pós-traumático, com sintomas de ansiedade, fobia, pânico e depressão. A psicóloga Maria Tutti Cabussu, especialista em neuropsicologia, confirma essa tendência e vai mais além: “No processo terapêutico, vítimas de casos de assédio sexual podem sofrer interferências na vida sexual, emocional, reprimindo ou potencializando a sua sexualidade”. Ela aponta ser hoje o assédio sexual a crianças, mulheres e adolescentes, mais comuns do que se imagina, “e às vezes nem a família sabe. O problema emocional resultante da agressão requer tratamento psicológico e psiquiátrico”, acrescenta. Quanto ao assédio moral propriamente dito, a psicóloga diz ser a pessoa “geralmente vítima de uma agressão verbal, de desmoralização de cunho pejorativo, por não bater metas no ambiente de trabalho, por exemplo, e acaba por desenvolver reações básicas diante das ameaças, pois, tanto no assédio sexual como no moral, só sente o impacto depois. Nesses casos o recomendado é depois ir ao psicólogo, pois pode ser feito também um trabalho específico sobre o trauma, em várias linhas. Não tem jeito, há de laborar”, afirma. (Tribuna da Bahia)

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios