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Bolsonaro e correligionários registram crescimento atípico no número de seguidores

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e uma série de políticos de seu espectro político e pessoal registraram um crescimento atípico no número de seguidores no Twitter durante a última terça-feira (26). No caso de Bolsonaro, em 24h, foram 65 mil novos seguidores – número muito superior à média diária registrada desde o dia 13 de abril, que era de 4.200, de acordo com a ferramenta de mensuração Social Blade.

Em sua conta do Twitter, o analista de dados Pedro Barciela detalhou que outros bolsonaristas também registraram crescimento incomum: “Zambelli ganhou 23 mil no mesmo período, 307% a mais do que no período anterior. Bia Kicis 19 mil, 368% a mais. Carlos Bolsonaro, 19 mil e 358% a mais do que no período anterior. Flávio Bolsonaro ganhou 17 mil seguidores, 300% a mais do que no período anterior”, pontuou o especialista.

Barciela também apontou que, apesar do crescimento em seguidores, o volume de interações da deputada federal Carla Zambelli (PL) caiu em 10%. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) teve redução de interações em 60% e o senador Flávio Bolsonaro (PL) também caiu em 55%.

“Atores da oposição, como Lula, perderam 11 mil seguidores. Haddad, 1.3 mil e Gleisi Hoffmann 940”, completou.

Especialista em redes e criador de uma ferramenta de monitoramento de bots na internet chamada Bot Sentinel, o estadunidense Christopher Bouzy foi um dos primeiros a captar as movimentações e analizou 65 mil contas que começaram a seguir o presidente Jair Bolsonaro entre os dias 24 e 25 de maio. Destas, 61.299 foram criadas nas últimas 24h.

“Eu não acho que dezenas de milhares de brasileiros decidiram criar novas contas ao mesmo tempo e seguir Bolsonaro porque Elon Musk está comprando o Twitter”, afirmou Bouzy.

Esse argumento de que a movimentação de contas subiu devido à compra do Twitter pelo dono da Tesla, Elon Musk, foi utilizado por direitistas como Luciano Hang, empresário dono da Havan, que alegou ter ganhado 30 mil seguidores num único dia e creditou isso à venda da rede social. A conta de Hang tem acesso restrito por conta de acusações de disseminação de notícias falsas. Elon Musk é contra estratégias de mediação adotadas pelo Twitter como o banimento de contas e alertas de possibilidade de disseminação de informações falsas.

Professor e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e PhD em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Camilo Aggio tem histórico de pesquisa de estratégias digitais em campanhas políticas e afirma que o Twitter se tornou um espaço em que a extrema-direita alega uma ideia de controle censor da plataforma contra conservadores desse espectro político. Algo que se agravou com a iconografia do banimento de Trump, que ofendeu bastante a direita brasileira.

“Muitas personalidades de extrema-direita atuam muito no Instagram, Facebook, Tik Tok agora por conta dessa percepção de que o Twitter persegue a extrema-direita”, disse Aggio.

Ele completa afirmando que os números, sejam eles orgânicos ou por compra de bots e administração de perfis falsos, como foi no caso da agência de publicidade contratada pelo Ifood para conter o crescimento de movimentos reivindicatórios de motociclistas que trabalham para a plataforma, tem a missão de mandar a mensagem de que agora o Twitter pode ser uma rede social ocupada pela direita e com a chamada liberdade de expressão que é pregada por políticos e personalidade desse espectro político.

“O mais importante não é divulgar o crescimento disso, mas justamente criar uma discussão no entrono de uma ideia de que enfim o twitter estaria livre de restrições, censuras e teria se tornado uma plataforma mais condizentes com a noção de liberdade de expressão que esse público tem. Há a tentativa de criar um clima, uma atmosfera voltada para construção do entendimento público que vão conseguir fazer o que quiserem”, explica o professor.

Ao longo da última terça-feira (26), a hashtag #Bolsonaro2022 esteve entre as mais citadas na rede social, com mais de 180 mil publicações. Muitos posts exaltavam o presidente e afirmavam que o sucesso da tag era uma prova da nova liberdade presente na plataforma.

Bnews

 

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