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Após oficialização de Carnaval fora de época no Rio, empresários analisam cenário na Bahia

A oficialização do Carnaval fora de época no Rio de Janeiro, acende uma chama nos corações dos baianos apaixonados pela festa, é possível que o Estado se renda a folia momesca em meio aos festejos do São João?

A medida, que consta na edição de terça-feira (12) do Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, com texto lei nº 9.174, de autoria do deputado estadual Dionísio Lins (PP), será uma tentativa de estimular o turismo e o lazer na região, além de aquecer a economia do estado. No Estado, a festa está “marcada” para  acontecer todos os anos sempre em julho.

A proposta é vista com bons olhos para quem analisa a festa apenas pelo lado do entretenimento, porém na Bahia, poderia causar um grande impacto cultural e financeiro, já que a data prevista para a festa acontecer no Rio é próxima ao mês de junho, dedicado aos santos Antônio, João e Pedro, época em que o estado ferve em festas ao redor dos 417 municípios baianos.

Devido à pandemia do coronavírus, o Nordeste sofreu um baque de R$ 1 bilhão sem a realização das festas. Segundo dados do governo do Estado, a festa movimenta cerca de R$ 550 milhões na economia baiana. Em 2020, com a não realização da festa além de não ter movimentado o valor, a Bahia deixou de gerar entre 40 mil e 50 mil empregos temporários. De forma privada, uma pesquisa feita pelo Observatório de Economia Criativa (OBEC-BA) apontou que 77,8% dessas festas juninas perderam até R$ 100 mil, cada uma, no último ano.

Já quando se fala de Carnaval, a última edição da em 2020 movimentou 1,25 bilhão de reais, de acordo coma Pesquisa de Caracterização e Dimensionamento do Turismo Receptivo e Avaliação de Serviços Durante o Carnaval de Salvador, apresentada pela Secretaria de Turismo do Estado da Bahia. Sem a festa, a cidade sofre um prejuízo de 10% a 60% do faturamento de acordo com os empresários do setor de eventos.

Para Rodrigo Melo, dono da produtora Pequena Notável, a colisão das festas pode trazer mais prejuízo do que diversão para o público. “Eu acho que Carnaval perto do São João não funcionaria. O São João é uma festa extremamente forte, inclusive eu acho mais forte que o Carnaval porque ela movimenta todos os municípios baianos, não só a capital. E acho que o São João seja o principal concorrente comercial do Carnaval. Então, caso aconteça o São João, você tem muita festa indoor, muito gasto de viagem, acho que o público não suportaria duas grandes festas”, disse.

Rodrigo que organiza as festas Forró do Lago em Santo Antônio de Jesus no São João, e a festa Terceira Praia, em Morro de São Paulo, deu como sugestão para o impasse o resgate de uma festa conhecida do público, o Farol Folia, o Carnaval fora de época que por anos aconteceu na capital baiana.

“Foi um evento muito bem sucedido, funcionava muito como um esquenta para o Carnaval. É uma marca consolidada no calendário baiano. Então eu reeditaria o Farol Folia como um esquenta para o que será o Carnaval em 2022, mas não faria como o Carnaval oficial”, opinou Rodrigo que ainda reforçou o pedido do retorno dos eventos seguindo os protocolos de segurança.

Em entrevista no início do mês, o empresário Marcelo Britto, da Salvador Produções, confirmou que haviam conversas com produtores de eventos do Rio de Janeiro e de São Paulo para a realização de um Carnaval fora de época caso a vacinação no país já tivesse sido iniciada. “Enxergamos sim que vai ter São João, enxergamos sim a possibilidade de ter o Carnaval em julho, entre a primeira e a segunda semana de julho. Está sendo alinhado com o Rio de Janeiro e São Paulo, o antigo prefeito ACM Neto liderou esse processo de dialogar com as cidades para unificar e trazer essa data lá para o feriado nacional”.

A ideia do projeto é que a festa não seja tão grande como o Carnaval, mas que aconteça alguma celebração na época. Questionado sobre o choque entre as festas tradicionais, Marcelo Britto defendeu a singularidade dos festejos. “São situações distintas. São João não interfere no Carnaval. Ambas só serão definidas após o início da vacinação”, esclareceu.

O secretário de Turismo da Bahia, Fausto Franco, explicou em recente entrevista ao site o motivo de não ver possibilidade de realizar as tradicionais festas da forma convencional no Estado. “Não haverá nenhum tipo de evento de aglomeração grandiosa em 2021, como é o São João, como é o Carnaval, no formato como nós conhecemos. Mesmo com a vacina chegando, que há de chegar, não será possível imunizar a toda a população. Se um artista A, B ou C quiser fazer um show em drive-in, uma live, um show diferente, é possível. Mas não é o formato que a gente está acostumado a ter”, afirmou.

Bahia.ba

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