Cidades

Assaltantes usam facas e cacos de vidro em roubos, nas passarelas de Salvador

Maioria dos assaltantes tem entre 15 e 25 anos.

Jacobin-Notícia69É horário de pico na principal passarela da cidade e, de longe, a massa de gente parece coesa, num fluxo contínuo ligando os 340 metros entre a rodoviária e a região do Iguatemi. Mas não se engane, é neste momento, que eles preferem agir.  Em pouco mais de dois meses,  40 pessoas foram presas suspeitas de roubar no local, segundo dados da 16ª Delegacia (Pituba).
Os assaltantes são, na maioria, homens entre 15 e 25 anos, que usam facas e cacos de vidro para praticar os crimes, sempre em horário de pico – por volta das 8h, 12h e 18h. Mulheres, idosos e adolescentes são as vítimas mais comuns e o celular o produto mais visado. Mesmo após as prisões, quem utiliza o espaço, anda com medo.
A consultora de vendas Edite Alves, 41 anos, trabalha no shopping em frente à rodoviária e precisa atravessar a passarela todos os dias, sempre por volta das 12h. Ela contou que assaltos são constantes e que já presenciou um furto no local.
“Era no final da tarde, o bandido abriu a mochila que estava nas costas do rapaz, pegou alguma coisa e saiu correndo. A vítima nem teve tempo de reagir. Eu fico com medo quando passo por aqui e só ando com a bolsa bem segura embaixo do braço”, contou, enquanto observava por cima do ombro o movimento dos pedestres na passarela.
Mulheres

Edite tem razão em ficar preocupada, de acordo com a delegada titular da 16ª Delegacia (Pituba), Maria Selma Lima, as mulheres estão entre as vítimas preferidas dos assaltantes, assim como idosos e adolescentes.
“Eles escolhem essas vítimas por considerarem mais fáceis de dominar, amedrontar. Os jovens têm bons celulares, o que atrai os bandidos”, contou. Segundo a delegada, os aparelhos são repassados para outras pessoas ou trocados em bocas de fumo.
Apesar da insegurança, alguns pedestres pareciam indiferentes ao perigo. O CORREIO esteve na passarela por volta das 12h, na última quinta-feira, e flagrou mulheres falando distraídas ao celular. “Eu vou fazer o quê? Se ele vier roubar, eu vou ter que entregar mesmo, falando ou não falando no celular”, justificou uma delas, sem se identificar.
Horário

Os bandidos preferem agir quando a passarela está lotada. “A agitação dos horários de pico facilita na hora da fuga. Eles se espalham no meio da multidão e é mais difícil da polícia localizar. A maioria foge em direção ao outro lado da passarela, a região de Pernambués”, contou Maria Selma.
Os assaltantes presos pela Polícia Militar e apresentados na 16ª Delegacia (Pituba) são oriundos de bairros próximos à passarela, como Pernambués e Saramandaia, mas também vêm  do Subúrbio Ferroviário, de áreas como Coutos e São Caetano. De acordo com o comandante da 35ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/ Iguatemi), major Robson Souza, os assaltantes são, na maioria das vezes, os mesmos. “Eles são contumazes. Assaltam uma vez e retornam dias depois”, contou.
Dando graças a deus por não ter que atravessar ali todos os dias, a assistente social Alessandra Barbosa, 37, também anda com medo. “Passo rapidinho. Chego suada do outro lado da passarela, mas com todos os meus pertences”.
Arma branca

Nada de revólver. Os assaltantes de passarela preferem usar facas e cacos de vidro. Encostados no corrimão, eles aguardam, escolhem a melhor vítima e atacam. Segundo a delegada, os ladrões que agem no local possuem histórico de assaltos e  costumam ser violentos.
“Sei de histórias em que eles abraçam a mulher, como se fosse conhecida, encostam a faca na barriga e obrigam a vítima a entregar os pertences”, contou a professora Marilene Liberato, 51, que atravessou a passarela com a mochila presa na parte de frente do corpo e segurando  firme a bolsa embaixo do braço.
No último dia 21, feriado de Tiradentes, a polícia prendeu um homem suspeito de praticar mais de dez assaltos na passarela. Desde o início do ano, ele agia da mesma forma: usava um caco de vidro para intimidar as vítimas.
“Ele quebrava uma garrafa e encostava o caco de vidro contra a garganta das vítimas. Foram mais de dez casos registrados. Montamos campana e esperamos por ele. A prisão aconteceu no feriado”, contou a delegada.
Desafio

São muitas as vítimas, mas poucas as queixas formais na delegacia. A falta de informação dificulta o trabalho da polícia. No caso do homem detido no feriado, a prisão aconteceu às avessas: primeiro o suspeito foi preso e depois as vítimas foram encontradas.
A delegada solicitou a prisão temporária do suspeito, concedida pela Justiça por cinco dias. Nesse período, a polícia divulgou a imagem do homem e conseguiu localizar outras vítimas do mesmo assaltante.
“Divulgamos o retrato dele, mostramos para outras vítimas e conseguimos material para solicitar a prisão preventiva. Ele já tinha cumprido pena por roubo e foi encaminhado novamente para o sistema prisional”, contou Maria Selma. Ibahia.

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