Política

"Alan Sanches será o candidato do PSD em Salvador", afirma Otto Alencar

67193– Como o senhor avalia o começo de governo de Rui Costa (PT) e qual a principal diferença dele para o ex-governador Jaques Wagner?
Otto Alencar – É um governo de continuidade. Eu tenho absoluta convicção de que o governador vai fazer um bom trabalho. É um homem competente, vai dar seguimento às obras que foram iniciadas por Wagner, que não foram concluídas.  Tem obras importantes no Estado e Rui irá a Brasília na busca de tocar a conclusão da Ferrovia Oeste Leste, dar seguimento ao programa Luz para Todos, as rodovias…  Na segurança pública também esta trabalhando intensamente e vai agora ainda neste mês lançar, segundo me disse, em Porto Seguro, o serviço de água em Vera Cruz. Vai lançar ainda o Pacto pela Educação, prioridade do seu governo, e também vai investir na área de saúde e na área social. Acredito que ele está correspondendo à expectativa da população.
 – Como vê as críticas da oposição de que o governo Rui começou dando mais peso à política do que à gestão?
Otto – Não vejo dessa forma não. A oposição sempre avalia na ótica da oposição, e temos que respeitar. Mas acima de tudo temos que respeitar a vontade popular, e é a esta população que Rui tem que dar satisfação, que acreditou no seu plano de governo. Ele será um governador trabalhador e acima de tudo vai trabalhar com ética e com honra dentro dos princípios que sempre pautou a vida dele como vereador, secretário e como deputado federal.
 – Quais serão os dois maiores desafios do governo para 2015?
Otto – Primeiro, as três áreas sociais: segurança pública, educação e saúde. São áreas que a maioria da população precisa do serviço de qualidade do Estado. Este é o grande desafio de todos que governaram a Bahia: buscar otimizar a aplicação dos recursos e dar a assistência que  a população precisa e merece. Na segurança pública, foi anunciado que serão chamados novos policiais militares e civis, Rui está acompanhando de perto isso. A educação, tenho certeza, ele já visitou várias escolas. Na área de saúde também vai, sem dúvida, melhorar o atendimento à população. A Bahia tem uma população que depende muito do SUS, e estes são os grandes desafios.
 – Como enxerga a divisão por cargos no governo Rui? O PSD foi contemplado de acordo com o seu tamanho e apoio?
Otto – Não foi por aí. O PSD é o segundo maior partido do Estado, com oito deputados estaduais e cinco federais. Primeiro PT, segundo o PSD. Conversei com Rui, os nomes foram apresentados e ele escolheu dentro da secretaria de Infraestrutura a manutenção dos que estavam lá. A secretaria teve os mesmos quadros. Na Agerba também, o Derba foi extinto, mas será criada a Superintendência e vamos ocupar esses cargos… é um governo de continuidade, muda muito pouco. O governo é único e tem que atender a população e o grupo político que o sustenta.  A oposição, certa vez, fez uma crítica ao governador Wagner de que ele não fez nenhum ministro nos quatro anos da Dilma. Eu não vejo nenhum estado do Brasil que tenha recebido mais recursos do que a Bahia no governo Wagner. Mobilidade urbana, metrô, as avenidas da Paralela, a 29 de Março, a Pinto de Aguiar, a Via Expressa, os programas Luz para Todos, Água para Todos, ferrovia, estradas, parques eólicos. Ele trouxe recursos porque o governo da presidente Dilma não deve ser um governo de ministérios pontuais para atender partidos. Eu fui secretário para atender ao governo, às pessoas, e não ao partido. Tanto é que, sem nunca ir na Assembleia pedir nada a deputado, fui eleito duas vezes seguidas o melhor secretário do governo. Se eu fosse secretário do PSD teria terminado minha gestão pequeno, miúdo, sem visão de estado. Então, qualquer secretário de Saúde, ou de Educação e Segurança Pública tem que entender o governo como um todo e o povo como um todo. Não vejo dessa forma, de ter que pegar cinco, seis secretarias, de forma nenhuma.
 – Ainda espera por mais espaço?
Otto – Essas coisas do espaço já foram definidas. Não tenho pressa, os deputados não têm pressa. Eu tenho dito a eles que nós construímos um governo e tivemos um governador eleito com nosso apoio, e todas as secretarias vão trabalhar. Uma secretaria, porque está na mão de um partido, não pode ser nicho de poder de um partido. Não pode ser grupista e setorial. Tem que ser amplo, ver e fazer política de governo. Só dá certo assim.
 – E quanto à insatisfação já declarada de alguns pessedistas e a ameaça de rebelião na Assembleia? O senhor vai intervir?
Otto – Do PSD não conheço nenhum caso desses. Nunca me falaram sobre isso. Nenhum deputado do PSD me falou de insatisfação não. Até agora não. Não existe isso. O PSD foi pra eleição e nós tivemos dentro do partido duas ou três figuras importantes que não foram eleitas. Mas a maioria foi contemplada com a reeleição. Sete foram reeleitos. Tem que olhar para trás e ter calma e paciência e saber que o governo foi positivo para eleger essas pessoas. Então, existe aí um crédito do grupo, inclusive, crédito meu com eles, de que os ajudei intensamente, e nenhum deles até agora veio se queixar comigo de que estavam insatisfeitos com o governo, até porque se vierem, vou aconselhar a não fazer isso. Nós apostamos no projeto.
 – E em 2016, a sigla terá candidato em Salvador? Quem será o nome forte? 
Otto – O candidato do PSD é o Alan Sanches. E tem todas as condições de disputar. Tem sido bem votado em Salvador. Um deputado estadual ter em Salvador cerca de 30 mil votos é muito importante, ainda mais diante da concorrência. Alan já foi presidente da Câmara, foi vereador, deputado duas vezes bem votado em Salvador. É um nome capaz, de trabalho, de luta, e acho que ele tem condições sim de ter densidade eleitoral para disputar as eleições em 2016. O governador Rui Costa é um político que tem consciência de que a base dele é ampla e qualquer partido da base tem pleno direito de lançar candidato em Salvador, assim como tem direito de lançar em outras cidades. Claro que vamos conversar na época própria, e definir as alianças da melhor maneira para o grupo. Eu não falo em eleição pensando só naquilo que é do meu interesse ou do PSD. Nós ganhamos com um grupo. Política é grupo e não transformar os interesses coletivos em interesses pessoais. Eu trabalho assim, trabalho para o time. Tem que ter sentido de corpo e de grupo pra defender. Agora, o Alan é o nome do PSD pra ser avaliado e se ele desejar, e confirmar, será candidato a prefeito.
  – Seu nome é ventilado. Tem alguma chance?
Otto – Eu não tenho tradição de deixar no meio do caminho nenhum compromisso que eu faço. Jamais serei candidato a prefeito de Salvador. Não há a menor chance. Eu me propus a ser senador, e lutar pela reforma política, reforma do Código Penal, uma série de projetos,  inclusive lutar pelo problema grave que vem me chamando a atenção que é a questão do Rio São Francisco. Estas serão as minhas prioridades. Eu, inclusive, estou fazendo uma campanha: “Salve o Velho Chico”, pois se não houver ação imediata do Governo Federal através da Codevasf, daqui a 30 anos o rio vai ser apenas um caminho de areia, e aí adeus irrigação, abastecimento de água, hidrelétricas e geração de energia. O rio esta morrendo numa velocidade inimaginável. Já chamei atenção do governo federal e vou fazer essa campanha pela revitalização do rio. Esta e uma questão grave que chamou a atenção do Brasil porque faltou água em São Paulo, faltou água no Rio, em Belo Horizonte. E o nordeste brasileiro depende do bem mais precioso que a natureza deixou para ele, que é o Rio São Francisco.
 – Foi um erro do governo federal insistir na transposição do São Francisco?
Otto – Não, não foi um erro …  O que é preciso ver agora é que a transposição não vai existir se não houver revitalização. E a revitalização foi iniciada, tem obras em andamento e precisam ser concluídas. A revitalização significa recuperação das nascentes, dos afluentes, com dragagens, e das matas ciliares. Significa fazer o esgotamento sanitário das comunidades e cidades ribeirinhas. O rio recebe muitos sedimentos de esgoto de Minas até a sua foz, em Sergipe. Tenho relatórios, inclusive internacionais… O rio é tão importante que um organismo internacional dos Estados Unidos fez um levantamento sobre a gravidade do problema e passou para a Codevasf. Se o rio não for revitalizado, daqui a 30 anos será apenas uma lembrança e um retrato na parede. É uma situação gravíssima para a Bahia e para o Nordeste. Para se ter uma ideia, as hidrelétricas do São Francisco, Paulo Afonso (1, 2 e 3), Sobradinho, Itaparica, Xingó, em plena calha podem gerar até próximo de 8 mil megawatts hora de energia. Agora na crise, está produzindo apenas 30% disso. A Barragem de Sobradinho, que tinha expectativa, agora em fevereiro, de ter 40% de sua capacidade, está com 18%. Se não tivermos chuva agora em março, a crise energética pode ser grande e as empresas que estão à margem do rio fazendo irrigação vão ter que parar de fazer irrigação. A prioridade é o abastecimento humano.
 – O que esperar do governo Dilma? Cenário de crise tende a piorar?
Otto – Eu confio plenamente na presidente Dilma, apoiei ela em 2010 e em 2014. É um cenário de crise como outros presidentes tiveram. Fernando Henrique teve três vezes cenário de crise, quebrou o Brasil três vezes, deixou o Brasil quebrado para Lula, com uma inflação de 12%, o dólar em 3,94 frente ao real, deixou o desemprego acima de 13%, as reservas brasileiras aquém da necessidade. Hoje com a globalização tem a crise internacional.  Se a Grécia está quebrando, o Brasil é afetado,  a crise do euro afetou a Dilma, e acredito que ela vai dar a volta por cima e honrar com os compromissos do povo brasileiro.
 – Muito foi falado pela presidente Dilma na campanha que, na prática, tem acontecido de forma diferente. Houve estelionato eleitoral?
Otto – Não, não houve. Ela (Dilma) mandou para o congresso um projeto de ajuste na área da previdência social, está negociando com as centrais sindicais, algumas coisas serão viáveis, outras não serão. Isso é uma coisa que está sendo negociada. Ela vai ouvir as centrais sindicais para resolver a questão.
 – O nome de Jaques Wagner foi ventilado como possível candidato à Presidência da República. Como vê essa possibilidade, é real?
Otto – Acho real, ele tem todas as condições de ser presidente do Brasil. Foi durante oito anos um governador bom, tanto é que juiz de política é o povo. Foi julgado na primeira vez em 2006, ganhou no primeiro turno; em 2010, ganhou no primeiro turno. E agora em 2014, fez seu sucessor. Então ele tem todas as condições pra ser presidente, é um bom nome, tem experiência, conhece o Brasil, tem densidade eleitoral, é um nome sempre lembrado. Já Lula, claro, dentro do PT é o nome mais forte, depois dele é o de Jaques Wagner, não tenho a menor dúvida. Ficaria feliz de apoiá-lo, eu e meu partido.
 – O senhor acredita que o PL vá ser criado e usado como nova porta de fuga para os políticos?
Otto – Olha, o PL está sendo tocado no Brasil pelo Cleovan, um político de Goiás. Aqui na Bahia, eu não estou à frente do partido, Nilo que está fazendo isso, e o ex-deputado Clovis Ferraz. Eu não sou contra a criação de partidos, sou contra o partido existir sem densidade eleitoral. Sou a favor da cláusula de barreira, para que o partido sendo criado, se não tiver representação nas Câmaras, na Assembleias, no Congresso, na prefeitura e no governo do Estado, ele passe a não existir. Está dentro da lei criar o PL, não estou envolvido, mas não sou contra.
 – Muito se fala na necessidade de colocar em prática uma reforma tributária e política no país. O senhor acha que o governo vai perder mais uma vez a oportunidade de implementar essas mudanças?
Otto – Olha, a reforma tributária acho difícil este ano. Mas, a reforma política, tenho absoluta certeza que será votada no Congresso e aprovada este ano. Tanto na Câmara como  no Senado é consenso de que o Brasil não vai mais suportar eleições de dois em dois anos. Tem que unificar as eleições, e isso está muito claro entre os congressistas com quem converso. Tem que fazer coincidir as eleições de vereador à presidente da República. Tem que instituir o voto distrital misto, o voto facultativo também.  Acho que numa democracia tem que ter voto facultativo, o eleitor não tem que ser obrigado a ir votar. Outra coisa que vejo como um consenso e que também é bem provável que vá se extinguir, as coligações, não permitir as coligações proporcionais, e concordo também. Eu não sou contra criar partidos, sou contra o presidente do partido ficar com classificador debaixo do braço vendendo a sigla aqui ou ali. Acho que este ano a reforma política deve sair e deve-se acabar também com a reeleição. Claro que não se deve ferir na lei os direitos adquiridos. Os prefeitos que foram reeleitos, os governadores, terão condição à última reeleição. A lei não pode retroagir para prejudicar. Quem se elegeu agora com perspectiva de reeleição terá direito à ultima reeleição. No caso da presidente Dilma não vai ser candidata à reeleição, o próximo presidente da República não terá direito à reeleição.
  – O que a população da Bahia pode esperar de Otto Alencar agora no Senado?
 
Otto – Na minha história de vida política, que sempre foi de muito compromisso e trabalho, recebo o mandato de senador como uma missão a ser executada com a assiduidade no trabalho, permanência no Senado, acompanhando todo o trabalho, buscando ajudar nas reformas, lutar pela reforma tributária, melhoria da saúde, defesa do Rio São Francisco, reforma do Código Penal. Tenho já dez emendas que vou formular a reforma do Código Penal, inclusive a que não favorece com a maioridade penal os crimes hediondos, acabando também com a diminuição da metade das penas para os crimes de pessoas de 18 a 21 anos, endurecendo a pena com o criminoso e acabando com essas regalias todas que aquele que comete crime tem no Código Penal atual, que é uma aberração em minha opinião. (Infosaj)

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