Nos últimos meses um medicamento pouco conhecido entre a população, foi colocado em evidência em alguns países diante da pandemia de novo coronavírus, a cloroquina foi encarada por muitos como a “cura” da covid-19.
Entres os defensores do uso da droga, estão o presidentes dos Estados Unidos da América e do Brasil, Donald Trump e Jair Messias Bolsonaro, respectivamente.
Que a cloroquina e o seu derivado: hidoxicloroquina podem ter algum tipo de efeito positivo no tratamento contra a covid-19, isso é incontestável, mas isso ainda é fruto de estudo e somente no futuro será possível dizer se compensa usar a drogas em pessoas com a doença, ou não.
Somente nesta semana dois baianos morreram após fazer uso da substância, um deles médico, que por conta própria decidiu usar por quatro dias a combinação de hidroxicloroquina e azitromicina, Dr. Gilmar Calazans Lima, 55 anos, chegou a apresentar melhora clínica, ficou sem febre ou dispneia, mas teve um mal súbito e foi a óbito.
A segunda morte ocorreu no Hospital Couto Maia em Salvador, o comerciante Ari Ricardo, de 62 anos, este, usou hidroxicloroquina com autorização da família, mas a vida dele não foi poupada, tampouco é possível afirmar que a droga tenha contribuído para o óbito.
Se após o estudo ficar comprovado que a cloroquina e seu derivado tem eficácia no combate à doença, outras respostas precisam ser dadas: será definido a dosagem, quais combinações devem e podem ser feitas, e qual o momento ideal para a utilização, também será ecoado o lamento daqueles que por medo não utilizaram.
Por ordem do governo brasileiro, em 21 de março, a produção da substância foi ampliada, o próprio presidente usou as redes sociais para passar a informação. Após a data diversos pronunciamentos foram feitos pregando o uso da droga.
Nos EUA, uma pesquisa feito com 368 pacientes de um hospital, não encontrou benefícios em infectados que se submeteram ao uso de hidroxicloroquina, evidenciou-se inclusive mais mortes em quem foi administrado o medicamento. Veja aqui.
Diante dos casos de óbitos e da persistência de muitos de que a cloroquina é a solução para a covid-19, é possível questionar: esse remédio cura ou mata? Os efeitos colaterais podem ser danosos ao organismo das pessoas que neste momento da pandemia, sem outra solução, autorizam ser usadas como cobaias.
Se o estudo afirmar que a cloroquina não é o medicamento ideal a ser usado, ficará evidenciado o quanto precipitada foi a recomendação de utilização e a sua publicitação antecipada, a campanha feita para levar esperança para possíveis infectados que passaram a encarar a doença com uma simples gripezinha, foi no mínimo perigosa.