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Neta que se isolou para cuidar da avó com Covid-19 morre dias após a idosa

A estudante de pedagogia Luana de Oliveira, de 35 anos, se isolou com a avó que estava com Covid-19 e acabou morrendo dias depois da idosa, após também se contaminar com o novo coronavírus. Moradora de Guarujá, no litoral de São Paulo, a neta cuidava de Izabel Edimunda Bento de Oliveira, de 83, desde quando ela apresentou suspeita da doença.

Em entrevista nesta quinta-feira (9), o irmão de Luana, Lucas Felipe de Oliveira, de 37 anos, conta que as mortes aconteceram em um intervalo de 13 dias. As duas moravam na comunidade Prainha Branca, que fica distante do Centro da cidade. Segundo o irmão, Luana tinha problemas de saúde, mas mesmo assim decidiu se sacrificar para ficar com a avó. “A Luana tinha problemas de bronquite e asma. Ela sabia dos riscos, mas se entregou de corpo e alma para cuidar da minha avó”, explica Lucas.

Ele conta que, com os primeiros casos de Covid-19 registrados na região, Dona Izabel, como era conhecida a avó na comunidade, ficou isolada na residência onde morava. Lucas explica que ela era uma das moradoras mais antigas da Prainha, querida por todos os vizinhos. Ela mantinha uma rotina fixa de idas à igreja e visitas à casa de familiares, mas com a chegada do novo coronavírus, ficou isolada em casa, junto com o irmão de 62 anos.

“Meu tio não acreditava muito, imaginava estar distante. Os filhos adotaram a medida de distanciamento e ficaram em suas casas. Não sabemos como foi, se foi em alguma visita ou na saída do meu tio, de qualquer forma, minha avó foi contaminada enquanto mantinha o isolamento”, explica. Nos primeiros sintomas, a irmã Luana se prontificou a cuidar da idosa. Ela e outra irmã acompanharam a idosa na ida ao hospital, e enquanto aguardavam o exame da avó ficar pronto, se isolaram em uma pensão para continuar tendo todos os cuidados com Dona Izabel. “Na tomografia, viram que o nível de acometimento no pulmão não era tão alto, e ela não precisaria de internação, estava aparentemente bem. Poucos dias depois, minha avó foi internada na parte da tarde, e em torno das 21h do dia 23 de junho, faleceu”, conta abalado o neto.

A família e a comunidade ficaram abaladas com a morte de Dona Izabel e, já durante o sepultamento, Luana apresentou os primeiros sintomas da doença. A estudante decidiu fazer o exame, que deu positivo para Covid-19. Sem grande acometimento, como explicou o irmão, ela ficou em isolamento domiciliar, mas depois de dois dias precisou ser internada. “Ela tinha um filho de seis anos, com traços de autismo, e o marido, que ficaram longe nesse período. Quando ela ficou no hospital, na cidade de Bertioga, que fica mais próxima da comunidade, tinha um boletim por dia. Soubemos que ela foi para a UTI só quando ela já estava entubada, e ela morreu depois disso”, conta o irmão. Luana morreu no dia 6 de julho, dias depois da avó. “Minha avó era bem querida por todos, uma pessoa serena, tranquila e uma das mais velhas da comunidade. Minha irmã sempre foi sonhadora, surfava, morou fora, começou um projeto ambiental para crianças de lá. Ela deixou alguns marcos na comunidade. Vão fazer falta”, diz. O irmão lamentou a situação e disse que o hospital não foi totalmente transparente no tratamento de Luana. Ele explica que a avó foi liberada sem tomografia e que não houve aviso de que a irmã iria para a UTI. Lucas também alega que houve demora na ida da irmã para o hospital. // TV Tribuna.

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