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Aplicativo Uber gera protestos de taxistas no Brasil e no mundo

178110Taxistas de diferentes partes do Brasil têm rejeitado a chegada do aplicativo Uber ao país, realizando manifestações e buscando articulações para proibir seu uso. Ontem foi a vez dos cariocas e mineiros, que foram às ruas para barrar a ferramenta que viabiliza uma espécie de ‘carona paga’. No Rio de Janeiro, taxistas da cidade e de São Paulo interditaram várias vias ao longo do dia. A categoria, que teme perder clientes, questiona a legalidade do serviço que conecta motoristas autônomos e usuários de transporte. Em Belo Horizonte, os motoristas de táxi amarraram uma fita preta nos carros em um ato contra a “omissão” do poder público com relação a utilização do aplicativo na capital mineira. Segundo o presidente da Associação de Assistência ao Motorista de Táxi do Brasil, André de Oliveira, o serviço ofertado pelo Uber é clandestino e burla a legislação do transporte. Um dos organizadores do protesto, ele defendeu que “atualmente, dezenas de taxistas auxiliares aguardam em uma espécie de fila para se tornarem taxistas proprietários, e serviços como o Uber estão burlando isso”. Para um dos diretores da empresa, Fábio Sabba, o Uber não pode ser chamado de táxi, mas sim de um novo modelo de tecnologia. “Quando a gente fala de Uber, a gente não fala de táxi, a gente está falando de um novo sistema que não existia até poucos anos atrás. Então, pensar em encaixar o Uber na legislação é mais ou menos a mesma coisa que você tentar comparar Netflix e TV. São dois serviços distintos”, afirmou em entrevista ao G1. A polêmica, no entanto, já motivou a criação de leis que proíbem a operação em São Paulo e no Distrito Federal. O aplicativo respondeu aos protestos de ontem oferecendo corridas gratuitas entre as 7h e as 19h, com valor correspondente limitado a R$ 50. A mesma ação foi promovida em Belo Horizonte, na semana passada, onde das 11h às 18h, horário da “promoção”, o sistema ficou congestionado, não apenas na opção corrida grátis, mas também nas viagens comuns. Em São Paulo e Brasília, o Uber distribuiu picolés. “Queremos promover o debate, fazer mais pessoas conhecerem o serviço e mostrar que somos uma alternativa de transporte na cidade”, ressaltou Sabba.
Funcionamento – Disponível em 58 países, o Uber foi lançado há cinco anos nos Estados Unidos e só chegou ao Brasil no mês de maio, quando iniciou suas operações no Rio de Janeiro. Para utilizar, o passageiro se cadastra no aplicativo ou pelo site, informando dados de cartão de crédito ou de uma conta PayPal. A partir daí, basta informar onde está e pedir o carro. O motorista deve ter uma carteira profissional e um carro considerado “de luxo”, lançado no máximo em 2009. Ele também precisa ter seguro do automóvel e seguro para o passageiro, além de não ter antecedentes criminais. Os motoristas cadastrados no Uber utilizam carros particulares, portanto, não contam com isenção de impostos como IPI, benefício oferecido aos taxistas.
Inimigo mundial – Presente em 150 cidades de 41 países, o Uber coleciona desafetos em diferentes partes do mundo. Também foram registrados protestos contra o aplicativo em Londres, Paris, Berlim, Barcelona, Madri, Milão e Taipei, Bruxelas, Seul, Xangai, além de nos estados de Victoria (Austrália) e Virginia (Estados Unidos). Na América Latina, a Cidade do México foi a primeira a regulamentar o Uber. Até agora, nenhuma cidade brasileira demonstrou interesse na legalização. Segundo o secretário de Tranportes do Rio, Rafael Picciani, o Uber viola uma lei federal, que regulamenta o transporte de passageiros com o uso do taxímetro, e também o direito dos taxistas, que pagam uma série de encargos. “Enquanto a Justiça não se pronunciar sobre a empresa, a prefeitura não vai aceitá-la. Vamos pedir à Justiça que proíba esses aplicativos”.
Aplicativo não tem motoristas operando em Salvador – O Uber ainda não tem motoristas cadastrados em Salvador, mas se depender dos taxistas que rodam pela capital e do poder público, o aplicativo também não será bem-vindo. “É a publicidade do transporte clandestino. É uma afronta à normatização estadual e municipal”, afirma o secretário de Urbanismo e Transportes, Fábio Mota. “Não será regulamentado aqui e nós tomaremos as atitudes cabíveis para que o Uber não opere na nossa cidade”, completa Mota. A frota de Salvador é composta atualmente por 6.996 táxis. Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas na Bahia (Sinditáxi), Carlos Augusto, os taxistas baianos estão apoiando as manifestações por todo país. “Estamos colaborando com o movimento e se o Uber chegar aqui, iremos combatê-lo”. As empresas que operam frotas de táxi acreditam que o aplicativo irá aumentar a cladestinidade no negócio ao operar sem a necessidade de licenciamento. “O Uber prejudica toda a categoria de taxistas. A tecnologia tem que facilitar a vida das pessoas e não fomentar a ilegalidade”, assegura o diretor da Bahia Táxi, Israel Silva.

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