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Chuva e oportunidade: autônomo cobra R$ 1 para transportar pessoas na Calçada

Carrocinha do Antônio tem capacidade para até três pessoas por viagem.

carregador chuva calcada
(Foto: Tailane Muniz/CORREIO)

Não existe tempo ruim para a criatividade. E disso o baiano entende muito bem. Que o diga o autônomo Antônio Sérgio Silva, 35 anos, que trabalha com carga e descarga e, quando chove forte, ganha uns trocados extras de forma inusitada na região da Calçada, em Salvador.

Bastou cair o cacau, e ele pega sua ‘Cinquentinha’, na Estrada das Barreiras, onde mora com a família, e parte para a frente do terminal de trens, para oferecer seu serviço de baldeação sobre uma carrocinha. O preço? R$ 1, mas tem conversa. “Uma vez aqui ganhei R$ 36. Às vezes R$ 50, R$ 20”, conta ele, que já chegou a faturar R$ 40 em apenas uma hora de aguaceiro.

O carrinho fica no depósito de um colega feirante em São Joaquim, e serve quase que exclusivamente para isso: transportar o povo no alagamento, que ali na Calçada, após um toró, é certo. “Toda vez que chove, que eu sei que vai encher (eu venho). Trabalho mal feito é isso aí. Aí quem paga é a população. E eu ganho um dinheirinho, né?”, comenta.

O público é variado, mas trabalhadores e estudantes apressados são os clientes mais contumazes. Para prestar o serviço, Antônio se arrisca, mesmo sem o adicional de insalubridade. “Se eu tiver, é pior. Eu tenho Jesus, pra que eu vou ter medo? Ele sabe o que eu tô fazendo. Não tô trabalhando errado. É um trabalho honesto. E se pros outros não vale a pena, pra mim vale. Você vê que só eu que estou trabalhando aqui”, aponta.

A viagem também conta com trajetos e distâncias bastante diversificados. “Pode ser aqui do largo (da Calçada) até o mercado Centro Sul. Ou do largo para a estação de trem. Ou do módulo policial aqui próximo, do outro lado da calçada”, cita Antônio.

Investimento de R$ 2 mil

Onde mora, na Estrada das Barreiras, o sistema de escoamento funciona direitinho. Não tem alagamento. “Graças a Deus, moro bem. Eu venho para cá faz alguns meses. Investi mais ou menos R$ 2 mil nessa carrocinha aqui e se chover bem em abril, talvez eu ganhe uns R$ 300”, calcula.

E é importante que o investimento vingue mesmo. Antônio é casado há quatro anos e tem quatro filhos. Apenas dois moram com ele e a mulher. Os outros dois moram com a primeira companheira, a quem o autônomo tem de pagar pensão. “Pago R$ 160 pelos dois e levo a feira deles. Estou aqui por eles, porque para quem não tem preguiça, o trabalho está aí. É difícil, mas o dinheiro fácil leva a gente pro buraco. Eu não tenho medo de trabalho, graças a Deus”, afirma, orgulhoso. Correio24h.

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