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Com Carreira longa e ‘ficha corrida’, Igor Kannário diz que mudou

listas_posts_51227_jpg_300_300_1_0__jpgA van tem todos os assentos vazios, mas ele escolhe o último, lá atrás. Sozinho, prestes a se apresentar em um programa de TV, respira aliviado, tira do bolso o isqueiro e acende o cigarro. Nossa fotógrafa aponta a câmera para registrar o momento de descontração, mas é repreendida. “Não, por favor! Não faça isso! Respeite esse momento, por favor”.
Como assim? O sujeito é preso por porte de maconha, defende a legalização do que chama de “erva medicinal”, não baixa a cabeça pra ninguém, já xingou artistas e até fãs, e não pode ser flagrado fumando um simples cigarro? Pois é. O homem Igor Kannário está em transformação. Anderson Machado de Jesus, 30 anos, diz que jamais vai perder sua identidade, mas de uns tempos para cá, passou a tomar alguns cuidados.
Longe de ser bom moço, o Príncipe do Gueto começa a querer mudar um pouco sua imagem. “Não tô querendo virar padre, não. Sacou, parceiro? Mas é que eu hoje tenho essa consciência. Imagine a quantidade de crianças vendo essa foto do cigarro. Não quero ser mau exemplo pra ninguém”, explica Kannário.
A voz da favela se mudou há alguns anos para a orla. Nascido e criado no bairro da Liberdade, onde morou em diversas casas, Kannário deixou o gueto por conta do assédio. “Tava difícil andar na rua. A galera fica o tempo todo em cima. A própria favela que me botou pra fora”, brinca o cantor. Mas o fato de morar em um prédio de luxo, na orla da praia de Armação, não o torna um artista contraditório, garante ele.
Assim, faz valer uma das suas mais elaboradas canções: Desostenta, sucesso do disco O Escolhido, é uma resposta à ostentação tão explorada pelo funk. “Ostentação não é poder. Isso aqui é apenas um conforto, não significa nada. Não vou levar nada disso pro caixão”, comenta, apontando para as correntes de ouro que carrega no pescoço (com um São Jorge e uma Nossa Senhora Aparecida) e para a piscina que fica no mezanino do prédio.
PASSADO
O discurso é de quem passou dificuldades na vida. Tanto que, diz ele, teve tudo para “desviar do caminho”. Poderia ser presa fácil para o crime. “Não tinha dinheiro para o transporte, para ir pra escola. Usava roupa emprestada. Aí a galera oferece R$ 200 para fazer um avião e o menino fica doido. Mas nunca desviei porque nunca tive mente fraca. É um caminho sem volta”. Volta e meia, foge da “Babilônia” e visita o gueto. “Não consigo ficar muito tempo engaiolado. Tenho que ver meu povo”, conta.
ERVA
Mesmo fora do ninho, a polícia insistiu em associá-lo ao tráfico e o prendeu duas vezes por porte de maconha. “Tentaram jogar toda a responsabilidade nas minhas costas. As drogas e o tráfico já existiam antes do Kannário. Eu não sou drogado, não sou viciado. Sou degustador da erva medicinal e não faço mal a ninguém”, admite.
Procurado para falar sobre o cantor, o major Humberto Moreira, 37ª CIPM (Liberdade), que tem fama de perseguir Kannário, recusou entrevista. “Só desejo que tenha muito sucesso”. Sobre as prisões, Igor diz que não vão mais acontecer. “Esse mole de fumar na rua eu não dou mais. Fumo meu fininho de manhã, faço minhas composições e fico o dia todo de boa”, avisa o Príncipe, defensor da legalização.
Kannário tem uma lista de polêmicas e até com a mãe dizem que ele arrumou encrenca. Evangélica, dona Dejanira teria criticado o filho duramente. “Que nada”, responde Kannário. Dejanira é barril dobrado desde sempre. “Não briguei com minha mãe. Quando ela tá de calundu, sempre me diz liberdade, não tem jeito. E eu abaixo a cabeça. Quando ligo, rezo para estar de bom humor”, brinca Anderson, que tem dez irmãos por parte de pai e uma filha, Laura, 11 anos.
Mais recentemente, até um promotor de Justiça resolveu pegar no pé dele. Davi Gallo escreveu um texto acusando suas composições de apologia ao crime. “Não quero criar polêmica com esse rapaz, mas as músicas que ele canta fazem apologia ao crime. Ele canta gírias que vieram dos presídios”, aponta o promotor.
Kannário nega as referências. “Ninguém que me critica vem me perguntar sobre o sentido das minhas letras”. Mas houve quem comprasse briga por Kannário. Por “falar demais”, o apresentador Alex Lopes, do Universo Axé (TV Aratu), foi chamado a depor na Justiça. “Disseram que eu botava marginal no meu programa”, conta Lopes, que hoje orgulha-se de tê-lo “bancado” apesar da torcida contrária.
POLÊMICAS DO KANNÁRIO
De uns tempos para cá, Kannário recusa a fama de garoto-problema. Afirma que amadureceu e que vive uma “nova fase”. Em resposta a quem tenta requentar polêmicas antigas, adotou uma resposta padrão: “Ninguém pode me condenar pelo meu passado”. Relembre alguns incidentes com o outrora “bad boy”.
INSULTO EM SHOW
“Você prova que eu sou cheirador de pó, sua p…? Você prova, hein? Me dá uma água que eu acho que é (com) fogo que ela tá”, para uma mulher que teria feito gestos, insinuando que ele é usuário de cocaína, durante um show em 2011. Na época, ainda era cantor da A Bronkka.
AMEAÇA EM SHOW
“Parou, parou… Ô, véi. Se você jogar outra parada dessa em mim eu vou ser obrigado a descer e te dar um bocado de bofetada. E abrace a ideia que não estou blefando. Pra você, só Jesus”, disse a um espectador que jogava coisas no palco, também na fase da A Bronkka.
CONFUSÃO EM HOTEL
Ainda na A Bronkka, no final de 2012, se envolveu em confusão num HOTEL em Aracaju (SE). “Tivemos agressão a um nosso colaborador, drogas no apartamento, apartamento destruído”, acusou a direção do hotel, na época. Igor chegou a ir para a delegacia prestar depoimento, mas não foi preso.
SEM HABILITAÇÃO
Kannário também foi autuado em blitze ao menos cinco vezes por dirigir sem carteira de habilitação em Salvador.
ATAQUE A DANIELA MERCURY
“Como dizia Dercy Gonçalves, Daniela Mercury tem que se f…!”, durante um show no início de 2012, após ouvir críticas da Rainha do Axé. Depois, foi à TV pedir desculpas.
PROVOCAÇÃO A BELL MARQUES
“Me desculpe, Bell (Marques), mas chegou um Bell mais novo”, disse ao site Bahia Notícias, este ano. Na TV Aratu, disse que Bell já chorou por brigas de chicleteiros, anos atrás.
Correio24hs

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